sexta-feira, 28 de junho de 2013

Naturalidade das coisas

a naturalidade 
das coisas terrenas
um farol perdido no mar
uma luz ténue ao fundo 
que espera pela nova ordem 
de todas as coisas naturais

SE...

Se soubesses 
de tudo o que eu sei...
já terias tido o último gesto do adeus
e pedirias ao céu, um novo fundo
para guardares a tua nova história

terça-feira, 25 de junho de 2013

Exílio





Temo que me condenes
Ao teu silêncio
Esse refúgio onde  matam a fome
Outros silêncios
Sentenciados e exilados 
Na minha memória

quinta-feira, 20 de junho de 2013

O livro de São Gonçalves e Edite Melo




Não há como ficar indiferente à vivacidade dum olhar novo, de uma nova era, a era dourada onde todos somos crianças até ao final de um tempo. O olhar que vê e quando sente, diz claramente e com objetividade o lado harmonioso das coisas, mesmo que a subjetividade o queira levar para outros lugares onde a realeza acontece. Ali existe a real verdade onde a poesia fala e respira a ordem natural de todas as coisas sublimes, de tudo o que é simples e belo, tal como o é, o olhar novo através duma criança quando ela própria nos diz:

“Desafio-te a me dizeres onde guardaste as palavras todas. Estão nesse baú de memórias que me descreveste num fim de tarde, quando me dizias que eram palavras, só palavras vazias de sentido?

Desafio-te neste instante em que se quebram todas e se fazem em pedaços neste chão.
Sabes de que é feito o seu corpo? De cristais e mais cristais coloridos onde se escondem os olhos todos.
Desafio-te a mas contares como contavas as pedrinhas coloridas do rio, na concha da tua mão. Era um rio livre e sereno esse que te enchia os olhos de luzes e cores. Lembras?”

Dolores Marques com um beijo de parabéns à São Gonçalves e Edite Melo.


Dor do silêncio


Que silêncio estranho habita em mim
Emerge ali um liquido brilho
Um ponto que une outro ponto
Tecendo um murmúrio sóbrio
Mas serôdio que s'embebeda
Da última taça de vinho

Advento que se proclama e até reclama
O meu olhar atento ao novo arco íris
Sentado agora em frente a mim
Enquanto me arrasto até à minha janela
Para ver o retorno das marés

(Reinvento as estrelas ao cair da noite)

As montanhas já rasgaram os céus
Derrubaram-se já todas as pontes
Mas esta multiplicidade de cores
São pingentes disfarçados de pudor
Proliferam nos meus olhos baços
Por quanto é esta espera
Pelo fim de tudo e de mim


(2008)