quinta-feira, 30 de junho de 2011

Se soubermos de nós



(Este painel da autoria de Andradarte:

http://andradarte.blogspot.com/)


È tão fácil ires
Como o foi, chegares
Neste encontro tardio
Como tardios são todos

Os momentos fugazes

Foi num dia sem hora
E numa hora sem dia
Como um segundo
Na noite que nos sentiu
E nos disse quem éramos
E para onde íamos

Talvez a vida
Nos diga agora como ir
Sem pressa de chegar
Se soubermos de nós
A acordar na madrugada

Avesso de mim







Encontro-me neste sentir
Como quem sabe

O que sente
Mas fujo de mim


*
Parada no tempo
Perdi o norte
E o tempo



Para partir
*



Há uma pedra
Em cada caminho que piso
E um buraco sem fundo
Onde me escondo
*
(Nem a luz
Me veste pela manhã)
*
Preciso de mim
Neste momento
Em que descubro



Um fundo vazio



*
Um fundo



Que me sente
Sem saber



O avesso de mim



*

terça-feira, 28 de junho de 2011

Expressões vs Impressões




Expresso um sentimento
esboçando os traços dos teus lábios
pintando a cor do teu sorriso
ou naturalmente
avivando os movimentos
que dás ao corpo

Um modo de assimilar as expressões
impressas numa folha de papel em branco
largada ao abandono
nas ruas por onde passo

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Um princípio




Acerca-te de mim e vê um princípio ao teu querer ser em mim. Copia-lhe os sonhos, mas não deixes de os eleger fonte do teu saber - a renovação de um circulo em redor de uma quadratura imensa – um ciclo novo a acontecer. Refaz todos os movimentos viciosos e aguça-lhe as pontas, para que delas nasça uma nova orientação a saber-se dona de todas as ondulações que se acabam no meu corpo.

Caminho sozinha, mas não deixo que meus pés me levem onde não quero ir. Saber-te nesse circulo com pontas a mais e curvas a menos, é saber que há vontades próprias e almas sofredores a partir o cais pela metade. O mar finda-se e o horizonte é para lá dos meus olhos, a linha recta que se quer partir sem chegar. Eu sou só uma figura a cair em desuso, sem saber onde me enquadrar nestas paredes negras de um cais sem cor e movimento.

Enquanto houver vida




Não quero saber do mundo
Nem tão pouco
Do universo inteiro
Não importa o nada
Nem o tudo
Que me faz
Ser alma, e sossego


Sei apenas que me quero viva
Enquanto houver vivalma
A povoar a terra


Serei dona dos meus próprios passos

Quando ela me mostrar
Que há vida
A sustentar os meus sonhos

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Sei-te

Sei-te em palavras e gestos
Sei-te em sorrisos e alma
Sei-te de uma forma esbelta a lutar contra as correntes
Sei-te de tantas maneiras e feitios, (em formas obscuras e em linguagens obsoletas)
Sei-te de cor, atraves das minhas lembranças
Sei-te de tantos jeitos, e nenhum me diz nada, porque eu sou nada para ti
Mas tenho ainda tudo o que preciso para te encontrar, mesmo que esse encontro seja só no pensamento.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Sempre que te sinto



a um canto sozinha
deixo-me embalar
pelo meu próprio canto
sempre que te sinto
a acabar no meu corpo

serena e confiante
abro-me agora
para te receber
na medida certa
que eu quiser

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Aí pelas vinte badaladas




diz-me se vens

e estarei pronta ao cair da noite

aí pelas vinte badaladas

soando na torre

abraçarei o teu nome

olharei as montras de um relógio antigo

e

encontrarei no tempo

o exacto momento

em que virás quebrar-lhe a corrente

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Em Silêncio







se eu pudesse

dir-te-ia

das pálidas noites

onde guardo

todos os meus segredos
*


dos contos escritos

nas paredes

onde meus olhos

rabiscam todas as palavras


*

um grito…

até ao silêncio

onde moras

para que me diga

o que ainda resta de nós

*

Escultura: Ricardo Kersting

Um Ser


Foto D.M.)

"Amo-te"
faz disso o que quiseres
e como te der mais jeito
pois esse

é o meu jeito

uma forma única de ser
um Ser
em movimento
e resplandecente
nas ondas do teu prazer

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Sentimentos

(foto: D.M.)




Há momentos aos quais não podemos fugir, quando se vive e enquanto se vive de acordo com valores adquiridos ao longo da vida. Há vivências alicerçadas num ambiente onde reina a nobreza de sentimentos, e se vive de acordo com um sentir fundo, como fundos são todos os lugares que se encontram num ser em movimento para lá do que a mente exige. Daí existir esta concordância em desacordo com o que se vê e se sente, quando só se quer viver de acordo com o que se recebe para se sentir vivo.

(Isto tudo só para lembrar uma única palavra – AMO-TE)

Contudo, a vida traz sempre o que faz falta, para nos mantermos alerta, e quando a mente exige, abdica-se do sentir, para nos tornarmos mais gente, aos olhos de quem só vive através da mente e quer ser gente a sentir no corpo a adrenalina de um prazer que sente, sempre que há gente a viver de um sentimento profundo.

Não me interessam os pontos negros, mas tão só as vivências que esses pontos me trazem, quando passam da cor negra e dão largas a várias cores que me seduzem ao ponto de me deixar ir sem pensar muito. Gosto de saber de outros saberes, e da forma como transformam a vida em seu redor, mas gosto mais ainda de me sentir gente, mesmo quando me cobrem o corpo com os seus movimentos.

Mas, como nem tudo o que reluz é ouro, esse saber deixa-me sempre a pensar num único ponto: onde está o fundo que deu voz a esse saber, sem saber como reagir ao sentimento mais profundo?

terça-feira, 14 de junho de 2011

São Gonçalves deu voz em "As Escuras Encontro-te"

Último Grito

(imagem google)

*


Há um novo esboçar da alma
Um caminho novo a seguir
Porque já não és eu
Nem eu sou tu
A soerguer vidas
A dizermo-nos de um amor
Que nos mencionou
Enquanto dormíamos

A mentira tem um novo alçapão
A abafar os modos
Que nos levavam
A ser um só

Na noite

*

E ela é-me tão fria
Como quando estava só
E por ti esperava
Para o último dos banquetes
*
É este o lugar eleito
O último grito de prazer
Que nos juntou
E nos fez delinquentes
Nos caminhos
Que percorremos

Os dois

*

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Destino

(Foto: D.M.)

Amo-te, sabes disso!

Sempre que de ti para mim
E de mim para ti
Há um novo caminho
A percorrer

Um destino a haver

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Pensar...Só





Pensar só… é como sentir só…

…….é como viver um sentimento, a vasculhar o vazio que ocupa o mesmo pensar SÓ…mente, em pensamento

Mas há pensamentos que valem mais, do que um sentimento morto a querer renascer nas sombras de um AMOR …Só!

terça-feira, 7 de junho de 2011

Forte

(foto D.M.)

Vida na vida
Luz na luz
Nudez plena
No meu corpo
E em todos os poros
Se contradiz

Forte
Este forte
Que não tem farol
E não se vê
A contra-luz

Forte
Tão forte
Este ondular
Um mar presente
No meu cismar

Sem céu
Nem horizonte
Nem alma
Nem um sonho
Que me seduz

Forte
Este forte coabitar
Sem nunca falhar
Nem s'entregar
Ao mesmo forte
No alto mar

Para sempre



(Foto D.M.)


Um choro perdido
No meio do nada
Um nada que se define
Para sempre nada
Enquanto as lágrimas
Enchem os carreiros traçados
Pela erosão do tempo

*
Um tempo mole
Em todos os poros fechados
Que nunca acaba
Nem se mede pela metade
Que nunca se perde
*

Caminho a teu lado
Mas não vês
Este corpo cansado
Este olhar baço
No centro da tua vontade
*

Um choro que é rio
e
mar
e
oceano
*
Corrente baixa
No meu colo fechado
Soma dos ventos
E das marés
Transviadas
*

Quero-te a valer
Para sempre
Porque não vejo em ti
Algo que me diga
Um sim
Ao meu querer
Ser em ti?
*

Acordei na hora certa



(foto D .M.)



Acordei na hora certa....


(Todas as horas são exactas para sair de um estado moribundo e entrar num mais de acordo com o meu reflexo. Esse imenso brilho que me quer inteira um dia após o outro)


Como passo as noites? Viajando por lugares incertos, onde a liberdade é a conjuntura de vários momentos.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Ir ao fundo

….. nem a luminosidade do dia me faz enxergar para lá deste espaço fechado.


Tenho os olhos em bico e a boca com freios.


È necessário saber andar no escuro e ir ao fundo de todos os fundos

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Serena

(Escultura Ricardo Kersting)



Serena e dotada de um sonho
Que já foi meu
Fui acabar
Sem decifrar
Este mistério
Onde apoio os braços
E descanso a cabeça

Tenho mas não sei
Onde guardei
Todos os sonhos
Que me fazem ainda respirar

Flores Silvestres



(foto; D.M.)


indiferentes os campos
vêm nascer as papoilas
já mortas
nas memórias traçadas
pelo vento
acostumado a viver
sem Norte
sem chão

indiferentes os traços
caem vivos
na minha face
e dispersam-se
no meu corpo moribundo
boicotando as cores
da terra seca
que antecedem os Invernos
dos meus olhos

Olhares

(Esculturas: Ricardo Kersting)




há sempre uma visão nova

mediante um olhar novo que vê a coisa…



mas se essa mesma coisa

se dissipar na incerteza

nada será como dantes

em que se trocavam olhares

na esperança de alcançar

o verdadeiro mundo



dar-te-ei a mão

se ma pedires

dir-te-ei de mim

se mo consentires

serei sempre a mudança

acabada de nascer

no olhar

que queira ser mais

do que uma simples

coação do momento

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Canais



(Imagem Google)



Hoje o pensamento não passa de uma fonte de rendimento às causas mais obsoletas dos vários tipos de linguagem. Satisfaço-me por completo quando durmo. Enquanto isso, não me canso a tentar ocupar um espaço, que por si só, já comunica com os vários estados diferenciados, onde assenta os seus ideais.

(Melhor deixá-lo em paz, esse canal exequível e transmissível de bactérias nocivas ao meu poder intelectual).

Por tudo o que me passou hoje pela cabeça, encontrei a forma mas ajustável ao meio ambiente onde vivo, já que o pensar obstruiu todos os meus canais interiores e exteriores, e até se fez caminho para que ao Norte vá chegando e com o Sul me vá sustentando. Imagino-me sempre a correr de um lado para o outro, mas este peso que me ocupa parte do imaginário é já uma continuação de um pensamento abstracto a querer alcançar a lógica que escapa à verdade de um raciocínio ímpar, e ao mesmo tempo esperançoso na vivencia em paralelo com o mundo que o criou. Esse é um mundo à parte, quando me identifico com os medos de sofrer por não poder pensar em nada, a não ser na minha linguagem inexpressiva de hoje.

Este corpo a querer fornecer novas atitudes perante a decadência de um lugar inóspito, sempre que se deita à espera por novas investidas de um sonho, onde o pensamento não passa de simples embuste a deixar pegadas num solo infértil. Pudesse eu saber onde vou sempre que o meu corpo aguarda por novos ajustes ao meio, e seria a metade na procura da outra metade, onde o pensar é só um caminho para chegar ao centro onde reside a minha vontade.

(Criei um corpo novo! De que adianta saber-me dona de corpos estranhos que não sabem como percorrer as várias entranhas, enquanto permaneço acordada sempre que sonho?)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Indiferença




Longos são os dias
Numa cidade indiferente
Esfarrapada e negra…

A poeira acumulada
Sobre o brilho acorrentado
Dos jardins floridos,
Ou dos cais apodrecidos
Desfaz-se na noite
Ao som das flautas roucas
Ou de concertinas tortas

Tristes são as noites
Sem a clareza dos dias
Geladas são as noites
E as manhãs tardias



Do livro "Olhares" em 2008