terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Fundo de todos os fundos

( Ricardo Kersting, Esculturas)


Construi muros
Mas derrubei todas as vontades
Em satisfazer
As minhas necessidades básicas
De te ser mulher
A erguer-me dos sulcos
Talhados pelas tuas mãos
E cair na tua boca farta
E fui como quem vai
Mar adentro
Dos teus olhos

Atingi os cantos todos da terra
Em busca de paz
E vi-te a desfolhar páginas soltas
De um livro
No meu corpo cansado
Tal um vento que arrasa tudo
Tal a brisa que passa breve
Tal um rio que corre
E torna
A jeito de m'encontrar
A equilibrar a linha
Que separa o céu do mar

São tantos os pagodes
Que me levam e trazem
Que m’ arrasto toda
Para qu'inteira
Me tomes nos teus braços
Tal pétala perfumada
A sarapintar-te o colo
Que me serve de bandeja
Num dia sim
E me cobra tudo
Num dia não

Quero que todos os olhares
Sirvam de estrada
Para que no final
Veja todos os pontos esquecidos
Numa viagem interminável
Ao fundo
De todos os fundos

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