*
A terminar no meu corpo
Teria sempre um modo de te dizer
Que há mais tempo para o amor
Quando ele deixa de ser o tempo
E passa a ser uma pequena força
A brilhar no escuro
*
(Se o amor fosse só no dizer
Teríamos todo o tempo do mundo para nós)
*
Já nem sei se o amor me encontrou
Ou se fui eu que o chamei
Para que nas palavras
Tão só nelas encontrasse o tempo
Em que o sonho é uma visão
A acabar num olhar límpido e transparente
*
Há olhares que sabem
Onde encontrar as fases lunares
Mas o meu é a própria fundura dos mares
Na procura do verde dos teus olhos
Dos espelhos multifacetados onde te vejo
Nas figuras que traço nas paredes
Onde junto as letras
Para falar-te de um amor
Que m’ entrou pela porta semi-aberta
E me conduziu ao mundo fictício
Onde os mortos também têm voz
*
Já nem sei se fui eu que te procurei
No azul profundo de um céu imaginário
Ou se o verdadeiro azul dos teus olhos
Me entregou o céu
*
Queria ver-te em sonhos futuros
Em diversas paragens
Onde pudesse descansar os meus olhos baços
São brancos a tentar misturar as cores nos teus
A luz que me indicou que há pontos de passagem
E eu sou só uma linha esticada até ao infinito
Onde os corpos se encontram
Para mais uma tela em branco
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