segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Não penses


quero que me descubras nos submundos, onde também estou


quero um amor renovado...contigo


ama-me, esvazia a tua mente, ...................................................................


não penses


deixa o amor entrar e ocupar o novo espaço

Pétalas


se as horas passassem junto dos meus olhos nao teria tempo para te ver sorrir


dá-me do teu tempo em que os sorrisos são pétalas perfumadas


dá-me desse inebriante jardim, onde as flores nunca se perdem

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Às Escuras Encontro-te" - O livro

Apresentação: 26 de Março de 2011,pelas 18h30m, Auditório do Campo Grande, 56 em Lisboa
Editora: Temas Originias
Apresentação da autora e da obra: São Gonçalves e Xavier Zarco, rspectivamente
Imagem de capa cedida por Kicardo Kersting (Escultor)
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Nota de Autor:
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Esta é a minha comunicação ao leitor, passando pelo crivo que me traz sempre uma nova forma de pensar, sujeitando-me às ideias impostas pelo meu subconsciente, consciencializando-me a mim e a vós, de que há muito para sentir, há muito para ver, há muito mais ainda para esclarecer, num mundo de imagens que nos são direccionadas de fora para dentro, passando para o exterior através de outras mais límpidas e transparentes. Mas será que esse interior de cada um de nós, servirá de ponte para que os elos sejam dourados na magnificência das cores, dos movimentos, das semelhanças, caracterizando um “modus vivendus” actualizado? Previno-vos que este livro se adequa apenas ao leitor pronto e de espírito liberto. E questiono-me se esta será a melhor literatura que haverá no momento. Pois…
Não se trata de romance, não se trata de ficção, nem tão pouco de narrativa, mas será sim uma autêntica ficção dentro de um mundo que se nos apresenta fictício, descrevendo os contornos de uma história que poderia ser verdadeira, que poderia transformar este livro, numa autobiografia. De biográfico tem pouco. É somente um momento nos diferentes compostos químicos, auto-merecedores de atenção, bio-compostos por fragrâncias libertas para a atmosfera. Ele, transporta-nos para esse mundo do qual tentamos sempre fugir, a não ser que tenhamos a capacidade de podermos assumir-nos nas nossas mais eloquentes formas, umas vezes bizarras, outras inseridos numa compilação vs normalização dos gestos diários.
*
No capítulo II, escrevi:
Este é mais um degrau na subida vertiginosa que se apresenta em várias partes do meu corpo. Uma visita guiada pelas minhas experiências enquanto necessidades básicas do meu corpo, da minha mente e do meu espírito. Este é um mundo onde me poderão encontrar, encontrando-se, basta que para isso, saibam viajar comigo através das nossas semelhanças e aí, seremos um só, numa caminhada silenciosa por entre uma multidão. Pensei nas ferramentas adquiridas, e que talvez tenham uma quota parte de responsabilidade por estas experiências de cariz transcendental. Tudo aconteceu ao mesmo tempo. Abriram-se canais, sujeitei-me a Ti, numa viagem até aos confins do Universo, e dei comigo a escrever sobre isso, começando por descrever a primeira viagem, passando pela minha visão do reiki, corpo espelho, meditação, chikung…etc. Dêem-me a honra da vossa presença e garanto que há sítios escondidos debaixo das minhas palavras que não conhecem:
Se quiserem então viajar num espaço inédito, sujeito às várias circunstâncias que este livro nos apresenta, terão que abrir as portas e, assim sendo, colocar-vos-ei perante uma só palavra - AMOR.
É este o mote do livro. Amor em todas as vertentes socializadas vs sociabilizadas, por força maior de uma mente que se fechou ao mundo externo durante duas semanas e viveu e plenitude dos mundos extra-sensoriais e de tudo o que a vossa imaginação puder alcançar.
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A saber pelos capítulos:
Capitulo I- Versando o Amor: Um amor meu, aquele amor que sabemos que existe mas que nunca sentimos a entrar-nos pela porta da frente. Um sentir silencioso, quente, que nos diz de outras realidades extra-sensoriais. “Há um prenúncio de qualquer coisa mesmo antes de o ser… Esmiúço os sentidos até descobrir o que me leva por estes meandros da vida já gasta…”
Capítulo II - Energias Subtis, Outra Forma de Amor: Um encontro com outras realidades que versam o amor em termos práticos, mas ao mesmo tempo sob a forma de energia em movimentos subtis. Uma forma de estar e viver segundo conceitos básicos de como se ser Pessoa no meio de tantas as que conhecemos, e que sem saberem como por vezes actuar para serem pessoas, o vão sendo. Foram também estas práticas que me levaram ao encontro do encontro amoroso de que falo neste livro, e que vivendo em mim em forma de Amor, é uma forma de estar que me dá prazer. Aqui, irão ter contacto com algumas informações básicas do conhecimento geral sobre reiki, sistema de corpo espelho, meditação, chikung…etc.
Capítulo III – Cá e Lá - A Ponte: Após o capítulo anterior, chegou então o momento de vos fazer chegar as minhas experiências pessoais a um nível subtil e transcendendo o da realidade física, indo ao encontro do amor que me visita nas noites em que me abro a ELE. Forças do além, amor feito energia residindo em mim ? Seja o que for, e os nomes que lhe queiram dar, foi sentido no meu corpo de uma forma intensa. “Penso-Te e estás presente no momento, numa sintonia perfeita”
Capítulo IV – Vale do Silêncio: Encontros numa realidade que é a nossa, aqui nesta terra que nos viu nascer, onde os corpos se tocam e os olhares se cruzam para um amor prestes a acontecer. Mas algo impede esta ligação que nos poderia levar à prática de “um sexo sedutor”, após os toques e carícias de almas solitárias. Sou apenas acolhida por um vale do silêncio que se alonga a cada dia passado. “O seu brilho ténue, conduz-me para o meu silêncio e enrosco-me no seu círculo mágico”.
Capítulo V – Outros Sons: O último capítulo do livro, encerrando-o por ter finalmente encontrado o mesmo tipo de energia que me lo fez escrever. No entanto, os sons tornam-se deveras evidentes que são só audíveis para mim. Existe talvez uma força que desconheço e que está em redor de mim, para me lembrar que o conhecimento da verdade não está ainda na mesma proporção com o que espero da vida. O AMOR, encontra-se num caminho único onde se encontra tudo o resto. Este encontro final teve como ponto de partida, um ponto a tocar o infinito, estendendo-se esta trama de um nível “mais terreno”, terminando com um poema “Quero que sintas que por ti eu sou”.
Espero sinceramente que este livro vos diga algo e faça algum sentido a todos de vós.

Dolores Marques

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Pontos luminosos

(foto D.M; Luminescências)


Passou de relance por entre os círculos de fumo que expirei lentamente. A sua pele escura e o seu jeito de andar, balançando o corpo, fizeram-me lembrar os rituais à volta de um fogo ardente, onde os corpos se submetem aos ritos tribais do passado.

Os seus olhos, pontos luminosos a saírem da órbita dos meios círculos traçados pelo fumo saído da minha boca semi-aberta. Trazia neles o mundo inteiro a dobrar-se sobre os meus ombros. Eu acolhi-o sem uma palavra que lhe dissesse que há mundos por descobrir nos meus olhos cor de chumbo.
Olhou-me e disse simplesmente: “boa tarde”. Eu respondi timidamente: “Boa tarde” ao que ele me devolveu: “bom descanso”.

Sorri e pensei, que este final de tarde, talvez me tenha dado uma ideia para conseguir acabar de fumar este maldito cigarro, apagando-o, e voltar aos pontos luminosos de uns olhos quase a quebrar as linhas impostas pelo meu pensamento. Este é um recanto de uma cidade fria. Dormita no silêncio de um dia e desperta para uma noite em branco.

No entanto, sabe-se que há olhares que não se esquecem de dizer “boa tarde”; “bom descanso”, e ela, a cidade ainda me consome.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

POWER





Saber se a mente
É descontente
Ou se mente
Na mesma proporção
Da ordem inversa
Que a fez somente
Mente
É querer saber mais
Do que a própria mente
Descontente

Livros falam dela
Consequentemente
Hilariantes
Figurantes
Caminhantes
E a mente desmente
Qualquer fuga
E arrasa todos os lugares
Onde ela
Só quer somente
Poder subir
E conseguir descer

A tremer nas mãos
De quem se julga demente
Por não ter mente
Ela a mente
Mente e é crente

Abre a tua mente
À ordem emblemática
Que te faz poder
E crer numa mente
Descontente
Mas distante

É POWER

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Às Escuras Encontro-te"

Hoje, quando chegar a casa, vou-me colocar de “papo para o ar”, já que não nasci com o “cu virado para a lua”. Expressões que dignificam o ser numa linguagem perfeita, e até, se pensarmos bem, nos reconforta localizando o espaço envolvente. É um hábito, avaliarmos a personalidade de alguém através de expressões como “aquela pessoa tem maus fígados” e coitados de nós que não sabemos o que à transparência podemos revelar - os órgãos, sendo estes um refúgio para os maus fluidos. Por falar em maus fluidos, importa aqui realçar que, o que recebemos dos outros, poderá ser uma coincidência dentro da anormalidade de certos fígados. Enfim, há gostos para tudo, assim como fluidos disto e daquilo, depende do que eles conseguirem absorver.

Estou então no plexo solar. Mas, ter estômago para tudo é que eu não consigo e dou comigo a viajar pelos outros órgãos detendo-me na base da coluna vertebral, focando-me nos canais adjacentes, Que coisa! Eu agora aqui a pensar em canais, quando só me resta um canal possível – canalizar, receber. Entranham-se espécies duma raridade tal, que dá um gozo tremendo, mas há os que são insustentáveis, impenetráveis. Vou mais acima e paro num ponto, o batimento cardíaco e aí reside tudo o que sou; ou eu e tu, ou tu e eu, tanto se me dá, como se me deu, porque se “Ser”, depende de tantos “se’s”, então quando chegar ao fim e ainda estiver nesta posição horizontal, logo se vê. Por agora, abro-me a abraços e carinhos, um amor com cheiro a rosas e alguns adornos de sedas - dão um certo charme na formação de um “ninho”.
Mas é estranho. Não sei o que está para lá do ranger desta porta, tentando resistir a temporais que trazem gélidas paisagens, daquelas que só permitem ver alguns fios de luz pelas frestas semi-fechadas. Preciso urgentemente descobrir uma passagem, nem que para isso, tenha que nascer de novo, mas agora de “cu virado para a lua”.

Continuando a minha caminhada, tenho agora em mente, a mente, e foco-me no alto da cabeça. Assim, deixo de estar na posição horizontal, prefiro a vertical para sentir que o que está em cima toca o que está em baixo. Sou um pilar por onde atravessam correntes espessas que me deixam balizada contra a terra firme. Mas isto agora é outro problema. Como vou conseguir abafar as armadilhas da mente e sossegar este ego esfomeado? Que sorte a minha ter-te aqui agora (amiga do peito), que me entendes nestas minhas simulações; a base da coluna que se encosta ao plexo solar, e este batimento cardíaco que resolve passear pelos corredores do ego. Sem a tua ajuda não poderia lá chegar, ficaria por estes pensamentos correntes, em dias contados de versos cansados e temas mais que engaiolados. Estou agora presa na tua pequena gaiola. Às escuras encontro-te, mesmo que sinta aquela aridez das noites nuas que passam por entre as frestas de portas desgastadas pela erosão do tempo.
Ouvem-se agora as notas nos arrabaldes de uma certa escala musical.
- Qual o tempo?
- Sem tempo. Esqueci-me do meu cantar. Ficou-se pela nota imediatamente abaixo do “Dó”. Do(r)me agora com um mero desejo de ficar centrado na escuridão da noite.
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Do livro, "Às Escuras Encontro-te" a ser lançado dia 26 Março , Campo Grande, 56 em Lisboa - 18h30

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Por ser dia do São Valentim

(foto DM; Grafitis, Uma arte no escuro)

Como transmitir o que se sente? Como dizer que se Ama? Como sentir que se ama?Como satisfazer a nossa fome e a nossa sede, sem cair na desordem de um monte de palavras que se cruzam para depois abalarem rumo ao centro onde moram todos os desenganos? Conseguir construir caminhos e movimentarmo-nos neles ao encontro de uma simples luz q...ue nos guie rumo aquele que nos faz sentir…


- A liberdade é um bem que reclamo a todos os momentos…
- A Liberdade é uma chama acesa no meu peito….é tantas vezes um monte de cinzas a adubar a terra…e outras tantas, pó cimentando a poeira do caminho.

- A Liberdade é tudo o que o Amor precisa para se dizer - AMO-TE

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Eleitos


Deixemo-nos de sofismas e encaminhemo-nos para o lugar onde os eleitos estão;

é lá que se encontram todos os homens de boa vontade

é lá que moram todos as mulheres que se ajoelham com a idade

é lá que se enxergam os rostos alienados, sempre que os nomeados libertam o céu

é lá a terra dos justos, se conseguirem florir primaveras arrastadas pelas correntes do verão

é lá que irás conhecer o gosto da tua nobre condição.

Deixemo-nos de lamentos e alcancemos os movimentos disformes, e formemos à volta da terra um círculo onde more a saudade. Será ela no teu doce rosto, um lamento nos caminhos que escolheres, sempre que a justiça mostrar a sua verdadeira face.

A realeza é uma revelação sempre que ao seu real valor, adicionarmos uns quantos reais. Esta será sempre a espécie reservada, a certos olhares que se perdem por planícies inteiras onde o pão é escasso, e já nada abunda a não ser a solidão. Quisera eu ser eleita na terra dos justos, e contar as lágrimas caídas junto à nascente que se mostra por vales inteiros.
Sem nome....Só eu e Tu quando nos despirmos dos corpos e seguirmos as pegadas que ficaram no chão.
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Do livro "Às Escuras Encontro-te" (A editar)

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Espero por ti

(Ricardo Kersting, Esculturas)



Revejo-te num mundo onde já nada se pode colher, a não ser este rubor humedecido, onde me deito para poder sonhar e amar. São estas altas esferas da escrita onde dormem as estrelas, que me levaram também a escrever: As palavras têm um tom cobre! Cobrem-me de todas as cores, neste sonho que se torna real a partir do momento em que entro no jogo, e deixo a porta aberta a quem quiser jogar. Mas, jogar pressupõe seguir certas regras, e nelas estamos todos com uma pré-disposição, que poderá ser ou não, disposta ao mais pequeno ruído, aquele que difere de um outro que se chama "tom" numa escala maior.

Vi-te chegar tão devagarinho, que quase sumias por entre as luzes que me visitam nas noites em que escrevo palavras soltas ao abandono. Será que alguém lê e as entende? (Penso que serei assim uma espécie de estrela a luzir ao fundo do túnel mas que ninguém vê, nem mesmo se me tornasse céu). Seguem rumos diferentes, quando as despejo nesse céu de estrelas reluzentes, que se queixam de tanto céu e pouco sol. A Lua ainda se encontra imobilizada na estação anterior, encalhou na madrugada e as estrelas rumam por caminhos incertos neste mar onde as palavras se gastam e se consomem de tanta dor, tanta tristeza. O amor é já o ponto de passagem para a outra margem.

É lá que me encontras se conseguires transpor esse muro de palavras gastas, de vocabulários mais que arrastados pelas marés. Levantei voo, rumo ao ponto onde acordàmos que faríamos a história nascer de novo e tu ficaste preso no mar alto. Esperas que as musas te assaltem de sobressalto, e não vês que na profundidade dos meus olhos, está uma vida que assenta nos mais altos ideais, rumo a outros mundos onde o abraço se quer sempre laço até ao fim do caminho. Serenar o espírito, encontrar-me entre um e outro mundo, que se encosta às margens onde já me encontro, é o início da última jornada.

Espero por ti!

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A editar: "Às Escuras Encontro-te"

Lá Fora

(Foto, DM, Grafitis, uma arte no escuro - Zona Oriental de Lisboa)





Lá fora
Estão os trastes iluminando as pedras
Da tosca calçada
Sim, lá fora
O sítio onde moram todos os marginais

Os pobres deitam-se no colo frio da madrugada
Os ricos deitam-se na sua noite afogueada
E eu sou só uma pequena mortalha
Qu’enrola o teu corpo no meu

Se a tua voz se calar
Nada me fará recuar
Nesta intenção redobrada
De te encontrar
Entre todas as que ouço
Lá fora


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Se nos pudéssemos encontrar acima de todas as coisas


Se me endireitasses as costas
Verias que nelas há um sítio
Onde moram todos os ventos
Onde se encontram todos os tempos
Ainda por desbravar

Lá, onde a águas são calmas
Longe dos olhares indiscretos
E do sol que não mancha
Apenas uma mão silenciosa
A afagar o medos

Se pudesses encontrar-me acima de todas as coisas
A acordar as serras
A colher das nuvens as novas fragrâncias
E soerguer penedos riscando o céu
Veríamos um azul mesclado
De tons suaves
Abraçaríamos os montes etéreos
E cobriríamos o corpo rochoso
Com um dos véus que nos separam
Os traços, traçados no corpo

Se pudesses encontrar-me acima de todas coisas
E ver a verdade de um universo
Que se comove
Por não se mover nos olhos de todos
Os que sabem ver
E não sabem que o olhar
É o foco, a comandar o corpo e a intensificar a alma

Choraríamos as ausências
E nas incertezas
Descobriríamos um novo ponto no horizonte
E beberíamos das certezas da fonte
Que brota em nós

Seriamos a brisa do mundo
Um raio de luz
E só um ponto a tocar o infinito
Atravessaríamos todas as pontes
Colheríamos a calma dos montes
E serenamente um rio corrente
Aurora de um novo despertar

Ao ascender a todas verdades inacessíveis
Veríamos que há um espaço etéreo
A desenhar a silhueta do novo mundo


Dueto: Dolores Marques / São Gonçalves

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Florir



Estava aqui a pensar sobre o AMOR, e veio-me ao pensamento um som leve, muito leve...
Será a brisa que faz mover as folhas das árvores que vejo através da minha janela? Abri-a para sentir os acordes desse som...

Continuo a pensar, que talvez o pensamento me leve ou me deixe a pensar, sobre esta energia que faz mover até a mais pequena pétala da fllor que desabrocha agora no canteiro.

Amor de canteiro este... a florir

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Buracos




Os calafrios
Na espinha
Os dedos mortos
No meu peito
As dores fortes
Nos meus olhos
A mesma distância
Que separa
O cóccix
Do alto da cabeça
E tu nesse estado
Onde recebes as graças
Todas aquelas
Que eu já conheço
E não esqueço

Os mesmos recados
Tão fortes
A afinar-me o sítio
De onde eu venho
Este pensamento frio
E esta mente
A esburacar os momentos
Onde te encontro

E eu tão triste e só
Sem saber onde cair
Se na noite que me tem
Se no dia que me foge
Enquanto desenho novas cores
Nos buracos do mundo

Fundo de todos os fundos

( Ricardo Kersting, Esculturas)


Construi muros
Mas derrubei todas as vontades
Em satisfazer
As minhas necessidades básicas
De te ser mulher
A erguer-me dos sulcos
Talhados pelas tuas mãos
E cair na tua boca farta
E fui como quem vai
Mar adentro
Dos teus olhos

Atingi os cantos todos da terra
Em busca de paz
E vi-te a desfolhar páginas soltas
De um livro
No meu corpo cansado
Tal um vento que arrasa tudo
Tal a brisa que passa breve
Tal um rio que corre
E torna
A jeito de m'encontrar
A equilibrar a linha
Que separa o céu do mar

São tantos os pagodes
Que me levam e trazem
Que m’ arrasto toda
Para qu'inteira
Me tomes nos teus braços
Tal pétala perfumada
A sarapintar-te o colo
Que me serve de bandeja
Num dia sim
E me cobra tudo
Num dia não

Quero que todos os olhares
Sirvam de estrada
Para que no final
Veja todos os pontos esquecidos
Numa viagem interminável
Ao fundo
De todos os fundos