segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Esfinges

(foto D.M.)



Este silêncio diz-me tudo
O que preciso saber
As horas não passam
O sono não chega
Chego a ter visões do futuro
Esse destino incerto
Como incertos são os meus passos
Enquanto o passado se esvai
No nevoeiro acabado de chegar

Há uma calma imensa
No povoado das serras
O céu de cor cobre
E o rio a choramingar
A ausência dos raios solares
Cobre-se de luares virgens
A colorir a corrente
Que esmorece
E suavemente adormece

Tenho ainda este olhar baço
A esboçar luas e sóis
Sobre os telhados de xisto
Das casas remexidas
Escombros a remendar
Os pontos negros na noite

As luzes ao longe
São como esfinges
Que não sabem onde ficar
Quando a noite se for
E a madrugada voltar
A ser flor da manhã
A furar as vidraças fechadas
De uma casa vazia
Sem nada que a faça ser
Um único lugar
O ponto de encontro
De um novo amor


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