segunda-feira, 7 de março de 2011

Vozes

(Foto D.M.)


- Se a dor te dá um jeito novo de ser, então ela é a tua voz enquanto ser nas memórias que carregas. Diz-lhe de todos os tempos em que a dor se consumia nos seus lamentos.

- Há lamentos que são só um puro manifesto da dor. Devaneios por onde os rostos se escondem. Se quiseres podes contar os momentos todos em que me consumia por dentro dos teus sorrisos. Lembro-me que a tua boca era um fundo imaginário, onde descansava a minha voz e ela por tão clara ser, deixou de o ser num momento fechado onde habitam todos os teus silêncios.

- Imagina que me perdes, como se perdem as vozes todas em lamentos. Pensa em como se transforma a tua voz, sempre que me dizes de um tempo morto, onde se encontram todos os silêncios, e nada sabem de ecos e sorrisos a gastar-se em puro manifesto da dor.

- Quero chorar, num só grito. Quero que todos os sonhos me transformem e me digam de quando era só uma voz a cantar no deserto. Os homens são na periferia de um momento, um só momento, e nas lembranças uma soma de todos aqueles que as areias escoaram por não terem voz. Quero uma só voz num único lamento. Sei de mim e de ti, mas não sei de nós.

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