sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O Dia...ou...


Dividindo o dia em dois

será que consigo calcular a distância

que separa a noite de um ponto

onde o sonho atinge o comando no escuro?

O nada

(Imagem google)



Estava aqui a pensar o que fazer e de repente veio-me à ideia;


o nada que me apetece ser....

Não te tenho


(imagem Google)

não me apetece nada já disse...
deve ser da chuva
da fome
(tenho que ir almoçar e nem me apetece levantar da cadeira)
da sede
da memória que me falha
os dias cinzentos
das gotas que pingam lá fora
dos arranjos florais a murchar no vaso
de tudo o que me faz estar assim
e tu aí
não te vejo
não te sinto
não te tenho
não me tenho...enfim

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Apetecia-me estar agora no teu colo

(magem google)

Apetecia-me estar agora no teu colo
Que me besuntasses o corpo
Com esse néctar de mel
E me nutrisses a alma
Desse alimento diário
Espraiado na minha boca

(Atirar-me de vez na boca do lobo
De nada me faz calar este medo
Esta momice cálida
Tornada sempre pela manhã)

Apetecia-me estar agora no teu colo
De sempre te quis
E para sempre….
Nesse altar que me recebe
Esse cálice entornado em mim

Apetecia-me…Sim amor
Estar agora no teu colo
E levar-te comigo a viajar
Por todos os esconderijos
Onde os rituais recebem a hóstia
De todos os deuses
Caídos no meu regaço

domingo, 24 de outubro de 2010

Sim, amor

(foto D.M.)

Sou eu assim
Na procura de mais
Um signo
Em outro caminho
*
Sei-te tão distante
Quanto a profundeza
De um rio
Sei-te assim
Como um olhar
Que se afunda
Dentro de mim
*
Sou eu sim
Recordando
As nossas pegadas
Na terra quente
Onde perfumes outros
Eram jasmins em flor
*
Encostada ao teu corpo
Que me toma
Com um ritmo ardente
Sou eu assim
Inteira
E cair-me em ti
*
Beija-me amor
Os lábios mirrados
E dá-me um sinal d’ouro
Quanto o meu amor
O é por ti
Só por ti
Amor

Pedra Tumular


Rita Silva, que está desde ontem no Hospital e sem resultados dos exames médicos conclusivos. A ela dedico este poema e a todos os doentes que sofrem nos hospitais

*
Porque me prendem aqui
Neste corredor sombrio
E tu
Corpo debilitado
Que te sinto os contornos
Debaixo desse lençol sem cor ?
E os sons nas alas frias a Norte
Onde não há mais espaço para a dor
E os gritos nos cantos escuros a Sul
À espera de um pouco de luz
Onde reside o amor
*
È noite
Está frio
E sim, chegou o Inverno
Nesse teu gélido oscilar das mãos
E clamas por um pico de energia
Que do alto te cubra por inteiro
*
Esboçam nas paredes
Novos grafitis brancos desbotados
Fincam-se os corpos nas cadeiras
As mentes já robotizadas
Olhares alucinados
Almas em fileiras desarmadas
E as mãos que escondem a dor
A descansar sobre o peito
*
Alguns desligam-se deste mundo ignóbil
Os monitores calaram-se
E já a madrugada a retratar-se:
Nas paredes sujas
Nos olhos a reluzir na escuridão
Dos corredores frios
Nas mãos que se unem por debaixo dos lençóis
Em jeito de oração
*
E tu anjo débil
Esperas
Só esperas….
Que a dor se erga da pedra tumular
E baixe a tempo de te convidar a sair

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Pensar

(Sas Cristian, Rostos-Melancolicos-com-estilo-anime-e-manga-surpreendente)




- A existir um pensamento
não estaria aqui a olhar para as teclas neste momento

- à espera que algum fure a noite e se sente ao teu lado ?

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Moldes

(Sas Cristian, com-estilo-anime-e-manga-surpreendente)
*

- Este séquito que se apresenta um degrau acima da minha vontade, é como um tempero matinal sempre que acordo e tu estás lá a mirar-te nos meus olhos…

- Esta força a vasculhar a noite, a dizer-me que te foste, que te sumiste pelo ar que eu respiro…

- Estes sons que me saem do peito para se embrenharem nos ruídos nocturnos que habitam o meu quarto…

- Esta visão periférica perante um molde em início de formatação divina…

- Este vaso sanguíneo a saltar-me dos olhos, sempre que te penso e te deito no meu corpo…


Ler mais:

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Que dirias...?

(Foto D.M.)


Se te dissesse que as horas passam e que os minutos extravasam todas as expectativas, à volta do tempo...

Dirias que o relógio é marca num dos primeiros acordes que o tempo tem?

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Abrigando o medo

(Foto Dm)

*
De que vale servir-me desta imensa cobertura
Que m’arrasta o sono
Neste imenso degredo
Submerso num sonho
Reencarnando esta loucura emergente
Este simples pacto com a morte

Assim a esvair-se por dentro
Sempre que o tempo me leva para longe
Deste consagrado leito
Quando me ouço nestes ais onde me deito.

A noite é uma sombra que m’enlaça o corpo
E a alma ronda uma silhueta
Que quer à força ser
Um ser vivente
Sob o maremoto que a engole inteira
E a devolve enlaçada em laços finos
De pura seda marítima

Não fosse ela a continuação de mim
Nas margens de um rio
Que se quer fugitivo das marés fortes
E me trazem sempre o mar
Em tempo de tempestade

Não fosse eu uma força
A caminhar no escuro
A ver com todos os olhos da noite
Um tornado quente nos braços
De quem tem medo
E não sabe ser mar
Nem rio
Nem sombras
Nem noite
Acabando como gota de orvalho
Espalmada na atmosfera

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Fruto proibido


(imagem google)

*
O meu olhar vai de encontro ao teu.
se gostares de me sentir assim
então eu encontro-me entre uma dimensão e outra
e se o fruto proibido cair da árvore
antes de eu cá chegar
então que me aguarde
para eu saber do tamanho do meu gostar

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O espelho (de António L. Ribeiro)


no caminho da felicidade
olhando para o horizonte
e cegado pelas nuvens do passado
assombrado pelas alegrias
aterradoras do vivido
onde vou ?

que espero
da vida ao decorrer do tempo? só
e felizmente mal humorado
vagueando pelo caminho
infinito da eternidade
olhando, sentindo e sussurrando
a meu ego as regras do infinito

onde estao?as verdades do
ser interior, a raiz da alma
os alicerces do cosmos
na sua imensidade aterradora
de onde venho?
*
Poema enviado por um amigo: António Luis Ribeiro

Sorrir

Sentir que a cada palavra
se solta um novo perfume entre sorrisos
e que esses mesmos sorrisos
sejam o mote para um dia irradiando felicidade
Sorrir - o acto de conquistar a amabilidade escondida em cada rosto

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Tinha sede


(Acrilico em tela - Dolores Marques)

Bebi todo o líquido que lhe escorria da testa. Era quente e tinha um sabor a mar. Mas a minha boca, estava repleta daquele género de mareantes que se estendem na areia e deixam aquele sabor a iodo que me deixam tonta.

Fiquei mesmo com a cabeça virada ao contrário, quando uma tontura me subiu a alto da cabeça e sem saber como, caí estatelada em cima duma estrela caída. Tinha ainda vestígios, de quando também ela morreu de fome nas águas de um oceano, que nunca soube ser mar salgado.

Tinha sede, muita sede e nada me fez ficar ali naquele sítio, quando ao longe vejo os músculos que brilham por entre a forte ondulação, sendo as pranchas um meio de o fazer atingir o órgão genital das águas. Caiu, caiu e nunca mais se viu.

Tinha sede, tanta sede antes de cá chegar...

Ler mais:

sábado, 2 de outubro de 2010

Andarilho

(imagem google)


Há um mar que me tem
Não sei bem se é um oceano
Não sei bem se é uma maré
Nada sei de mares
E nem de marés
Que me forcem a navegar
Se nem sei como aqui cheguei

Há uma lua presa nos meu cabelos
Não sei bem se é a lua
Não sei bem se é um reflexo meu
Nada me diz como hei-de voltar
A ser mar espelhado no céu

Sou corpo sem alma
Sou vento sem esperança
De te trazer novos sons
Do tempo em que me sentia
Um tal e qual
Andarilho como eu

...tinha fome


(tela de Paula Rego)

Se soubessem como ficaram os meus olhos, de tanto tentarem absorver todas as letras que queriam à força formar palavras para acasalarem mesmo ali à frente do meu nariz.

Fiquei sem nariz!

Olhei em volta e só via gente, gente que se queria alimentar. Mordi-me toda, rui as unhas, depois chupei a carne dos dedos ainda tenra. Fiquei com a boca cheia de vermes, que de tanto tentarem afastar a mistura de compostos orgânicos, perderam-se neles.

Mordi-me toda. Se soubessem como ficou a minha boca depois de tudo o que saiu das pontas dos meus dedos.

Mas eu tinha fome, muita fome antes de chegar.

Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=152662#ixzz11DITUBXJ