sexta-feira, 30 de julho de 2010

Haveria de ser, sim..


(foto D.M.)


Haveria de ser, sim
Um paraíso
Quando me acorrentassem
E se continuassem
Nos meus olhos

Enterraria o meu corpo no chão
Para que nele se deitassem
E se espreguiçassem
Como o sol se espreguiça na eira
Após as colheitas de Outono

(Esse Outono verde nas pupilas dos meus olhos ainda em sangue
Pelos mendigos que nunca viram o mundo)

Haveria de ser, sim
Um paraíso
Se neles encontrasse o tamanho das searas
Se deles desenterrasse as boas marés
Restolho de uma santa fé
A rolar, sempre a rolar na tômbola sagrada

Formas encontradas em vórtices giratórios
Cristais e mais pedras preciosas
No centro da terra
Cristalizadas por Júlio
Ou por um paraíso de nome Verne
Que de tanto esmiuçar o ar
Caiu, caiu
Em cima de um velho
E desmistificado centro

Vem comigo
Levo-te a ver
Aquele ponto escondido
Que foi meu e teu



Quando nos perdemos
No paraíso de Galileu

Vou contigo
Sempre que queiras
Amar um corpo
Que já não é meu
Por ser só, uma açucena
A esvoaçar no deserto

Tão perto que estaria desse mar que é teu
Se me dissesses onde fica o meu
Tão longe, tão longe, desse céu
Que foi oceano
E terra
E se perdeu

Sem comentários: