
"Deus não é um conceito muito filosófico, é este mundo visto através dos olhos de uma criança" (OSHO)
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
Saudações

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
Auroras Boreais

Gostava de poder acordar
A cada manhã
E falar-te de luas novas
Que nasceram
Durante a noite
Para que o teu renascer
Fosse leve como a brisa
E o teu despertar
Auroras boreais
Nascidas no meu olhar
Simples e concreto
Como um sonho
De onde saí ainda agora
Quando abri os olhos
E te vi aí sentado
À espera de novos horizontes
Num olhar novo
Sentir leve
Ode

vadia é a noite
sem caminho
nem assento
a sapiência
é a medida exacta
que desvanece a fé
a matriz
cruza-se
no infinito
sem crença
angustia-me
não ver
não ouvir
não sentir
não distinguir
o emergir
esventrado
num corpo
assusta-me o silêncio
o pensamento sufoca-me
molesta-me esse
som perturbador
apartada é a alma
que não ouve a ode
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Se eu fosse só eu

*
Das cavernas
*
A cair-te do alto
»
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Eras

O tempo escorre
Como o leito
De um rio
Corre para a foz
Indefinição
Que mede
Um espaço
e
Fraco espírito pedinte
A passar pela
Nova Era
Na espera
Refinado lugar das águas
Atroz
Veloz
Perdido
Sem voz
A finar-se
Dos detritos
Graníticos da serra
Que já não ouve
O uivo do vento
Nem o sente
Senhor
e
Rei
O tempo
É cicatriz
Em ardósia protectora
De um telhado tosco
Assente em barrotes
De madeira de lei
Feito
Ou contrafeito
Movimento interno
Alimentando o tempo
Da mudança
Cravado
Estancado
Nos medos grotescos
Nos feitos gigantescos
De todos os tempos
Que eu simplesmente
Não guardei
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
Nevoeiro

O ruído é um surto
Mas as vozes abafadas
Na densa neblina
Trazem a misteriosa manhã
A esta cidade ensandecida
Onde os corpos
Se afogam
E rogam
Por mais uma noite muda
Nas avenidas mortificadas
Onde as gentes se perdem
E os amores se consomem
É esta a forma exacta
De um dia que chega
E com ela ainda a noite
Calada e sufocada
Parafraseando o medo
Em frases curtas
A alma não respira
Nem inspira
Os silêncios guardados
Numa manhã fria
Essa lâmina
A cortar o pensamento
Em bocados
Será mulher de antes
De agora
Ou será antes
Uma para depois
Do último adeus
Quando a noite cair
E o nevoeiro partir ?
terça-feira, 29 de novembro de 2011
Pensamento Invulgar
Um acontecimento vibra como vibram todos
Os pensamentos que saem do seu devido lugar
Pressinto que já fui uma coisa qualquer
Nem que seja só um pensamento
Sobre algo indefinido a viajar
No espaço ocupado por todas
As células desorganizadas
Na elaboração de uma catedral imensa
Onde se guardam todos os santos
E todas cruzes da santa fé
Fé em mim, que me pressinto e sinto
Enquanto as pedras tumulares caem
E os altares se retraem
Na reconstrução de novos horizontes
Aos mais incrédulos
Em série, vão os pensamentos
Sendo uns e outros
Uma coisa a sobrepor-se a outra coisa
Vulgarizando e destruindo
Todas as coisas
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Vão-se os Modos, Esvai-se o Tempo
A sacudir as correntes mornas do rio
Rodopiando num frenesi inovador
É a mestria do vento
Usurpador do sol
E libertador de todas as forças estranhas
Em cada alvoroço da noite
Aguarda-se pelo rejuvenescer dos montes
Em cada amanhecer dos pinheiros
Enquanto as pinhas se soltam desregradas
E em queda livre
Apaziguada pelo tinir fresco da brisa matutina
A embaciar as vidraças ainda fechadas
Das casas dos romeiros
E dos pregoeiros
E até dos lamaceiros
As horas acasalaram já com os segundos
E os relógios não sabem quando é a hora
De rodar os ponteiros
Neste ermo coberto de musgo
Pela humidade crescente
E assente em cada morro esburacado
Vão-se todos de uma vez
Mas ficam as marcas
De uma lufada de ar fresco, talvez
A suavizar os gestos
Que de enxada na mão
Arremessam nas tumbas dos mais sacrificados
Com golpe de mestre
Os acervos
Mutilando os servos
E os almocreves, da dita plebe
Ainda sem motivação para rezar
Unificando os tempos das ditas temperanças
Vão-se os modos
Esvai-se o tempo em que se entrelaçavam
As contas do rosário
Na dureza da carne
Que enchia os dedos todos de uma só vez
Vai-se o tempo em que se castigava o chão
Com pegadas do homem a caminhar descalço
Com desembaraço
Mas esgaço
Eu em Ti
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
Dor
Rosto cálido
Mas deformado
Pelas agruras
Dum tempo
Sem tempo
Face nua
Marcada
No espelho
Pelo infortúnio
Cicatrizada
Pela corrente
De uma lágrima
De esperança
(Tempo
Dá-me tempos
De incenso)
Alvura da montanha
Mágica, peregrina
Do seu tempo
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Acordar da Manhã

Inconsciente mas ciente
É o tempo
Em que se abrirão as portas do futuro
(Varre-se-me da memória o espaço sagrado)
Descrente…mente
Porque não sente
Negligente… consente
Mas não se sabe gente
Vagabunda…esvai-se em pó
Visionária do mundo
E crematória de um espaço nu
Santificado lugar onde a alma repousa
E nunca fica só
Selados os passos mas desnorteados pela estrada
Sortilégios são esses momentos cárceres
Nos horizontes perdidos dos meus olhos
Por todas as horas passadas
E por todos os dias transformados
Em mediáticas figuras
Sombras de um mundo
Configurações obtusas à roda do imaginar fortuito
A remendar o sonho
(Fragmentos transformados em fantasias reais)
Esse descuido meu
Que me persegue enquanto cega
Por corredores sombrios
Esse nevoeiro a atafulhar o silêncio que me circunda
Essa consciência acabrunhada
Por não saber de criteriosos saberes
Esse caminho onde me principio que desconheço
É onde me leva ao encontro do latejar
De todas as partes densas do meu corpo
Realidade presente a encher bolhas de ar
No longínquo espaço
Sumindo-se na atmosfera consistente
Onde o pensar é improviso e enganador
O nevoeiro cai
O dia renega a noite
A mente aconchega-se e reparte a sua parte
A névoa que se esvai
Enquanto o corpo sustenta as novas partículas
Com o sempre novo
Acordar da manhã
Extraviados

Lembro do tempo em que parti
Das ausências e das presenças
Das semelhanças dos rostos mediáticos
Dos farrapos vestindo a magreza ainda acesa
Por todos os donos do chão que eu pisava
(Magros os gestos no amanho
Da imensa e colorida terra firme
Acusada de desleixo
Pelo abandono dos seus antepassados)
Estranha forma essa que a sustenta
Alma errante num espaço inócuo
A fome alimentava-se no seu corpo
Etéreo círculo consumido pelo fogo
São braços que se erguem
Em nome de ideais esquecidos
Mas lembrados por todos
Os entes queridos que tombaram
No mesmo espaço
Ocupado que foi, mas desertor
Na copa de uma árvore que fita o céu
E arranha o ar com os galhos já secos
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
A poesia de AnaMar

(não a cabeça)
mas o cabelo que cai sem ser Outono
chuva em meadas de fios (a)dourados pelo tempo
que os teus dedos já não penteiam
em suaves sobressaltos embaraçados pelo vento
cabelos livres
cabelos lisos, tão lisos
searas de trigo amadurecidas pelo teu beijo (a)guardado
rios de luz que o sol reflecte
águas revoltas no amar de corpos
cabelos meus e teus em toques de almas
cabelos que se perdem no tempo
em que as carícias
escasseiam
escorregam
pelos cabelos alinhados
finos
ralos
penteio-me no outro lado do espelho
onde
permanecem inquebráveis
os cabelos
com que te revolvo os dedos
as mãos
o olhar
o corpo até ao coração.
Sorrio aos fios dourados
com que teço gestos
de sim (n)em não.
O livro esperado (de AnaMar)
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Mar adentro

Enquanto espero pela recaída do meu corpo
Vou caindo nos teus braços
Deixando que m’embales nesse mar que é teu
E me leves a viajar rumo a novas descobertas
Já nada impede este meu canto
Enquanto musa adentro do mar alto
Sabendo de todas as viagens consentidas
Mas não sentidas
Num corpo que esmorece
Enquanto a lua não acontece
Também ela nos meus braços
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Sendo Livre o Sonho

A ave que se esgueira pelo telhado
Em busca de alguns pingos de chuva
Que restaram da noite
Mata a sede e remedeia o seu corpo frágil
Para início de mais um pico migratório
Mistérios guardados debaixo das suas asas
Até à próxima estação
E eu aqui a tentar descodificar um som
Que se ouve agora no alçapão
Será um sonho? Uma visão?
Ou simplesmente uma ave
A tentar assimilar todas as formas
De como saber voar ?
Sendo livre o sonho, sonha quem quer
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
Periferias
Nessa periferia
Do ir e voltar
Um jeito multiforme
Sabedor das formas
Humanizando e retratando
Numa rotação única
Mas contida
Nas fases da lua
Esse Universo das cores
Hemisfério alegórico
Onde mestre, se é
Ou simplesmente alma
Em busca da província
Das mil cores
Como é bom conhecer-te
Alegria por seres vida
A recriar novos modos
Olhares eruditos
Explícitos na unicidade do Ser
Essa certeza que tens
Esse dom que reténs
Na pedra talhada
Pelas tuas mãos
Quando de lá
Se soltam os sons
De outros tempos medievais
Como é bom sentir-te
O epicentro da tua vontade
Um querer profundo
A emergir do centro
Onde nasceu um dom
A abrir novos portais
Dos templos ancestrais
Esse movimento interno
A devorar as trevas
Dum saber externo
Simulacros, artefactos
Estética e ética
Melodias em serigrafias
Desejos a crescer nas furnas
Quando ainda há telas em branco
Nas pupilas dos meus olhos
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
Gaivota
Em transe
Ao centro de uma ara, jaz um corpo sem rumo:
sofrido, esquelético, de tez corroída por canais de um tempo sem fim
Nos seus sonhos voam anjos em espirais, montados nos seus unicórnios alados
O céu é de um tom anil e enternecedor – mortalha que o limpará de todos os males do mundo.
Desperta-o uma dor lancinante
O seu coração trespassado por uma seta com ponta de diamante e resplandecente inundando as cores do arco-íris.
Em transe, ergue-se o seu corpo e ouve-se a sua voz:
- Também sou pó
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
O lugar dos eleitos
Existe o lugar dos eleitos, onde te coloco e te elejo o sabedor de todas as minhas formas obscuras e sem sentido, de todo o meu jeito que te arrasa enquanto ser. Todos os outros se sentaram ao meu lado e não me souberam sentir nem me souberam mostrar o seu jeito e que por forças adversas não se conseguiram reerguer, tentando levar-me para um espaço que tento abandonar há muito - o lugar dos mortos.
Existe agora um novo ser, um ser que tem medo até de ser, pelo que sentiu e viveu no lugar dos eleitos. Saberão eles continuar o caminho e dizerem-se mestres de todas as formas que lhe foram dadas e relatadas até ao mais ínfimo pormenor? Saberão eles que o meu lugar foi só um espaço ocupado por todas as formas que se diziam disformes, para que se pudessem desenterrar todos os pontos negros que se foram amontoando até à conclusão de um processo que se diz agora morto mas que ainda não foi liberto para se poder processar de novo?
Existe sim o medo, um calafrio na espinha, um desmembrar de um corpo que se remete de novo ao isolamento, enquanto a alma parte em busca de todos os seres e quer encontrar o teu lado lunar, o espaço onde guardas todas as memórias de uma vida que se quis mostrar, que se quis sentar a teu lado para que lhe desses novas formas. Este será sempre um modo único de ser um ser em movimento, enquanto a lua se movimenta para dar nova luz à noite que me acolhe, enquanto não chegas.
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Aspe(n)

Aspen ,fonte de pureza
Porque me deixas morrer
Cingida num humilde pano de linho
Envolto em ti
Palrando como criança de berço inocente
Que só quer Amor?
Aspen quero acreditar!
Porque me deixas em sofrimento
Agonizante e solitária
Esforço pleno de dor
Para acreditar em ti?
Este corpo empobrecido
Semi-despido
Apodrecendo
Transformando-se
Na aridez da mente
Seco, ressequido
Toscamente se destruindo
Num deserto de cinzas
Aspen, acende uma vela!
Mostra-me o caminho
Perdi-me nas trevas
Da impunidade
Nos desígnios
Do egoísmo
Autoritarismo mesquinho
Vil e satânico
Aspen preciso acreditar!
Preciso da tua força
Para que nos unifiquemos
E sejamos UNUN
Ser Um ser
Um ser pequeno e medonho
Ser um ser
Náufrago num mar qualquer
Revolta-me ser um ser
Um ser racional, racionalizando tudo
Quando o outro, o irracional resolve irromper
E até me dizer:
- Tu que me trais e me deixas louco e me trazes dor
Deixa-me num lugar qualquer
Onde os corvos também têm voz
Revolta-me rebolar nas palavras todas
Ser só uma voz que fala de todos os seres que rasgam os céus
(As escritas, as inscritas, as malditas, as paridas, as nascidas num pomar qualquer)
Alienados são todos os frutos que saciam a fome de todos os corvo
Essses loucos varridos dos céus, excomungados por um deus menor
Deusa sou eu em todos os quadrantes do meu universo
Este universo que me tem, enquanto Deus não me sabe
Ele não me conhece, porque povoam os céus, todos os corvos
Enquanto não se projectam em queda livre
Para se ajoelharem no chão
Essa fome negra que os conduz ao ventre de um deus qualquer
Deus não sabe que os voos dos corvos semeiam prantos
E deixam caídas no chão, as sementes para o último dos banquetes
Que venha então para o banquete final…
Deusa sou eu!
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
Mar Nostrum

Mar de todas as cores
Mar calmo
Agitado
Amigo
Tenebroso
Mar que me habita
Ondas que s’ enrolam
E formam
Castelos de espuma branca
Da cor da tua pele
Ondas de um mar
Que vêm e vão
M’ envolvem
Nos teus braços
Feitos mantas de lã
Quentes
Reconfortantes
Meigas
Carinhosas
Palpitantes
e
Ofegantes
Mar que m’ abraça
M’enlaça
Nas suas marés calmas
E deambulantes
Mar que m’ afoga
Me mata com seus beijos
Gritos de dor
Fonte da minha energia
Mar do mundo
Mar Nostrum
Mar...
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
Ocaso

Terra que me deste o ser
Que m’elevas
Ao pico da minha existência
Que me dás tudo
E me tiras
Terra que te destruo
E consegues te reerguer
O quanto te magoo-o
Destruindo-te
E és corajosa
e
Sábia
Terra que consegues
Renascer das cinzas
Da mesquinhez
De seres porosos
Que te renovas
E m' inovas
E me vais transformando
Do teu jeito
Terra eu te liberto
Porque és
Sincera
Robusta
Misteriosa
Leal
e
Bela
Terra que um dia me levarás
A passear junto das estrelas
Perdoa !
terça-feira, 25 de outubro de 2011
Enquanto os grilos cantam nos jardins

os gestos
as cores
os cheiros
as formas
as caricaturas
os mediatismos
os formalismos
e todos os vocábulos que existem para as diferenciar umas das outras
se muitas delas me apresentam silhuetas vazias
a rodopiar num frenesi encapotado
de grinaldas de várias cores?
(Um céu sem cor
a encher-me de todo os predicados
e eu nem sei como ordená-los um a um…
Talvez seja a forma única a encher num frasco de vidro
e transformá-lo em forma de lente de aumento)
De que adianta servir-me delas, para te dizer quem sou
de onde vim ou para onde quero ir
se nem eu sei…nem eu sei como acabar-me no meio delas
Não, não sei que faço com elas, quando se apresentam carregadas de dor
Não, não sei que faço com elas, as palavras soltas a encherem um mar de sonhos
Essa ilusão a criar efeitos especiais parafraseando os momentos de cada cor
ou dando nova cor e movimento a cada palavra
Essa loucura que se colhe logo pela manhã
enquanto os pássaros cantam nas copas das árvores uma canção
a embalar os sentidos todos
Não, não sei como me apresentar a elas
pois se nem elas entendem este meu jeito atarefado
logo pela manhã
Prefiro a noite
a noite que me aconselha enquanto os grilos cantam nos jardins
e a minha voz se remete ao silêncio
aquele silêncio que me acusa de não passar de “fala barato”
uma coisa a adornar outra coisa
Será um dado adquirido
este que me diz que a noite é um composto de todas as palavras
que absorvo durante o dia
para as transformar em sonhos
sonhos a camuflar as cores de um dia…um dia perdido
Odor das Palavras
Odor das Palavras
Se todas as palavras nos amaciassem a dor com aquele aroma que as caracteriza, enquanto palavras sentidas, aquele sentido único a domar todos os sentidos e a admoestar todas as vicissitudes que nos levam por vezes a sair de órbita, todos os silêncios teriam a paz que os nossos sentidos merecem. No entanto, há palavras que são ruídos a mais para os meus ouvidos, e há silêncios que trazem com eles todas as palavras sentidas e amadurecidas pelo tempo (…)
- Quero que todas elas me digam a verdade e não me sigam a vontade.
- Quero que todas elas me saciam esta minha vontade de viajar por elas e com elas por todos sentidos únicos.
- Quero-as assim frescas como a água que bebo pela manhã - este liquido transparente a limpar-me os pontos negros pelas poeiras acumuladas ao longo do dia e são nada mais do que sombras a vaguear na noite.
- Quero-as todas como quem quer seguir-lhe os trilhos e saltitar de pedra em pedra pelos montes em busca de rosmaninho – esse perfume que abunda nos mais altos cumes, onde todos querem ir mas poucos conseguem sentir, cheirar, ou ceifar esse aroma quente que brota da terra e sacia todos os montes possíveis, aqueles que nossos olhos vêm e os nossos braços alcançam.
- Quero-as todas a cantar pela manhã, um hino a todos os feitores de palavras – não aqueles que as usam para de seguida caírem no desuso da sua própria palavra, mas todos os bem aventurados que as têm porque sempre foram aventureiros na descoberta do seu próprio mundo, onde as palavras são um meio para chegarem a todos os sentidos obscuros que os movem num sentido único.
Se todas as palavras me conduzissem por caminhos novos e me mostrassem que há muito mais além do seu sentido único…
Sinto-as assim, tal vibração a inundar-me os sentidos todos; os únicos e os compostos de todas as matérias gordas que se entregam ao regime de emagrecimento por nada, principalmente se esse nada for uma substância anafada a engrossar todas as letras, para depois caírem em desuso por serem só matéria orgânica e nada mais.
ÔNIX – Dolores Marques
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Lá
È lá o sitio onde vou morar por tempo indefinido
É lá o sítio onde me irei encontrar, mas enquanto isso desespero, numa espera vã
Mas o tempo já não me espera e eu sou só a esperança que este tempo não termine, que este enigma se transforme em algo mais definível que me transforme e me leve ao ponto mais alto onde se dão todos os encontros…..lá!
Na esperança de me encontrar, encontro em todos os tempos um modo de encurtar o meu próprio tempo
Este tempo que me marca
Este tempo que me encolhe no fundo de um baú onde guardo todas as memórias
Este tempo que arrasta o vento
Este tempo que faz transbordar as correntes de todos os rios
Este tempo que colhe todos os frutos
Este tempo que m’engana
Este tempo que simplesmente me faz perecer em noites de temporal
Este tempo que entra nos meus sonhos e me afronta enquanto durmo
- Ouves, sentes, imaginas, ou simplesmente te limitas a correr contra o tempo?
E eu acordo sempre com uma nova esperança que me diga onde e como chegar lá
Ao fim do tempo!
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Tempo
E todo o tempo encerra a sua verdade
Quando me tem
No amor
Na dor
Na alegria
E na vontade de estar ao lado do tempo
(Tão simples e tão complexo
Até na forma humilde que o próprio sentimento transmite)
Não é o meu tempo
Mas sim aquele que eu sei que ainda não chegou
Para me falar do mundo que o conquistou
Não sou mais nada além do que o tempo me dá
Utópicos sentimentos

- Que má formação
- Que má orientação
- Que maléficos gestos que sobrevivem não só das pegadas que deixam no pó, mas de todas as partículas existentes no pó do caminho e não lhes sabem:
- Nem a cor
- Nem a forma
- Nem a ordem vigente
Sei de uma viagem que não termina
Sei de utopias que mais não são do que a vontade não assumida de sermos verdadeiramente nós
Sei de uma longa jornada que tem como ponto de partida o AMOR, quando nos consentirmos ser a única verdade a formatar um sentimento que se iguala ao Ser, e ser só unicamente o AMOR
Simplicidade
Variações do tempo
Este figura que crio sendo só a minha verdade, não passa de uma abstracção quando tento e não consigo criar nada de novo. Espero pelo nascer do sol para que ao esquentar-me o corpo me molde uma nova personagem ao encontro de um momento figurativo mais real. Há figuras que se escondem na verdade enigmática de todas as estrelas que também morrem com o tempo. Já lhe soube as cores e os tons e até os sons que emitem na noite sempre que as olho de longe, mas não sei como vivem nos meus olhos sempre que se trancam para mais um voo na direcção de todos os momentos em que o tempo cai.
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Flor de Lotus

Imaginar ou simplesmente
Deixar-se levar pelos atalhos
Onde se descobrem
Novos movimentos
Esteticamente imperfeitos
Ou eticamente dignos
De uma figuração
Que caiba nos olhos todos
E saiba onde encontrar um dom
Que se sabe a equilibrar a força
Onde residem todas
As vontades do mundo
Simples e concreta
Discreta, até na metamorfose
De uma simples flor
A força deixa de ser obsoleta
Quando se encontra a génese
E se coloca a alma a criar
E recriar novos mundos
E ainda outros fundos
È saber sentir como uma flor
Um bom compositor
Que ao deixar cair as pétalas
Nas suas mãos
Aguarda pelo doce embalar
Sequência de cores e luzes
A embelezar todos os quadrantes
De um Universo composto
Que também é verso e reverso
No seu caminhar
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Vida Sobre Vida

(Foto: DM - Rio Paiva)
saberás como e onde me procurar
Revisita outros mundos internos e faz do teu templo um lugar para eu te encontrar
Não chores! Não sofras!
Não grites pelo meu nome, mas pela história que se fez vida enquanto ser vivendo em ti
(Há poemas tão frios como a morte de um jasmim.
Lê-os todos mas não faças das palavras um meio para me encontrares
Há palavras que fazem da história uma verdadeira história, mas saberão elas distinguir-me no meio de uma multidão?)
Não faças do meu túmulo um jardim quebrado
mas do meu corpo…um verdadeiro túmulo
Oferece as cinzas que restarem a todas as partículas que povoam ainda os jardins
Avulta com elas as ondas do mar
Alimenta com elas as correntes mornas de um rio, mas não deixes de me dizer de ti
Fala-me em pensamento, para que todas as estrelas saibam o meu nome, e através dele, a razão pura e simples da minha existência
(Tão simples como todas as flores que nascem em todos os jardins quebrados
Tão simples como todos os olhares que alcançam um novo céu
Vida sobre vida
Morte que é só morte para conseguir atingir a verdadeira luz)
Por isso,
não faças sepultar o meu corpo junto do breu
não me encolhas na terra fria
vela-me na derradeira noite, mas não me tapes o rosto com um véu, e tranca...
Tranca o meu caixão
Forra-o com um poema nu, ou um verso que sempre me fez ser Poema, e faz...
Faz do meu rosto um ritual pleno onde possa perpetuar um novo olhar
SOU SÓ EU MAIS EU
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
Namoro
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Bom dia
Lá fora, ouvia-se um som leve de uma brisa miudinha
Restavam talvez as pétalas das últimas flores que ainda resistem na espera de um Outono morno
As correntes do Tejo, caladas e sufocadas
A espera é um grito, a causa dos aflitos
Lá dentro, ouvia-se um som calado
Restavam as paredes frias em contraste com um corpo quente
Era talvez a verdade nua e crua a desvendar mistérios na noite
Decidi que seria a minha noite, onde me dispo sempre sozinha
A manhã chega silenciosa e cega
Mordi a língua, senti secura na boca mas mesmo assim cantei baixinho
Um silêncio amordaçado que chegou do fim da minha rua
Diz-me sempre bom dia!
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Guia
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Porquês
Porquê esta sensação de que já não te basto?
Marés
e se fossemos todos dar uma volta
à volta do mundo
que é este mundo interno
mas sem cairmos no engodo
de vermos só
o nosso próprio mundo
sei lá…
que mundo é este
esta forma bizarra de olharmos
só de cima para baixo
e não vemos que os baixios
se encontram e desencontram
nas subidas e descidas das marés
maré alta
esta que me leva ao engano
sempre que abro os braços
imaginando-os remos,
remando… remando
contra as marés
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Alma de Palhaço
Movem-se os olhos
Quebra-se o corpo
E curva-se a alma
Perante a plateia
Que ri
E sorri
Mas não sabe
Onde aportar
A sua própria alma
Mas é no palco
De tábuas rasas
Onde cai
Uma lágrima
Que ele sorri
E ri
E são folias
Em rebeldia
E são almas
Em plena euforia
E ele volta
E assume-se
Em reviravolta
Nos traços marcados
Do rosto
Que apenas se limita
E ainda assim, sorri
E ri!
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Nomes
Sonho
Sei de um tempo
Sei de um tempo que nada havia
A não ser o canto as aves
Serenas, planavam no alto do outeiro
E deixavam marcas do futuro
Tal como se propagam os dias
Em que há cegadas nas planícies
E se deixa escoar o tempo
Das breves histórias
Em que nada há para lá do tempo
domingo, 11 de setembro de 2011
Sol da Manhã
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
Noite vs Dia
Deixa-me um pouco de ti
Para me sentir tua
Nas próximas horas
Que irão acabar os dias
Estou prestes
A dar novos coloridos
Às nossas noites
Amor
Não sei
Como inventar
Novas palavras
Para dizer
Que te amo
Por isso, Amor
No teu sono
E tu o dia
A saber-me inteira
No teu corpo
terça-feira, 6 de setembro de 2011
Nu
O Sol tímido
Mas enamorado
Da inocência
Da manhã
Boicotando a luz
Ainda acesa
Do candeeiro
E depois
Da debandada
Dos pássaros
Presos na gaiola
Espreguiçou-se
Acordando em mim
Corpo cintilante
E nu…
Astro completo
Na dispersão
Dos movimentos
Pelos quatro cantos
Dos meus olhos
Existe ainda
Términos da noite
*
(Fonte
Da minha fonte infinita)
*
Nu…! Este pingar
Da chuva
Tal o bando de pássaros
A querer tocar
Nas partes mais íntimas
Da aba dum chapéu preto
Onde o sol se põe
E a noite se achega
Para mais
Um nu…!
Borboletas no Aquário de Mário Massari
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
Templo
Profana esta melodia que de dia se confunde com os ruídos da tua rua, quando as palavras são só um meio para iniciar a fuga, essa loucura escondida a paredes meias com o medo de serem encontradas, o desejo de serem profanadas até à mais pequena nota onde se inventam outras melodias escondidas. Talvez as palavras se diluam, talvez as crendices se apaguem e provoquem o desfecho duma história que faz do templo um lugar para se encontrar o verdadeiro acreditar nas palavras que merecem ser ouvidas e não profanadas num canto qualquer da tua rua.
Pessoa

Sou assim
Talvez uma só pessoa
Ou várias
Sem nunca saber qual delas
É a minha verdadeira pessoa
Não vês que a crença
Em mim
Sempre foi
Por não me saber
Nem aí
Nem aqui
Nem em lugar nenhum
Há uma imagem
Que vive
E me olho no espelho
Este reflexo
Partido em fracções
De um momento
Onde encaixo
Os meus olhos
E não nego
Não nego
O que vejo
Em mim
Como pessoa
Sou eu assim
Uma só pessoa
Ou todas as que viste
Enquanto me limitava
Só a ser
Para ti
Pessoa
terça-feira, 30 de agosto de 2011
Mar
Sem ondulações adversas
Para que o meu ondular presente
Sinta a solicitação das águas
A quererem atingir o cais
Sem nada a levar
E nada a trazer
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Sol
Vi um sol a nascer por dentro dos teus olhos,
quando sorriste e ficaste a olhar o céu…
(A Primavera é o ponto de partida
O lugar onde nascem novos horizontes nos meus)
Fiquei ali a ver-te sorrir
mas não viste que nos meus olhos
há um novo sol até ao próximo Verão
Saciados os olhares que nascem sem credos nem mitos
que nos façam chegar num porto seguro
e deixar que o sol seja um ponto de encontro
(O lugar onde te sinto)
Novas Viagens
Saber onde ir
Quando os nossos passos
Nos levam a lugares distantes
E os nossos olhos
Se preparam para seguir
Novas viagens
Em versos nus
Onde os poemas são alma
E o corpo
Divina inspiração
Para que não sinta
A dor da partida
Tu
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
Mundos

Numa viagem
Sem fim
Levo-te comigo
No meu sonho
Mostro-te a força
Do vento
No sopé
Da montanha
A desafiar as águas
Onde descanso
Na margem de um rio
Que nunca me trai
Deixo-me embalar
Na corrente
E vou acabar
Como quem termina
A última jornada
E não sabe
Que há fundos
Que esperam
E desesperam
A construir
Novos mundos
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Céu
São tornados quentes
A ladear o céu
Ondular doce
No mar que é meu
Distancia tão curta
Que se perde
Em noites de breu
E o meu olhar
A chegar ao teu
O cais é um deserto
Novo horizonte
Que se perdeu
Se não sabe o norte
Desse céu
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Multiplicidade de formas
E em Setembro as fontes”
(Frase Popular dita por minha mãe Deolinda)
*
Se o vento do norte
Vier cedo
Acolhê-lo-ei
Como quem colhe
A brisa que passa sempre
Pela manhã
E me diz que é a hora
O cuco já se mostrou
A cigarra já cantou
As formigas labutam
Sob o sol escaldante
Este roçar ao de leve
Sobre as pedras de xisto
Múltiplas formas
Obtusas, reclusas
Medusas endeusadas
Altivas e desgovernadas
Mostram a derradeira verdade
Nada e criada
No ventre imaculado
Terra agreste
Sapateando a dor
Ventos inclinados
Sobre o dorso
E simplesmente
Feições graníticas
Que serão eternas
No ponto mais alto
Onde a chuva cai
O sol descai
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Dueto de Mulheres (Declamação e vídeo de Elisabete Luis)
Ser mulher é ser lágrimas caídas
E desabrochar
Como as flores mais destemidas
Sou uma flor de jasmim
Ainda por ser....
Olhos de água em rios estendidos
Um vento que passa breve
Sou nascente que corre desvairada
Ao encontro de todos os rios
E de todos os mares
Transformo-me em maré que amanhece
No areal dourado
E se estilhaça junto ao cais
Sou fonte inatingível do encanto
Que adormece entrelaçado
Em cristais enfeitiçados
A vida que floresce
Em ramos empobrecidos
E em raízes esmigalhadas
Sou a vida que acontece
Dolores Marques
*********
Porque Sou Mulher
Sou saudade dorida sorridente
Sou açúcar que tempera liquido quente em noite fria
Sou conjugação em tempo Presente
Sou a mão estendida que segura o vento que corre embalado contra as montanhas
Sou quem limpa as lágrimas da chuva quando triste e alegra sorrindo dizendo -vai correr tudo bem
Sou a manta quente que todos procuram abraços em tristes momentos e desanimados
Sou a arvore digna e altiva que murmura em surdina - tu és capaz...tu és capaz
Sou o pedaço de cal que ninguém olha... ninguém liga mas quando usado pode desenhar lindos caminhos de saída
Sou leoa destemida e valente para defender quem ama dá a sua própria vida
Sou tudo isto talvez porque sou mulher
*****
Elisabete (LISA)
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
Um apontamento sobre o Livro "Ás Escuras Encontro-te" de Giraldoff

Talvez a vida seja uma caminhada
Um passo sobre passos vendados
Um encontro de espaços
Uma espera
Do ponto de vista formal, encontramos no livro diversos registos: a prosa narrativa, a prosa descritiva, a prosa poética e o verso.
Essa multiplicidade, ao contrário do que pode aparentar, não dificulta a leitura do livro, apenas exigindo que a mesma seja atenta e ponderada, e não dissipa, seguramente, o traço de união que encontramos e que torna o livro um todo encantante.
A obra é uma jornada, pelo interior de uma (belíssima) alma, nas suas angústias, nos seus sonhos, nos seus devaneios, nas suas energias,
Mas também no seu confronto com o mundo.
E, assim, é uma caminhada pelos espaços opostos e convergentes que a/o compõem.
Um espaço de encontro, de desencontro e de espera.
Um dos aspectos mais interessantes do livro, surge-nos de forma invulgar.
A obra é um lugar de intersecção entre o “Eu” e o “Outro”.
Todavia, este “Outro” não é uno e surge-nos em faces multifacetadas:
- O “Outro” que é ainda um “Eu” (um “Outro eu”)
- O “Outro” que é intemporal, é místico, é mito (e assim é espera)
- O “Outro” que existe, seja ele o passado, o presente ou o que, por desconhecido, se anuncia vir a Ser.
E o mesmo se poderia dizer do “Eu” que embora uno (aqui sim) é ainda assim desfragmentado.
É nesses movimentos e intersecções que a sublime sensibilidade de Dolores Marques se revela de forma incontornável e irresistível.
Gostei muito de ler.
Filipe Campos Mello
Esfinges
O que preciso saber
As horas não passam
O sono não chega
Chego a ter visões do futuro
Esse destino incerto
Como incertos são os meus passos
Enquanto o passado se esvai
No nevoeiro acabado de chegar
Há uma calma imensa
No povoado das serras
O céu de cor cobre
E o rio a choramingar
A ausência dos raios solares
Cobre-se de luares virgens
A colorir a corrente
Que esmorece
E suavemente adormece
Tenho ainda este olhar baço
A esboçar luas e sóis
Sobre os telhados de xisto
Das casas remexidas
Escombros a remendar
Os pontos negros na noite
As luzes ao longe
São como esfinges
Que não sabem onde ficar
Quando a noite se for
E a madrugada voltar
A ser flor da manhã
A furar as vidraças fechadas
De uma casa vazia
Sem nada que a faça ser
Um único lugar
O ponto de encontro
De um novo amor
Uivo da Noite
Este vento miudinho
A cair na noite
Como todos os sons estranhos
Que ouço neste silêncio oculto
Que se vá enquanto durmo
Para que no final da noite
Eu acorde com novos timbres
A esmiuçar esta melancólica verdade
Onde reside a maior força que conheço
Será ela a fonte
Que matará a minha sede
De o saber ainda inteiro
Nos meus braços
Este uivo
Alegando um saber intrínseco
Ao seu uivar na noite
É como um grito
Que chega sem saber
Como partir
Ao encontro de novas descobertas
sexta-feira, 29 de julho de 2011
Um nada somente

A encher este mar que me tem
Melodia que m'acolhe
M’alimenta o querer partir
Sem nada a pedir
(Nas serras ouvem-se os ecos esquecidos
De quando éramos somente nós)
Tormenta que me leva
Lá onde o mar é azul
E as algas são verdes
E o horizonte não chega
(Estradas cobertas da poeira
Que meus pés pisavam
Enquanto o sonho
*
È só um nada somente
Que m’arrasta para longe
Encaminha as lágrimas
Que desaguam na foz
De um rio demente
Sem afluente
Mas crente
Num nada somente
O fim de nós!
quinta-feira, 28 de julho de 2011
Viagem
Encontros numa casa vazia
A divagar nas certezas
De um tempo já morto
Quando as luzes se apagam
Tão cheia de nada
Essa dose de loucura
A encher as paredes nuas
Numa viagem nocturna
Expõe-se sem medo
No meio de tanta luxúria
Onde habita uma só imagem
Num fundo inexistente
Ao centro, estão já
Todos os frescos desejos
De uma santidade absurda
A crer na metafísica existente
terça-feira, 26 de julho de 2011
Do outro lado do mundo
segunda-feira, 25 de julho de 2011
Abandono

Não sei onde me perco
Quando me levanto do chão
E vou sem saber o caminho
Que me irá trazer de volta
Esqueço as horas que passo
A tentar erguer-me de novo
Para te mostrar que há vida
A germinar no meu corpo
Onde deixei os olhos
E porque não agarro o sonho
Que me fará chegar a tempo
De conseguir um novo destino ?
Saudade

Saudades do sol
Que se passeia lá fora
Numa rua sem nome
Numa casa sem tecto
Essa montanha silenciosa
O mar dos aflitos
Em processamento de dados
Empirismo da mesma razão
Que me leva a estar aqui
E não num campo
Onde nasçam as papoilas
Sem sol, chuva e vento
Força de expressão
Expressando a vontade
De ir ao encontro da luz
Qu'alimenta o lado de fora
Enquanto interiormente
Há um universo, onde reina
Esta saudade de ti
sexta-feira, 22 de julho de 2011
Um todo
Sei que tudo foi em vão
Não tinha a verdade nos meus olhos
Agora que te encontrei, sei de tudo
Um todo a dominar-me a vontade
De me ver nos olhos teus
Como se a minha verdade
Fosse uma só, sem vaidade
Um crer em demasia
Bem-querer, sem mais nada
quinta-feira, 21 de julho de 2011
Alva Espertina
http://andradarte.blogspot.com/
A clarear o meu tempo morto
Sol madrugador
No meu mar de cetim
Alma em chamas
Que m’anima
Tal dimensão d’ Alva espertina
Onde se põem todas as estrelas
Que vêm morrer nos meus olhos
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Se...
Espaço....Tempo
segunda-feira, 4 de julho de 2011
A Noite
A calibrar um ponto luminoso
Onde o luar se fez corpo e alma
A deambular pelo cerrado da noite
Foi num lugar da terra
Agrupando todas as estrelas
Que fizeram ninho
E amansaram os pirilampos
Nas enseadas
Foram as pálidas noites
Que cirandavam
Nas vidraças quebradas
Onde guardo todos
Os choros requentados
De um dia de verão
Um presente que me é legado
Omitindo ausências
E presenças
A unificar todos os momentos
Que tardam na noite
As especiarias avizinham-se
Num mar longínquo
Abrilhantando as ondas bravas
Que vêm morrer numa praia deserta
Foi lá
Que deixei um corpo moribundo
A querer renascer
Nas funduras de um sentimento
Quando o luar consente
E não desmente
A noite