quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Nevoeiro





O ruído é um surto
Mas as vozes abafadas
Na densa neblina
Trazem a misteriosa manhã
A esta cidade ensandecida
Onde os corpos
Se afogam
E rogam
Por mais uma noite muda
Nas avenidas mortificadas
Onde as gentes se perdem
E os amores se consomem

É esta a forma exacta
De um dia que chega
E com ela ainda a noite
Calada e sufocada

Parafraseando o medo
Em frases curtas
A alma não respira
Nem inspira
Os silêncios guardados
Numa manhã fria
Essa lâmina
A cortar o pensamento
Em bocados

Será mulher de antes
De agora
Ou será antes
Uma para depois
Do último adeus
Quando a noite cair
E o nevoeiro partir ?

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