sábado, 28 de fevereiro de 2009

O Que Nos Move

Serão as dores
De um momento
Será a cor do saber
Que nos corre nas veias
Será o sorriso cristalino
O sentimento
No olhar de uma criança
Que nos traz
O mundo divino?

Não!

O que nos move
São os gestos
Que nos escorrem
Pelas pontas dos dedos
Em mãos esqueléticas
E mentes frenéticas

São quase sempre
As meias verdades
As partilhas
Num mundo de vaidades
As dores alheias
Que medeiam
As gigantescas dunas

O que nos move?

Serão os olhares perdidos
No horizonte
E as luas que se esgueiram
Por vales inteiros
Em busca de um pão
De um términos
E de uma vida
Que se perde
No fantástico mundo
Em constante absorção?

Não!

O que nos move ensandece-nos
Nas curvas e nas colinas
Em busca de um sol
Que se entregue
E nos sustente as ideias
Num mundo perdido
Onde somos
Só um não!
As verdades
Que se escondem,
Enigmáticas,
Sorrateiras
Que se esventram
Nas paredes da ilusão

Serão os caminhos imprecisos
Os ventos e as marés
Que se encostam à ré
Imagino-te por aí
Sentado em busca de pão

É o líquido que coalha
É a massa que leveda
E o forno aguarda por mais
Uma fornada
Que dê tudo
Menos pão

O que nos move?

Serão as sementeiras
E as papoilas
Que se entregam
Neste mar
Em constante ondulação?

Ou o sol que se deita
No lusco-fusco
Onde as estrelas
Se alimentam
E se enfeitam de tiaras
Que a seara fabricou?

Não!

O que nos move
São as dores arreadas
São as foices afiadas
Os braços caídos
E os joelhos no chão

E os grãos no crivo
Sustendo a leve
Embarcação
Curvam-se perante
Esta agitação
Só por um naco
De pão!

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

É o Meu Sonho

São os gritos
Que se escondem
Por detrás
De cortinas fechadas
E se levantam
Nas tristes madrugadas

É o meu sonho!
Que inunda
A gigantesca alvorada

É o meu corpo!
Que se aconchega
No final de uma longa
Caminhada

São os gritos constantes
Que me saem da garganta
Roucos,
Infames,
E gastos, pela cor
Que lhes empresta
A noite…

É o meu sonho!
Que dorme na solidão
Uma tonalidade
Acobreada…

No cinzento dos dias
Caminho sempre
Às vistas de um mundo
Que sofre por nada

É o meu corpo dorido
É o meu olhar sofrido
Que se alonga
Na fluidez
De uma qualquer
Embriaguez

Canto-te versos singelos
Que se espantam
E que se querem
Na rua sentados
Ou nos beirais
Dos telhados
Cantados…

Há uma luz que invento
Há uma tonalidade rara
Que se estende
Nas noites
Em que te busco
Acordada

Um lamento!
Choro por quase nada
E o nada
Anda de mãos dadas
Pelos cantos do mundo

Eu aqui…
Choro lágrimas ao sol
Não me vês
Não me encontras
Neste que é
Um caminho cruzado

Sou só Eu e Tu
Neste mundo encantado
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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Eu Sou....

De que adianta dizer-me
Do que sou
E do que quero para mim,
Se sou só eu
Mais eu...

Abanam-se as estruturas
Edificam-se novos céus
Nas alturas
E eu assomo-me inteira
Na brevidade do tempo
Que por mim passa,

À deriva
Em ondas inalteráveis
São valores em consciência
Que interagem
E perfazem
A soma de não eus

Eu fui a gota que partiu
E no oceano eclodiu
Eu fui a fonte que secou
E nos rios se expandiu
Eu fui só Eu
Do ventre que me pariu
Eu sou a derradeira
Face do nada

Que na terra sempre existiu !

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Procuro-te nos Sonhos dos Mundo

Choras no meu corpo nu
E eu...
Silhueta solta
Aparto as rosas
Do meu jardim

Um sopro quente,
Desnuda-me os sonhos
E a chama em sangue
Rasga as flores silvestres
Que bailam à roda de mim

Não te encontro
Nem te sinto
E também não te vejo
No fantástico mundo
Que povoa o céu
E me alaga a face

Um olhar fecundo
Abre-se a essências doces
Flores que se soltam
Em rios dispersos
E as lágrimas perdem-se no tempo
E vivem para lá de um momento

É sempre assim
Estas afeições no meu peito
Culturas férteis
Abrem-se às cores diversas
Consomem-se em aromas frescos
Que se querem em mim

Um sorriso farto
Enche um sonho doce
E quedou-se num pranto
E esta brisa suave
Que suga das pétalas roxas
Fluidos de carmim

Vi-te rondar o templo
E os sonhos do mundo
Perdem-se no universo
De lágrimas coloridas

São pérolas minhas
Às cores...
Lusco-fusco,
Ou antemanhã
Ou eu...
Que perdi o olhar
Nesse rio sem fim

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

A Mente é Ausente e Eu Sei-Te Eternamente

A mente é ausente
Quando eu deixar de estar
Completa(mente).
E aí as dores esvaem-se
Num único lamento...

É eterna nas lamúrias
De um simples vento
Sempre que passa
Nas ruas e se esconde
Para lá do tempo

Eu sei que fui tua
E a soma de um registo
De como ser mais além
É saber-Te
Eterna(mente)

É um rito que me acorda
Quando penso e repenso
Sempre que me ajeito
Num sonho rarefeito
Logro de um só momento

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Lamento Surdo

Já corri por becos sombrios
Um desejo
De me esconder
Para lá de um nome

E tu encontras-me
Nas tristes madrugadas
E choro
Por não te ver

O grito agudo dos ventos
Que se esconde
Para lá das marés
Está inactivo

E os meus olhos
Abrem-se num foco
Que se estende
Por entre as dunas esquecidas

Sou eu
Num lamento
Surdo

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A Dor do Silêncio

Lá nas terras Altas - A vista da minha aldeia

Acorda num espanto
Um arco-íris à minha mesa
As montanhas que rasgam o céu
Vivem a dor do silêncio
E há albergues de pensamentos
À vista de várias janelas

Reinvento as estrelas
Nesta imobilidade
De um tempo teu
E espero por um mundo
Que se perdeu

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Eu Mulher de Mim

"Eu Mulher de Mim
em Lisboa, Além Tejo e Todo o Mundo"
Livro da minha querida amiga:
Carmo Miranda Machado - ficção narrativa, editado pelas Edições Colibri

Dia 23 de Fevereiro pelas 19 horas na Casa do Alentejo, com a presença de Maria do Céu Guerra e
Poesia recitada por um Grupo de Jograis.
A minha amiga e ex Professora de Literatura Portuguesa que prefaciou o meu livro de contos e poesia, (quem foi conhece), merece tudo de bom neste dia. Para ela vão os votos, de que este seu segundo livro seja um êxito. Conto também com a presença dos meus amigos e de quem estiver interessado em conhecer o outro lado das palavras; de Além Tejo e de Todo o Mundo

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Procuro Por Ti

(Imagem Google)
Sabes quem te fala assim?
É alguém que te vê
Do lado de cá
Daí poderá ser algo semelhante
Um sentir assim...um olhar sem fim

Em sonhos não lembro de te ver
E em melodias
Poderás idealizar
Um sorriso...
Um olhar...
Somente uma voz

Que dormente se cala
E se destapa
Em sonhos carentes
Carregada de afectos
E a esperança renascida

Um sorriso daqui
Voa até aí...
Uma voz que se anuncia
Um nome que lembra
Nas noites quentes

E aqui neste frio
Uma lareira acesa
Um serão
Um aconchego de mão

Será que me entendes
Quando te falo
Mesmo sem falar?
Será que me escutas
Quando tento te encontrar?

Neste sonho errante
Que vazio é este mar
E continuas tão distante
Não te vejo, não te sinto
Por onde andas
Que não vejo as cores
Do teu olhar?