quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O absurdo caiu sobre a Torre de Babel

ninguém me diz
que mundo é este
que tempestades
estão para chegar
quantos ventos
irão tardar

esta brisa
já não me toca
como dantes
no meu corpo
ainda à espera
da última viagem

estarei pronta
mas já não sei
onde ficaram
os meus olhos
nem mesmo
do seu último
sacramento

sei que se abriram
ao novo céu
que baixou à terra
consumindo tudo
até à última bolha de ar

lembro de muitas
noites acordada
mas não saciada
por esse silêncio
onde enterrei
alguns segredos
bem fundo
era esse lugar

nem sei como
cortar a corrente
ao mergulhar
e nadar nua
sem me sentir sua

é como
um rio parado
sufocado
até consumido
pelos ventos
que tardaram
mas chegaram
finalmente
ao centro
do epicentro

o ponto mais alto
onde me encontro

já ninguém me diz
como recuar
ninguém me fala
de outros mundos
de novos sonhos
agora tudo é
confusão
baralhação
desilusão
a continuação
do nada

o absurdo caiu
sobre a torre de babel

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

As vezes

Às vezes…os dias não são dias
Às vezes…as noites não são noites
Às vezes…os sonhos não são sonhos
Porque às vezes…eu não sou eu

sábado, 3 de agosto de 2013

Memória dos dias santos

Pelo que 
já vi
e ouvi
tudo é possível
tudo é visível
na pluralidade
das coisas
tudo se encontra
no acetinado
do ventre

(no centro da pirâmide
tudo se agita
mas tudo se aquieta)

Pelo que
já vi
e senti
tudo é alegórico
até a passagem
do silêncio
se encolhe
num vazio profundo

(no topo da pirâmide
tudo sobe
mas tudo desce)

pelo que
já vi
e antevi
tudo se move
na imobilidade
do tempo
um tudo gélido
travestido 
delinquente
na memória
dos dias
santos

(na base da pirâmide
tudo aquece
mas tudo arrefece)

Pelo que
Já vi
e até desmenti
tudo é nada
nada é tudo
um tudo moribundo
e metafórico
um tudo que acontece
mas que esmorece

(no espaço etéreo da pirâmide
tudo se ilumina
mas tudo se apaga)

por tudo o que já vi
ouvi e senti
e até antevi
os corpos
já estão cansados!

Dolores Marques - ônix/13

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Até ao Amor

Se não conseguir
mudar a rota dos ventos
e  chegar a ti no teu tempo
farei todos os possíveis 
para não te ver partir
não sem antes te dizer
o quanto esta espera
é desesperante
o quanto me dói 
este medo de te perder
na imensa claridade
que te envolve

tenho os olhos baços
de tanto os arrastar
nesta incessante procura
 da linha que se projeta
até ao ponto final 
do nosso encontro

DM - ônix - Eventos/13