quarta-feira, 21 de julho de 2010

Escorre-se-me, por dentro

(Tela de Paula Rego)
*
Escorre-se-me nas veias
Este frouxo alento
Vírus embriagado na minha dor
A intensificar-me o desejo

(Sim, este forte implante, cravado em mim)

Há um portal no mundo
E um nome à espreita
Há uma hora tardia
E um tempo já morto
Há uma noite aberta
Onde me estendo ao comprido

Espero-te no início de tudo
E quero-te:
Meu princípio
Meu fim
Na soma do mundo

(Tenebrosos os gentios
que me deixam só, no Universo)

Um mundo
Que me é o inverso
A cair-me madrugada
Um mundo
Em puro devaneio
É dor da minh’alma
Um mundo
Que me esquece
Na flor que brota dos montes

(Alecrim benfazejo, à espera do sol da manhã)

Escorre-se-me por dentro
Este frouxo alento
Que me tem
Só…sempre só
Até ao último suspiro

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