domingo, 11 de dezembro de 2022

Simplesmente


 Em "Simbioses Montemuranas"


Conheço o vento e a força

dos elementos

como quem se faz ao mar

ao encontro das marés


Descansam mares nos meus olhos

e rios no meu corpo


Seguro nas palmas das mãos

um sopro de serra, como um punhado

de aragem miudinha

e nos pés, o fogo do último astro


Tenho ainda, Terra à vista

para o que der e vier

ou para o que quiser ser em mim


Dolores Marques

Eu

 


sexta-feira, 26 de agosto de 2022

todos me diziam

Todos me diziam que era a hora de ir embora. 
Eram aqueles, cujo medo os induzia ao sono,  um velho cansaço do corpo, as vestes rasgadas, os corpos imundos de um tempo ainda não passado.
Eram também, os que eu não conhecia do mundo castigado pela fome. 
Todos tinham gritos mudos, horrores por dentro e por fora.
E eu continuava a escrever poemas, cujas metáforas já tinham abalado porta afora.
O amor deixou de ser tema
O cenário reconstruído
Actores nus, um deles tocava piano, um outro dançava, e ainda outro suspenso do telhado gritava os mantras de um céu esburacado.
Estava tudo em vésperas de Outono, o mês do doce Setembro
O Homem só me aqueceria em Dezembro.
....
Dakini

quarta-feira, 29 de junho de 2022

Habitantes de um lugar

Eu era feliz, dizem- Poema de Dakini, pseudónimo de Dolores Marques

opostos

Opostos

Os opostos nunca foram tão próximos como agora
porém, perdidos uns nos outros

Tudo se organiza em prol de uma identidade dissimulada 
à roda de uma fogueira acesa
onde nem a razão é chama que arda como um primeiro elemento
a seguir ao pensamento

Talvez a chuva ácida mergulhe nesse fogo ardente 
e se dê a clarividência 
de todos os que ardem sem razão alguma

A arena, o cenário dos amaldiçoados
ensaia-se a tirania, 
cristalizam-se os trágicos momentos
servidos em taças de cristal. 
O cálice do sangue derramado é o apogeu
a consequência de tal acto animalesco
Acção vs Reacção

Impunemente a vida tratará de dar a conhecer uma das leis Universais que nos regem a todos.
Nada fica por resolver num cenário, onde se joga com a vida em planos desiguais.

DM

infinda é a noite

Infinda é a noite 
dormitório de todos os vivos
e dos mortos  
momento sepulcral da consciência 
activa e reativa 
para o bem ou para o mal 
ali assumidos

Fecham os olhos
abrem alas na imensidão
dos seus medos. Voam no espaço 
sem tempo, até ao jardim 
dos pólenes nocturnos...

dm/ônix

Dor



Há dias
que a dor
ainda é o que me leva 
a esboçar alguns traços da minha pele

Serôdios momentos 
nesta paisagem agreste
acostumada a receber todas as fluentes
que enchem as margens de um rio qualquer

Dolores Marques.

sexta-feira, 24 de junho de 2022

lâminas

Lâminas 

Algum momento de liberdade
se assemelhará à trajectória frequente 
do pensamento, sobretudo, quando livre, 
não penso na definição de um voo rasante

Algum êxtase por mais sublime, se igualará 
às lâminas do silêncio, afiadas, num livro rasgado, 
onde se escreveu a efemeridade do pensamento
a flutuar pelo não tempo

Cortado o fio de ligação à fonte 
onde nasce o quase tudo ausente,
inigualável presença nos bolsos vazios 
que guardam o Amor, esgotado no tempo
a partir do qual, os voos são leves penas

Suaves os laços desvinculados
da união a um tudo que não existe, 
à excepção de um voo 

Dakini, pseudônimo

domingo, 6 de março de 2022

Cenários de guerra


 À parte de tudo, porque quem sou para condenar alguém, quando vivo tal como outros,  numa bolha, onde o ar que se respira é o da ignorância face ao desconhecido, ao movimento anti raça, anti Ser,  anti Vida, que se prevê  o intuito de irradicar todo este conceito, a raça humana. Não sei a que raça pertencem estes seres, que se alimentam do sangue derramado sobre o solo. Não sei de onde vêm, tão pouco para onde vão com as vitórias sangrentas.


Tudo se escreve num livro, cujas páginas são o embuste do mundo, habitado por carrascos, a tirania, o vampirismo, a degradação dos sentimentos, a ordem permanente, cujo armamento já se encontra no centro do mundo para aniquilar os piores ditadores ....que somos nós todos....os humanos, seres doentes no planeta terra.


A crueldade, com que se tira a vida, cria revolta,  e é aqui que se perde o humano que ainda existe em nós.


Quando sentimos que nada somos, quando nem um passo se dá na defesa dos nossos ideais, perde-se Tudo. Nós somos eles, com todo o sentido de vida ainda em espera pelo fim desta, e de outras guerras já travadas e ainda por travar.


Dm

A Ucrânia ainda tem pessoas que lutam para serem livres

domingo, 20 de fevereiro de 2022

Cantem e encantem as ruas




Apesar do medo, apesar de tudo o que nos faz andar de cabeça inclinada  a contar as pedras da calçada, ainda há  quem viva simplesmente cada amanhecer novo.

Um cântico matinal a dar vida própria às pedras da calçada. Um homem que  por mim passa, a olhar em frente. 

Sempre em frente e de cabeça levantada, cantava. Não conheço a música nem a letra, mas ele sim, porque continuava a olhar em frente com a cabeça levantada, cantava e encantava, as ruas.


Fiquei ali parada. Nisto ouço  uma criança arrastada pela mão da mãe,  colada ao seu choro, como se ele fosse a continuação do seu sono. Fazia dele uma cantoria triste logo pela manhã. Pensei! Ainda é tão cedo. Deve ter sono, ou então um medo qualquer de andar pelas ruas. Um lugar onde quase nunca se vê e nem se ouve o despertar para um novo dia, mas sim, um arrastar de pernas até que a noite chegue e nos devolva o pacto que quase fazemos com o silêncio, mesmo que a dois, ou a três, ou ao que quisermos somar, quando pensarmos  nas pedras  da calçada que contámos logo pela manhã.


(Dolores Marques )

domingo, 9 de janeiro de 2022

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Bebe de mim


 Bebe de mim como se fonte fosse
e escuta interiormente
um som diferente

- rebeldia nesse canto

O tempo veste de nobres causas, 
Eras ensanguentadas
e a loucura...
das horas
dormitório vazio dos novos tempos
inspirando rochosos pensamentos
nos prantos fechados

A um canto, cárcere ocasional
das vestes de Domingo

- as imagens desmemorizadas

A um canto, trajando homilias
de outros Eventos

- o Canto Primeiro
outrora Nascente...Poente

A um canto...o Poema

Dakini pseudónimo (dm)

segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Armadilham-se os sentimentos

 Coração da Terra - Armadilham-se os Sentimentos



Talvez o novo movimento do tempo não nos seja favorável, por quanto a espera que começa a ser imperiosa por dias melhores para todos nós. A indiferença com que nos olhamos, quando nos tocamos e depois nos sentimos, é cada vez mais, um fundo a gozar de plena euforia por tudo o que ali afundamos, quando com olhos tortos, nos abafamos todos naquele espaço denominado de: fundo alegórico e hostil.


O novo estado de coisas, pelas quais os governos dos países se regem, são em demasia para se saber qual delas é a verdade ou a inverdade que colocam no prato da balança. Esta simbologia presente em todos os nossos gestos, por ser a justa medida de todos os valores possíveis na humanidade, é o nosso garante para a unificação dos povos. Porém, nunca foi tão permissiva a força do mal, como agora, a pesar mais num dos pratos da balança, que nem mesmo a criação de novos movimentos, faz com que a diferença se assemelhe por fim, a um sinal verdadeiro de diferenciação.


De tal forma se armadilham os sentimentos, que chega a ser assustador todo este envolvimento catalisador a cair em desordens transcendentes. Todos colocamos uma bomba armadilhada junto ao peito. O lugar onde se querem as forças todas, juntas para a unificação do Ser. Não são, os que, carregando no botão, explodindo-se em fragmentos ensanguentados, fazem a guerra. Somos todos a própria guerra, quando por força do medo da morte nos vamos golpeando a cada dia que passa. Agora já não são as costas o seu peso morto, mas os olhos. Os olhos que lançam constelações desorientadas por sobre os nossos corpos, que os faz arrastarem-se cabisbaixos.


Irremediavelmente descoroçoados pela miséria que assola em cada esquina, vão-se desintegrando e sujeitando ao agrupamento intencional que faz frente a todos. São aqueles, que por sua livre e espontânea vontade, deixam de ser naturais na sua genuinidade, para se julgarem uma espécie de divindade a querer furar o céu antes do tempo.

A existência onde tudo tem lugar, passa a ser um atrofiamento das ideias, onde não se sabe o que mais dói: se o ser-se em verdade, se o não se Ser, quando por via do medo, se movimentam os olhos em busca de outras verdades, que já começam a fazer fila na feira das vaidades, onde o preço é cada vez mais alto.


Agora já não há lugares, já não há poder, já não há ordem e nem desordem, já não há exércitos, tão pouco fronteiras do silêncio. Agora tudo são gritos de revolta. Até os gritos silenciados por uma blasfémia que desce dos olhos dos imaculados, diferentes, endeusados, se humedecem sem lágrimas poentes.


Agora é o tempo dos tempos mortos, para os que sabem desse peso em cima dos ombros. Felizes dos que o sabem, porque os outros ainda andam com o peso das armadilhas bem junto ao ponto onde tudo se inicia. O lugar onde em tempos lhes nasceu um sentimento.


Dolores Marques(ÔNIX)

30/11/2015

sábado, 1 de janeiro de 2022

Luz para 2022

 E nesta família, alguns passaram ao lado de uma carreira artística.😁😁😘 Depois, os brinquedos das crianças são mais utilizados pelos adultos, por  isso, a actuação da Filipa num mini concerto de fim de ano.