segunda-feira, 20 de novembro de 2017

O Poema nascerá sóbrio.

Quando numa errata imaginária somos avaliados por baixo por conta de erro de cálculo dum mediano fio de cabelo pensante, e, no entanto, anda tudo numa roda-viva à volta do fogo sem se saber da chama que nos liga no centro, ao maior ponto onde somos (UM) no universo ali traçado.

Porém, saber o tempo que cada um de nós tem até darmos por concluído o projecto de viagem do corpo é ainda sob a ordem vigente de um relógio quebrado ao nascer das horas.
E se ainda assim não nos soubermos à volta do fogo, será imenso o turbilhão dos enganos, quando vislumbrarmos um fio de água cristalina que desce da fonte. Mesmo que nos seja a fonte, não bebemos.

Somos usados para fazer acontecer a vida em cada um de nós. Alguns de nós já decifram os sinais evidentes da catástrofe do Ser, e aceitam-na, outros somam mais tempo sem acontecerem na vida. Renegam o próprio Ser Vida. Não sabem que somos peças unânimes e enquadradas num jogo cujo comando não está nas nossas mãos, mas nas mãos do destino traçado nas mãos de todos. E vida não deixa nada ao acaso.
Por isso, não percas mais tempo com o mal que queiras a outrem. Sabes que te perdes por caminhos do mundo de lá além?
E quando pensares que estás a passar à frente de alguém, anota o tempo que não vês que lá na frente há outros mundos também.

Sabes que quando te perdoares pelos pecados que cometeste contra outrem em nome do teu Deus, Ele dar-te-á luvas de cor branca. Mas, por agora, só o negro ainda te será mácula.

Se o amor te fosse um dia pelo corpo acima, serias em todos os lugares em cima e em baixo, o próprio Amor em acção.  Inverte então a posição quando estiveres para dizer talvez, em vez de sim ou não. O orgasmo nem sempre é o que pensas ser rente ao chão.

Quando a maré nos devolver detritos de um ventre poético a descoberto, onde a clonagem é o novo sentir poético, saberemos como sair desse deserto onde afundamos poemas em nome de um Deus, que nos é somente um ponto minúsculo a sobressair num grão de areia, assim como, sentir em nós a única maré a encher um deserto.

E quando a Fonte onde vais beber deixar de te matar a sede, enterra um verso na memória, e espera que seja irrigado pela tua própria Fonte.

O Poema nascerá sóbrio.

Nasce-se para viver não para morrer. O que te será a morte na roda da vida?