quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Há Um Sonho à Espera

( Foto de minha autoria)
*
branco é um só momento
através de um olhar inocente
que se confunde
com o verde resplandecente
e se aquieta num jogo matizado
até à descoberta de uma força viva
num mundo novo

há um sonho à espera
de ser redescoberto
por ti…




Momentos

(Foto de minha autoria)
*
preciso muito
sentir o calor de um momento
só teu
a aquecer-me as mãos

preciso muito
 ter-te nos sonhos meus
a lembrar os sonhos teus
*

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Perigo Eminente

(Foto de minha autoria)
*
Numa qualquer passagem por este mundo
Há sempre um qualquer perigo eminente à espreita.

É a solidão que se ergue das sombras
E se amofina num qualquer rosto sem nome

Temo por todos os sorrisos inocentes
Por todas as bocas famintas
E mais ainda
Por estar entre cá e lá
E não saber de que cor
É o outro mundo

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Causa e Efeito (Para a gloriosa /Horroriscausa)

(Foto de minha autoria)
*
Felizes os momentos que te têm
Incertos mas validados no tempo
E que por um simples momento
Te dizem sim…
Eu digo sim à tua passagem por mim
Se na construção das tuas palavras
Houver um momento morto
Que reviva em mim
*
Curvo-me perante a magnificência
Dos teus gestos
Há febre alimentando os teus olhos
E cobre forrando os caminhos
Por onde passas
*
Tapam-te com outros mantos
Quando ainda eras só causas
E meros efeitos
Sobre a vida
*

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Por Ser Natal, Meu Amor

(Foto de minha autoria)

Entrego-me neste sonho inquieto
Para me refugiar na luz
Focando-me nos nutrientes da minh’alma
E vivo assim esta santa obscuridade
Que me prende ao mundo

E canto-te com a mesma lealdade
Com que me inclino sobre a tua imagem
Que de tão bela me faz sorrir na noite
E contar-te em segredo deste Amor
E de mim neste amontoado de versos nus
Num corpo quente a transbordar
Serenando os tempos em que morri
E nasci, quando me entreguei a ti!

Vi-te em reflexos mistos de outrora
E balancei nas suas cores
Ínfimas partículas verde esmeralda
Que meu corpo seduz
Sempre que em Dezembro
Me aproximo de ti, meu Amor
Na proximidade de um momento
Só nosso...

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Dou-te Um Pouco de Mim

(imagem Google)
*
Porquê esse enfoque em cada hora que passa
Se há rasgos de memória
Tão malfadados em ti?
Sabes que os momentos parados
São aqueles que mais gozo me dão?

Ver-te a galgar os lances
De um qualquer vão de escada antiga
Esburacada
Sem vistas para a rua
É enfrentar o medo paralisante
Que deixaste a luzir no meu olhar

E eu perdida na noite
Nem sei como me dispus a amar
Um protótipo de ti inventado às pressas
Há novos traços do destino
Que comungam as festas de ano
Presos à antiguidade das nossas almas

Já nem servem as tábuas rasas
Junto ao corrimão
Para atear fogo nenhum
Queimas-te por dentro
Sempre que te dispões
A criar-te num novo fado

Dou-te um pouco de mim
Se quiseres…
Mas tens que me saber querer de novo
Em qualquer ponto de passagem
Pelo meu corpo

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Perdi-me em Ti

(Foto de minha autoria)
*
(Sofri por ter alguém
Assim tão perto de mim
Consenti que me bastasse
Em mornos leitos
Lacrando desejos)

Sofri a dor da ausência
De mim, por mim
Por não me bastar por dentro
E de me ferir por fora
Mas mesmo assim sofri
Quando cuidei de ti

Gostava de me ter visto nua
Quando te perdeste nos labirintos
Do meu quarto
Encostei-me às paredes frias
E tu entraste em mim
E eu perdi-me em ti

(Quem sabe um dia
Eu me encontrava nele, pensava
Mas mesmo assim continuava
Que bem sabe este fel
Como será o mel?)

Sofri tanto mas tanto
Que me despi do amor por mim
Porque to entreguei a ti
E foste a saciar desejos teus
Nos seios meus

E eu lambi-te as feridas
E deitei-me no teu corpo mole
Quando já dormias
E nada pedias…

Já tinhas todas as flores
Que eu plantara
Ficaram esquecidas
Nos lençóis desfeitos
De uma vida inteiramente tua

(Perdi-me nas ruas
Que já tinham sido suas
Mas fui saciando a sede de amor
Que é fruto adocicado
Pelas ruas da amargura)
*

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Nascimento

Caminhos alargados
Nas fronteiras
Onde se criam
E se moldam formas
De pensamento
Subo ao topo do mundo
E conto-lhe mais um segredo
De como vencer o medo
E contigo me afoito
Para lá do firmamento

És sol ameno
Brilhante
Instigador
Às mudanças dos tempos
Que foram
Em outros momentos
A origem viva
Amontoando séculos
Em nós e por nós
A luz…

Contagem crescente
E vigente
Foi hoje decrescente
Abrilhantada
De um modo circundante
Enquanto eu datava
Os últimos instantes
Transfigurados em sóis
Que caíam a teus pés

O que fomos
Tu e eu
Neste amontoado
De células vivas
Memórias trazidas
De outras eras
Seremos agora eu e tu
Caminhantes
No decorrer dos tempos
Que se reviverão
Até ao nascimento
De uma nova aurora
*
Poema dedicado ao nascimento do meu neto Tomás
no dia de hoje (02/12/09)
à minha filha Filipa
(e a mim própria) que assisti ao parto

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Diz-me...

Diz-me, diz-me já
O que fazes com meu corpo
E dou-to agora neste momento morto
Resguardado no meu pensamento
*
Quero contigo abrigar a mente
De murmúrios tristes
E de insónias galopantes
Em memórias retidas no gosto das palavras
*
Lá, do cume mais alto
Soltam-se gotas miudinhas
Partículas de medo
Onde deposito todos os meus segredos
*
Toma as minhas mãos cristalizadas
Para me ergueres de novo
No teu mundo feito de estios
Para que no toque sejamos um só
*
Diz-me, diz-me já
Como me queres no teu leito
Se despida sem defeito
Ou se moribunda sem jeito

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Ser Mãe (Para Filipa minha filha)

(Foto de minha autoria)
*
Enquanto te imagino sob o luar de Agosto
Há um remoinho posto no teu olhar
Uma quente brisa que se desfaz no ar
E esta minha sede de te rever
Quedou-se no brilho da noite estrelar
Que é ser mãe fora do tempo morno
E deixar-te ficar no meu ventre
Até ao nascer do sol-posto

Caminhas agora Tu mulher
Rosa púrpura
No deslizar da chuva
E fecundarás a poente
Num solstício breve
Que se encontra já a nascente
Saído do teu ventre
*
(Enquanto criança és e assim continuarás
Nas meninas dos meus olhos)
*
(Dedicado à minha filha - futura mãe)

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Gemidos


Passou agora aqui o canto das aves
Trazia rasgado um sorriso
(Como quando se ouve a Norte
O timbre do vento)
E as cores de alguns pingos de chuva

Gemido quente entre o tinir das lâminas
Amolador quedo e sisudo… pensa

Enquanto espero que um tom diferenciado
Amoleça o eco das minhas têmporas
Recebo na palidez do meu rosto
Uma asa ferida…

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Poetas


(Foto de minha autoria)
*
quis tanto dizer-vos o quanto vos quero muito
mas sempre que vos via passar na minha rua
a minha voz soluçava tanto
ficando aquém do meu querer dizer...tudo
*
(feria-me por dentro)
*
as feridas que sangram no meu peito
estão assim acomodadas
já foram vossa pertença
mas agora
aspiram sair para o lado de fora do mundo
são meras fantasias criadas
à semelhança dos sonhos cristalizados
*
antigos amantes das palavras
um enlace perfeito
as que nos dizem do mundo
da vida
do sonho
do amor
e da amizade...
*
será que pretendem ficar do lado de dentro
ou do lado de fora do meu peito?

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Cativeiros

(Imagem google)
*
Há olhares amofinados
Arredados
Do único ponto
Onde toca a Luz
Efémeros os gestos
Que os olhares tocam
Sem a nudez da alma

São de muito longe
Estes cativeiros
Lembrados ainda hoje
Sempre que se abrem
E fecham cegamente
Ao encontro
De um qualquer ponto
De passagem

domingo, 8 de novembro de 2009

Porto de Abrigo

(Foto de minha autoria numa cidade fantástica - Porto
*
Agradeço à noite
E também
A quem fez da noite
Um sonho meu

Cidade feita de sol
E de mar
E também
De Céu

Porto de abrigo
De um olhar cativo
Perdi-me na noite
Mas retive um olhar
Suspenso num sonho teu
*
(Em homenagem aos meus amigos do Norte)

Poema Infantil I(De José Luís Lopes)

(Foto de minha autoria - meu neto Guilherme)
*
Um dia uma criança perguntou ao sol:
- Sol porque não és só meu?
Se te debruçares para mim
Dar-te-ei estas mãos fechadas
Dentro delas mora toda a esperança
De um dia ter um sorriso só para mim.
*
José Luís Lopes
*
Um poema mesclado de raios de luz que se formam num único ponto...
onde ha sorrisos que se perdem e retornam à luz.
(Agradeço ao meu amigo JLL)
http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=106261

O Novo Caminhar da Alma (de Ana Coelho)


Áridos desertos a flutuar
Neblinas de areia ofuscam o olhar…
Os pés doridos vestem as feridas
Na tez do rosto perdida…

No alto do monte de Sião
Abre-se o caminho no centro das mãos,
O céu branco rasga trilhos
Para o novo caminhar da alma…

Levitar às portas eternas
Na cristalina luz
Absorvida pela presença inabalável da fé,
No firme fundamento
Que não se vê…mas que se sente
Assim como o vento que beija o rosto
Na fé fecundada no coração crente…
*
Ana Coelho

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O Brilho das Estrelas (P/mim)

O que nos move?
É este amor imenso á palavra escrita
É esta capacidade que temos
em acalmar a desdita.
É este mergulho intenso no desconhecido
É esta coragem imensa de descrever o sentido.
Não é a busca da fama ou da glória,
Não é o matar o tempo com relatos da memória.
É entrar no mundo da emoções da cada um

É tentar acalmar a dor da vida
das alegrias,
das tristezas,
e quem sabe do amor.

Não é a oferta do pão que vai matar a fome,
Não a denuncia das fraquezas de cada homem.
É levar a paz e a esperança aos corações em sofrimento
É trasmitir um pouco de luz
ás almas em desalento

É este caminho errante que nos leva á espiritualidade
É a angustia gritante que nos fala da saudade.
Não é só falar dos prazeres da vida terrena.
Não é só perfumar o corpo com cheiros de alfazema
É esta vontade de ir mais além
que este efémero corpo

É atravessar para lá da margem
que nos leve a bom porto.
É encontrar emfim aquelas pálidas centelhas
que brilham no sereno
MUNDO DAS ESTRELAS.
*
SÃO03-03-2009 (Agradeço à minha amiga esta homenagem)

Segredos Da Noite


(Imagem google)
*
Sabor dormente no sentir
Um calor que se define
Na leveza dos corpos
Enchentes de marés
Que vazam a dureza das almas
Mantos crus a esvoaçar

Mas as noites têm sempre um encanto
Um segredo guardado.
É na noite que me entrego a ti
Que me dispo de mim
E dos meus medos soltos
Que vagueiam por aí

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A Dor do Silêncio

Acorda num espanto
Um arco iris à minha mesa
Eu inteira à espera do mundo
Do fim de tudo e de mim

Edifico pilares...
Estímulos aguçam-me os sentidos
As enchentes de marés
Vivem na dor do silêncio

Albergue de pensamentos
Montanhas rasgam o céu
Derrubam-se as pontes
Que ficaram no fim

Arrasto-me até à minha janela
Reinvento as estrelas
A noite caiu
Não sei de ti...só de mim
*
(Poema escrito em 2007)

domingo, 25 de outubro de 2009

Ilusão

Visitei-te um dia por pensar que querias
ser mais que um verso solto...
Mas como não vi nenhum poema perdido

Fiquei só!

E tu entregaste-te à volúpia dos dias calmos
Ilustraste-me com as cores da lua sobre o rio
Mas o meu brilho difuso,
Afundou-se em águas calmas
E foi corrente vadia.

Um rio esquecido!
*
(poema escrito em 2008)

Nudez


Coloquei sobre a mesa
Flores que vi nascer no teu jardim
Saboreei essências doces
Que ficaram em mim

E tu trancaste um sonho predilecto
Nitidez de um corpo nu e quedo
Que se encanta com as cores
Do meu desejo e sofre

Coloquei sobre a mesa
Os amores que se despem no meu leito
Pétalas suaves e delicadas
Que perfumam o meu colo desfeito

E tu bebeste-me num sonho perfeito
Foste manto balsâmico
Untaste o meu corpo quente
Do suco que se verte e me cobre o meu peito
*
Poema escrito em 2008

Solta

Transporto-te silêncio…
Desliza no meu peito e sofre
É um cais onde se juntam
Serenas emoções
E a noite desce suave

Estendes-me a mão
E eu vou segredando
Singela paixão
E ficas assim
Solto como eu
*
Poema escrito em 2007

Se...

Pintura de Vitor Lages
*
Se o vento me trouxesse as mornas cores
Com que te vestes
E me falasse de um amor feito de rosas
Eu banhava-me em perfumes doces
Encantava-me com alguns sonhos
E oferecia-me em poemas ou prosas

Se a terra me mostrasse as raízes
Com que te ergues majestosa
Eu subiria em ti e veria a cor do céu
Onde te deitas
E pintava em telas as cores delicadas
Com que te enfeitas

Se as luzes da noite brilhassem
E iluminassem os teus olhos longos, duros
Eu seria uma estrada deserta
E tu virias ao meu encontro
E trazias-me um jardim em construção
Seríamos uma eterna descoberta
*
Poema escrito em 2008

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Sujeito-me (p/arfemo)

gosto de saber que me sujeito

deliberadamente,

sujeitando-me a ser um nome

no meio de tantos outros

em nome de algo que seja

a liberdade...

(Sou eu…sou assim na vontade)

SER SUJEITO (de arfemo)

Que o sujeito seja um nome,
Articulado e atento,
Ao desenrolar da vida
(Caprichosa, não cumprida,
Acidulada, vencida...)

Predicativo é que não.

arfemo

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Apresentação de Antologia "Tu Cá, TU Lá"

Uma edição da Temas orignais

Apresentação Drª carmo Miranda Machado

Autores:Ana Coelho, AnaMar, António MR Martins, Carlos FilipeConchinha, Conceição Bernardino, Dolores Marques, Gonçalo LoboPinheiro, J. C. Patrão, José António Antunes, José Luís Lopes, LilianaMaciel, Luís Ferreira, Lurdes Dias (Cleo), Miriam Costa e São Gonçalves.

José Luís Lopes escreveu:
Esta antologia não tem fins didácticos, não tem um trilho especial de pensar, não tem por base nenhum tema pré-concebido: é um convite à navegação sem rumo. O leitor poderá sempre aportar no abrigo que mais o colhe e partir de novo em busca de um mundo novo, sabendo que o que fica para trás estará sempre no mesmo lugar, e o seu lugar sempre será seu. Neste livronão encontrará Adamastores, encontrará letras jovens, sedentas de carinho, e incentivos para continuar sempre a escrever mais para si.

Francisco Coimbra escreveu:
É um livro com tantos capítulos quantos os seus autores, todos partilhando do mesmo modo dum espaço onde cada um se faz representar pelos seus poemas. Esta variedade garante riqueza na multiplicidade da Poesia reunida, aí temos o cenário certo para um tu cá, tu lá com a língua onde todos agem dando vida e expressão à linguagem plástica da palavra que procura nos versos construir poemas.

O evento decorrerá nas instalações da Manutenção Militar Rua do Grilo, nº 111 – 1900 Lisboa (Entre a Xabregas e Convento do Beato, pela rua interior onde circulavam os eléctricos), tendo início pelas 16h00, do qual irá constar:- Visita guiada ao Museu pela Drª Lurdes Nunes, que nos dará a conhecer o “Património Histórico e Museológico" desta instituição.
Tem um acervo heterogéneo constituído por documentos, fotografias, trajes máquinas de produção industrial, equipamentos de panificação mecânica de moagem, bolachas, café, laboratório e maquetes, entre outros.

Na antiga “Padaria Velha”, onde decorrerá o evento, podemos apreciar o revestimento numa das paredes, de 6 painéis de azulejos, que contam a história do pão. Estes azulejos foram fornecidos pela Fábrica de Faianças Outeiro e são de autoria de A. Pereira, datados de 1954. Foi neste espaço físico que existiu a primeira moagem e a primeira padaria, na M.M., em 1897.-

Demonstração de Taichi/chikung pelos instrutores; Drª Filomena Belo e Engº Rogério Gonçalves. (A Drª Filomena Belo é Professora na Escola Secundária D. Dinis, Mestre de Reiki e Instrutora de Taichi/chikung).

O QUE É O CHI KUNG:
É a arte de manipular a energia com êxito. Chi Kung ou Qigong é a ginástica energética para a saúde e a longevidade. Fundamenta-se sobre os princípios da Medicina Tradicional Chinesa. A origem do Chi Kung é datada de mais de 4.500 anos. As pessoas utilizavam uma dança para fortalecer o corpo, regular a respiração, activar a circulação sanguínea e curar doenças.http://chikung.com.sapo.pt/chikung.html

Participação especila de Pedro Branco com voz e viola
Dolores Marques / Ana Coelho /Anamar

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Fluidos Doces


Adormeces no meu peito
Evades-te…doce paixão
E meu sonhos são um palco
Em tábuas rasas sem figuração

Brisa suave…fluidos doces
Cai o pano no meu peito
Firme e hirto…sofre
Enceno um rosto perfeito

Esbarro-me com o vento
Que me consome o peito
Num sopro ligeiro…respira
Revela-se o meu corpo feito
*
(poema escrito em 2008)

Roupagens

Infame luta que dói
Entre muros empedernidos
Um olhar que se trai
Perante a vida que cai

Investidas rentes aos magotes
Em riste, traem o luto vestido
Despem-se da fome dos corpos
E balizam-se em bandos amorfos

E nas ruas vasculham à socapa
Roupagens de mulata
Rasgam cios nos abrigos
Fogem os mendigos

Chusmas, escondem-se espavoridos
Embrulham-se nas cores traídas
Que habitam o alçapão
Em noites onde não há verão
*
(poema escrito em 2007)

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Sobre "Ilusão Demente" de Giraldof

(EU)
*
Como comentar os teus poemas?
Como te dizer que também eu sou a ilusão no espaço,
e a erosão no tempo.

Como assimilar as tuas verdades
e as tuas inverdades
quando no meu pensamento me suponho ser uma
e no meu corpo, há caminhos gastos,
manufacturas do acaso?

Como te dirigir gestos que invento
se me disponho a ver-te
Num fim do caminho?

Inspiras-me sempre em palavras tuas/minhas /nossas
nestes caminhos que escolhemos

Ilusão Demente (de Giraldof)

(imgem Google)
*
O tempo é translúcido,
A ilusão opaca, demente.
Nas linhas de teu corpo,
Meu desejo, transparente.

Percorri teus trilhos, letras tuas,
Persegui teus murmúrios, tua voz,
Atravessei mundos de dois sóis.

Vesti tua seda, bebi sedes nuas,
Claustro é meu corpo em vela acesa,
Chama de brancos lençóis.

(Minhas feridas são imperfeitas costuras,
Suturadas em inesquecida dor.
Meu corpo é remendo puro,
Rendilhado na sombra do amor).

Translúcido é o tempo,
Opaca a existência, ausente.
Nas linhas de meu corpo,
Teu desejo, transparente.

Utopias são segredos de alma,
Versos sussurros do Ser.

Filipe Campos Melo (Giraldof)

- Natural(mente) e sem utopias, mas com todas as que quisermos conhecer em nós no encontro com o nosso eu mais real na interacção com todos os outros. Um livro que me esta a dar imenso prazer ler e que aconselho vivamente. Agradeço ao Filipe Campos Melo pela partilha

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Gaia a Terra Viva (P/Conchinha)

(Foto de minha autoria)
*
Gaia, a terra viva
Que me vê nascer e morrer
E talvez ascender…
Acolhe-me
No seu ventre materno
Por maternal ser...

Sublime e bela
Intensa nos momentos
Em que viver
É crer e poder


Suave adorno
Que me faz querer
Ser brisa amena
Eterno acontecer

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

1 de Setembro de 2009 (De Carlos Conchinha)

(Fotos de minha autoria - minha filha futura mãe)

Mãe
Não te tenho escrito,
Bem sei.
Justifico a ausência
Não estou bem
Lê nesta carta uma urgência
Mãe.

Definitivamente
Não sou da cidade
Passo uma tarde entre o Chiado e o Rossio
E tenho tudo o que quero
A natureza entra morta pelas portas dos fundos
Dos talhos
E em pacotes de leite UHT
Aqui não há mar
Não há amar

Quero gritar, mãe
Ah, como quero gritar
Que o meu sonho morreu
Assim que cheguei à cidade
(Até as estrelas morrem se a avistam)

Os homens mijam à sua volta
Como feras
E vão nos carros a tomar comprimidos
(Dizem que é para não sofrer)

A cidade não abriga o poeta
Não me sacio na cidade

Mãe, dá-me colo
Mãe, dá-me um abraço, dos teus
E devolve-me

A brisa
O sal
O sol
O sul
O brilho
As silhuetas
As serras
As planícies
Os golfinhos
As flores
As mulheres
Os homens
As crianças
As aves
O beijo
O eu,

Este filho que te adora.

Carlos Conchinha
http://www.worldartfriends.com/modules/publisher/article.php?storyid=10861&com_id=31041&com_rootid=31041&#comment31041

- Conchinha, meu querido, dou-te os parabéns por este poema e obrigada por estares aí

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Reflexão

Uma reflexão...
Um ponto de partida
Para mais um salto no muro escuro
De onde se podem tirar algumas sombras do caminho
E embelezá-las com a doçura da alma

Uma alucinação...
Um forte empurrão no vazio
Outras dores, outras lembranças
Onde os corpos se submetem
E os olhos rompem a escuridão da noite

Uma sucessão...
Um ensaio acrobático das cores que desfilam
Sem a leveza da alma
Degustação que se consome na dor
E nos ritmos apressados dos corpos

Uma vacilação...
Um imenso turbilhão que se desprende nas horas
Em que fui um grito e vacilei no escuro
Segredo volátil guardado na alma
Renasci quando te vislumbrei

Uma desilusão...
Rasguei o horizonte com as cores de um olhar
Singelo e triste
Vi-te a loucura com que vestes as cores das lágrimas
Nascentes em labirintos...escondidas

Uma germinação...
Trago-te sementes de um abraço esfomeado
E trazes-me um beijo ritmado
Com as cores do desejo
Um choro perdido lava-me as feridas tardias

Deixas no ar um perpétuo adeus
Lume queimando os mais altos cumes
E por fim...
Em meus braços adormeceu...
*
(Poema escrito em 2008)

domingo, 30 de agosto de 2009

Vida Que Acontece

Ser mulher é ser lágrimas caídas
E desabrochar
Como as flores mais destemidas
Sou uma flor de jasmim
Ainda por ser....

Sou olhos de água em rios estendidos
Sou o vento que passa breve
Sou nascente que corre desvairada
Ao encontro de todos os rios
E de todos os mares
*
Transformo-me em maré que amanhece
No areal dourado
E se estilhaça junto ao cais
Sou fonte inatingível do encanto
Que adormece entrelaçado
Em cristais enfeitiçados
*
Sou a vida que floresce
Em ramos empobrecidos
E em raízes esmigalhadas
Sou a vida que acontece
E um sol que não esmorece
*
(Do meu livro "Olhares" editado em 2008

(foto de minha autoria)

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Pérolas



São escusos os caminhos quando escuros de tanto caminhar. São encontros e desencontros nas encruzilhadas do meu pensar, se me perder por caminhos que me tentam barricar.

Mas não!

Serão só sombras nos indiferentes rostos que passam, e que marcaram vidas ainda por continuar. Há um mundo que me esquece, há um sonho que tenta arrastar-me contigo, como se fossem vidas com outros ainda por sonhar. Se eu pudesse, falava-te de mim e de ti em outros que vimos ficar, mas se tu não olhas nos meus olhos quando te falo, de que adianta ter voz, se é neles que estão desenhados os caminhos longínquos que temos que atravessar?
Precisas entrar, instalar-te e acomodar-te num dos lugares eleitos, aqueles que sempre te idealizaram, quando voltasses à cor dos dias e deixasses nas sombras da noite, um raio solar.

São pérolas os meus olhos!

Serão nus os teus, se os lanças em desatino desejo, por saberes que são tantos os que te elegem coroando-te de flores ainda por semear. Mas dou-tos se os quiseres, para plantares nos sonhos dourados onde moram todos os reinos, todos os samurais, todos os mestres, todos os líderes e todos os nossos guias - os teus e os meus, sempre que adormeço nos corais onde crescem pétalas vermelhas e tu me cobres com teu manto branco…

E as pérolas gastas, são a nudez dos temporais
(Foto de minha autoria )

sábado, 15 de agosto de 2009

Continuo Só...

(Foto de minha autoria - Vistas da minha aldeia)
*
Subi ao tecto do mundo
E vi-te a escalar nas montanhas
Imagens transfiguradas
Lembranças desmembradas
De um momento que ficámos sós

Sabes aquele fatídico dia
E o instante que o mar levou ?

Por ti faria tudo…
Mas como trepar ao céu
Riscar o teu nome
E baixar a tempo
De me encontrar
Em todos os nomes
Que conheço?

Do buraco da fechadura
Já não há nada que eu possa ver
A não ser uma réstia de luz
E um olhar consagrado
Que se mostra ainda no templo

Foi quando nos despimos um do outro
Daquele jeito só nosso…

Lembras do nosso desejo
Que cimentou a luta
Que travámos os dois
E das marcas registadas
Em frentes consolidadas?

É este agora que te traz a mim
E eu continuo só…

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Porque te Prometi

Prometi-te um poema
Em versos simples
E singelos…
Singeleza rima com tristeza
Será esta palavra gasta
No meu vocabulário de hoje
*
Só porque te prometi...
Um poema que versasse
Alegria num sorriso aberto
Um céu que brilhasse
Na abertura do tempo
O nosso tempo
Enquanto longe
Mas tão perto
*
Ai como te sinto
Nascente e poente
Crescente, rima com enchente
Assim, te bebo do olhar
Saciando esta sede
De adormecer
Num sorriso teu...
*
Um afago amanhece…solto
E é no descanso da noite
Que meus olhos são
Um mar fatigado
E é no teu rosto
Que recai uma lágrima
À espera de um colo sagrado

domingo, 9 de agosto de 2009

Gota de Orvalho

(Foto de minha autoria)
*
Sou gota de orvalho destemida
Errando e desfazendo os nós que me alucinam
Numa longa e invisível sensatez
*
Sou um cais onde as gaivotas vêm beber
Sou a fortaleza dos dias
Onde as marés aportam
Tempestades ao amanhecer
*
Porque me entrego neste mar sem sal
Se ainda sou só uma gota esquecida
Sobre folhas tenras e desprotegidas?
*
Porque teimo em ser oceano
Se sou só orvalho cristalizado
Sem encontrar o riacho que me eternizou?
*
(Poema escrito em 2008)

sábado, 1 de agosto de 2009

A Nua Praia


(Foto de minha autoria em maré alta)
*
Os corpos penetram a ondulação quente
De um mar audaz
E o sôfrego fluido escorre…

Abunda na maciez da corrente
Em maré alta
O sol refugia-se por entre as dunas
E cobre o areal tingido
Da nua praia

Enchentes escaldantes
Fendem as muralhas esquecidas
Cruzam-se no horizonte
E a força dos ventos
Anunciam tempestade no alto mar

Pétalas brancas definem-se
Num céu azul
Oscilam batendo livremente

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Dor de (José Luís lopes)


Se eu fosse poeta, meus olhos
Poderiam sempre chorar,
Carregar nas lágrimas o estigma
Dum fado nascido no acaso.

Aceno na esperança que me enxerguem
E, com a mão sempre aberta,
Disputo cada aconchego, com fé,
Agarro cada chama de afecto.

Procuro um novo trilho,
Um novo sinal, uma pista,
Talvez um fado chorado
Onde a voz fosse uma fé.

Tenho dias que morro apenas,
Noutros, parto com outros sem rosto,
Procuro um dia bem-aventurado
Onde o pecado seja mortal.

Mas os outros, como todos os outros,
Não sabem nem saberão nunca,
Que apenas procuro um assento
Onde possa apear a alma.

Dias há que posso até morrer de verdade,
Tragar um sabre cravado de amargura,
Não por inimigo desavindo, antes por
Um braço idiota preso ao passado.

A noite eterna já quase é um desejo.

José Luís Lopes
*
Não sei porque me prendo à dor, mais do que à alegria. Alegria sinto-a e exteriorizo-a. A dor fica em mim, suspensa, para que as lágrimas se vertam e permaneçam num rio corrente, e sem margens para desaguar.Mas as lágrimas que se escondem são aquelas que não vêm o sol no mar

Gostei muito deste poema José Luís.

Dolores Marques
http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=76947

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Simples Brisa


Como se pode esquecer

o que se vê neste início de noite,

de tão belo e tão doce

que me entristece

não poder ser mais

que uma simples brisa


segunda-feira, 27 de julho de 2009

Atracção ou Mera Suposição

Sou no assombro dos dias
Desassossego
Lamento
Ansiedade
Escuridão
Aguardo pelo mundo que sofre
Em constante agitação
*
Sou choro tímido de verão
Tenho na voz um resguardo
Sou palco suspenso
Pura figuração
E no sorriso de uma criança
Sou mais uma contradição
*
Ainda em estado amorfo
Vou palmilhando socalcos
Que sobrevivem no tempo
Em que morrer
Era sonhar e voar
Um estado de contracção
*
Atracção
Paixão
Condição
Ligo-me aos ventos tardios
Que me trazem paisagens de um sonho
Aí repousa o meu corpo
Sou mera suposição
*
(Coitada de mim se soubesse
O que viria num tempo
Puxado pelas redes da paixão)
*
Lânguidos olhares que se fecham
Num único alçapão
Sinto na boca um vulcão
Que engoles sempre no verão
E no peito uma corrente
Que teimas em escrever com a tua mão
*
Há um fio que nos liga
A terra é um manto branco
E o céu pintura abstracta
Traços vermelhos que são
Entre o nascer e morrer…
Mascarar o sentimento
Com as cores que pintam o chão
*
Vê-me um olhar perdido
Face escondida
À procura de nada
*Serei também eu
O regresso às origens
E sentirás na corrente
Um corpo que morre
No calor da Paixão

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Sentimentos

(Imagem de Bárbara Elias)

Há um sentimento por detrás de certas palavras,
onde se desenham perfis de sílabas que se gastam
quando lhes pegamos
e as transformamos em proveito próprio.
*
Há prazeres que se gastam...
*

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Aromas Doces

(Eduardo Cambuí Junior artista plástico)
*
Um sonho
Uma porta entreaberta
Essências esquecidas
Flores de jasmim

Pronuncio o teu nome
Falas-me assim…
Absorvo-te nas palavras
E deixo-as suspensas
Eperando...
Sentindo-as em mim

Um presente inacabado
À espera de aromas doces
Flores de Jasmim

http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=38581

"Autofagia" de Giraldof (a propósito de molde inexacto)


(Imagem de Jet em www.Olhares.com )

Molde inexacto
Traçado no xisto.

Ser fatigado, estafado,esgotado.
Persisto.

Escultura de letras,
Paradigma poético.
Estrofe mutilada,
Fonema acético.

Foge o tempo,
Medo imprevisto.
Desfaço,
Refaço.
Não parto.
Persisto.

Constante letargia,
Destino encalhado.
Verso sofrimento,
Poesia momento.
Insisto.

Autofagia.
Ainda existo.
http://www.worldartfriends.com/modules/publisher/article.php?storyid=9148

Moldes (P/Giraldof)

( Imagem de André Louro de Almeida)

Um molde inexacto...

uma mistura de afectos

que se perdem no rumo da história....

Comentário em:

terça-feira, 21 de julho de 2009

Anjos



Neste e noutros mundos
há sempre um sonho à espreita

Em todas as ruas
há casas desfeitas
há becos sombrios
há de tudo um pouco

Mas há sempre um sítio
onde guardo os afectos

Mesmo que mal arrumados....
vou lá e trago-os ao colo...

Ofereço-te hoje um momento
que ficou parado lá atrás...

Um dia que roubou de mim tudo
até tu, na companhia de um anjo


sábado, 18 de julho de 2009

Paixões Proibidas

( Foto de minha autoria: topo de uma escultura em ferro)

Será na penumbra da noite
Que os sons se perderão
Será sempre no silêncio de mim
Que os tambores soarão

É agora o momento
Da total loucura
Onde se transforma a paixão
Amar-te
Amar-me
Perder-me
E esvaziar-me
No términus de um caminho
Que está ainda por percorrer

Será sempre um reino
Que há-de vir
Serei eu sempre a mulher
Com um destino a cumprir

Nas minhas mãos
Traço os contornos dos dias
Afundar-me
Justificar-me
E encontrar-te
Na procura de mim
E nas incertezas
Desenterrar todas as raízes adormecidas
E cobrir-me de terra fresca
De um único chão

Será na alçada da noite
Que colherei o perfume das rosas
Procura-me em todas elas
Um canto, um poema ou a última prosa

sábado, 11 de julho de 2009

Sinto

sinto-me assim
um misto de loucura impaciente
a transbordar
como onda no meio do oceano

mas gosto de saber
que sinto tudo o que sou,
e sou tudo o que sinto


sexta-feira, 10 de julho de 2009

Sou...


Sou um vento que passa breve
E pinto esta tela tosca
Onde as palavras gastas
Ganham força
*
Sou refúgio
Sou um fardo belicoso
Sou maré, sou enchente
Sou estridente
Sou gente que sente
*
Em esperas ansiosas
Dispo-me de olhares e de mendigos
Que se estendem
Num mar inerente aos perigos
*
Sou potente, sou betão
Sou um sim, sou um não
Sou negrume, sou o chão
Sou a dor presente
Sou gente que sente
*
Há nesta pintura abstracta
Mais do que arte e "décort”
São desfiles multicolores
Mas à vista…
São só rumores
*
(Escrito Maio de 2008)

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Alquimias


Se as vistas
Que (a)visto daqui
Me trouxerem o teu sorriso
Mergulho nesse mar que vi
E sugo-te o mel que coalha
No teu corpo

És já um instante
Que percorro
Sedução e paixão
E a minha boca
Um sopro quente
Alquimia soletrada pelo chão

E lá que me encontras
Em constante agitação
Apartei-me do meu rio
E sou-te onda presa
Maremoto onde aprumo
A minha solidão

Sou nas brumas da memória
Um corpo só
E na alma…
Todos num
Sou nos tempos idos
Um vulcão que morreu na tua mão

Vê como sangra ainda
E corre por todos os rios
Ao encontro das vestes idas
Onde o sol reparte
A melhor parte do único verão

Dou-te a minha boca
Sê tu um único trago
E sacia a minha sede
Que morre aos poucos
Num descampado
Onde se juntam as estrelas
E se arrumam outros sóis
Sem embarcação

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Encontros

Foto de Minha autoria

Afagam nas madrugadas
Um ventre imaculado
As tardes em que o sol
Trepa o rio
E fica do outro lado das casas

As luzes apagam-se sempre à mesma hora
Olho os reflexos na água
Que se aquieta
E se alonga num céu tingido
Onde o luar é sôfrego
Por uma noite só...

E eu ouço-te no caminhar das águas
Que correm silenciosamente
Pelo meu corpo
E as gotas ficaram paradas
Num ponto morto
Onde os meus olhos se fecham
E a tua sede
É una no meu peito

Deixa-me saber-te aí
Para um encontro
Nos sonhos
Que deixamos hà tanto tempo
Esquecidos

sábado, 6 de junho de 2009

Vozes dos Mil e Um Poetas


Auto-Retrato
Encontro-te…
Poeta de mil vozes
A encantar os sonhos
Do meu imaginário

Eu, a correr pelos campos
E tu a despontar
Dos corais no meio do oceano

E ouço-as!
As vozes dos mil e um poetas
Jóias raras da cor da luz

Foi lá que me fiz
Uma e outra…
Quando me vi reflectida
Na eterna lucidez
Das águas mornas

Aquelas que enchem os rios
Do meu desassossego

E tu poeta de mil vozes
És nascente que seduz
Os olhares cativos

Alimento da alma
Que jaz em pedaços
Junto à foz.