sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Se nos pudéssemos encontrar acima de todas as coisas


Se me endireitasses as costas
Verias que nelas há um sítio
Onde moram todos os ventos
Onde se encontram todos os tempos
Ainda por desbravar

Lá, onde a águas são calmas
Longe dos olhares indiscretos
E do sol que não mancha
Apenas uma mão silenciosa
A afagar o medos

Se pudesses encontrar-me acima de todas as coisas
A acordar as serras
A colher das nuvens as novas fragrâncias
E soerguer penedos riscando o céu
Veríamos um azul mesclado
De tons suaves
Abraçaríamos os montes etéreos
E cobriríamos o corpo rochoso
Com um dos véus que nos separam
Os traços, traçados no corpo

Se pudesses encontrar-me acima de todas coisas
E ver a verdade de um universo
Que se comove
Por não se mover nos olhos de todos
Os que sabem ver
E não sabem que o olhar
É o foco, a comandar o corpo e a intensificar a alma

Choraríamos as ausências
E nas incertezas
Descobriríamos um novo ponto no horizonte
E beberíamos das certezas da fonte
Que brota em nós

Seriamos a brisa do mundo
Um raio de luz
E só um ponto a tocar o infinito
Atravessaríamos todas as pontes
Colheríamos a calma dos montes
E serenamente um rio corrente
Aurora de um novo despertar

Ao ascender a todas verdades inacessíveis
Veríamos que há um espaço etéreo
A desenhar a silhueta do novo mundo


Dueto: Dolores Marques / São Gonçalves

1 comentário:

Arnoldo Pimentel disse...

Muito lindo o dueto, parabéns. Tem selos de presente no meu blog pra você, pase lá e pegue, beijos.

ventosnaprimavera.blogspot.com