sexta-feira, 22 de maio de 2015

Um ou dois, ou três,ou....quatro

Viver a vida de alguém, pisar as suas pegadas, respirar o mesmo ar, copia-lo, querer ser ele, querer ser tudo o que ele é, crer no que ele crê, e a somar a isto tudo…

Ainda ser o que se veio aqui para Ser, é de mais, ou de menos.

Por isso é preferível criar novas coisas, como por exemplo novos nomes, porque por muitos nomes que se criem, através dos quais se desempenham vários papeis em múltiplas histórias, no final serão UM SÓ!

Labirinto

Entrar num labirinto e encontrar uma saída, quando já todos tiverem desistido, é como encontrar as portas do céu.

Chegando lá, chegaremos a todos os lugares do mundo.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Espaços

Poderão ocupar um espaço qualquer que venha ainda do passado, e que já se encontre no presente, ou até se preferirem que o saibam futuro. 
Poderão sim ocupar até um espaço de outrem, desde que tenham consciência, de que no céu terão que ocupar o vosso e o de mais ninguém.
Reflectindo, saberemos todos onde nos dirigir, sem encontrões nem atropelos da consciência ou da razão.
Reflectindo, saberemos encontrar os verdadeiros motivos que nos fazem ser inconscientes, quando traídos por qualquer lugar mal ocupado pela emoção.

(Os lugares designados por Deus serão um lugar de eleição e não um local de reflexão)

Dolores Marques ÔNIX 2015

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Um poema de Carlos Teixeira Luís

NAS OMBREIRAS DA PORTA

escreve dias
não te esqueças, escreve tempos

não vivas
não escrevendo

não sejas parvo
não tires fotos a ti próprio

não convivas como autor
não o sendo

foge das conversas vãs
apega-te ás conversas simples

não fales do que escreves
não fales do teu tempo

não extrapoles sobre os teus dias
pode não ser tempo

não enganes os outros
enganando-te a ti próprio

o leitor é que faz o dia
o leitor sabe

torna-te útil
ouve os outros

ouve-os a todos
por favor, não tires fotos

a ti próprio
não sejas parvo

lês um autor parvo?
um personagem de rede social?

não te esqueças
escreve tempo

cria animais
vive com e para pessoas reais

a sede aparecerá
encostada nas ombreiras da porta

sinuosa ou desprotegida
pronta a ser acolhida

agarra-a
se não fores capaz

se não deres por nada
então

então
esquece tudo isto

vive
faz-te gente

Carlos Teixeira Luís
http://carlosteixeiraluis.blogspot.com/

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Auto das Almas pelo grupo "Almas no teatro"


Temos sempre dois caminhos: o copo está meio cheio ou já entornou?"
Sem nos darmos conta, somos convidados a participar, ainda que imóveis e calados. O nosso pensamento voa para junto deles, compondo cenários e espaços, onde eles interagem, mas, sempre focados em nós. Como se nós fossemos eles e eles fossem nós. Fantástico! 
Sente-se, vive-se, anima-se o corpo e a alma, despertam-se os sentidos todos com este “Auto das Almas” muito a propósito do estado de coisas em que as nossas almas vivem. MUITO BOM! Almas no Teatro. Mais uma vez parabéns ao Grupo de actores e em especial, a Jorge Meirim, Encenador e António Figueiredo Marques, pelo texto
DM



Em cena até 30 de Maio
Sexta e Sábados, às 22h
Entrada livre mediante reservas para: almasdoteatro@gmail.com

Sinopse
O Auto das Almas MMXV é uma visitação pelo percurso das nossas vidas: o amor quotidiano e exacerbado, as tensões do poder, a criação artística e do estado de coisas. É um jogo de quadros que nos leva numa visita ao teatro antigo para chegar ao teatro moderno. 
A evidente piscadela de olho ao Auto da Alma de Gil Vicente é apenas a base para nos libertamos de uma história e fazermos um brainstorming do que cada alma deseja. 
Temos sempre dois caminhos: o copo está meio cheio ou já entornou?
Ficha Técnica
Texto: António Figueiredo Marques
Encenação: João Jorge Meirim
Assistente de encenação: Francisco Soeiro
Apoio à dramaturgia: Cândido Ferreira
Elenco: António Figueiredo Marques, Catarina Carvalho, Dora La Rua, Eduarda Manso, Fernando Marques, Francisco Soeiro, Geny Neto, Joana Domingues, João Raimundo, Marta Mendes, Sara Teles e Vera Lúcia
Luz e som: Jorge Loureiro
Interpretação musical: Ritmos de Resistência, Basset Hounds e Lone Lisbonaires
Coreografia: Carolina Rodrigues 
Ilustração: Joana Mendes
Vídeo promocional: Edgar Feldman
Carpintaria: Cecílio Reis 
Classificação etária: M/12
Parceria: Palco Oriental
Apoio: Junta de freguesia de Arroios e Câmara Municipal de Lisboa 
Ao abrigo do programa: CML - BIP/ZIP
Companhia: Almas no Teatro – Associação Recreativa Taberna das Almas
Morada: Regueirão dos Anjos, n.º 68-70, Lisboa, Portugal



sexta-feira, 8 de maio de 2015

Nada mais

Tudo é movimento ocular
de um olho apenas
quando este se fecha
e não se interpõe
ao que o outro faz
ou desfaz na noite
quando o sonho 
se propõe ser um sonho
e nada mais do que isso

Dolores Marques.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Ao Fundo de Vós

Tenho muito para vos 
Dizer e tanto 
Para vos contar
Aqui neste ermo em tons 
De azul

Sinto-me tão cansada!

Dói-me o corpo
Quando penso
No que tenho para Vos
Dizer e sem tempo
Para tudo


Que sinto me faltar a voz!

Fraca, já rouca
A esmorecer-se
E a contradizer-se
Ao fundo, ao fundo
De Vós

Não tenho tempo
Para tudo 
Mas sinto que tenho 
Ainda tempo 
Para Vos querer tanto
Como o que tenho
Para vos escrever

Dolores Marques

Um dia rosa

Era um dia a começar
Do nada ou de um tudo
Que era somente
O breve esvoaçar das aves

E nos telhados
Sopravam ventos cansados
Da minha voz


Da minha voz firme 
Debaixo dos telhados
E das janelas fechadas
A ouvir lamentos
Ainda em sobressaltos
Por entre os lençóis

Era um dia rosa
Pintado dos dourados
Dos olhos fechados
E dos braços encolhidos
Na janela aberta
Para a madrugada

E eu simplesmente 
Aquecia o corpo
Debruçado no cais
À espera da manhã
Em sobressalto
Ainda nos telhados
De uma casa vazia

Dolores Marques