terça-feira, 31 de maio de 2011

Silêncio e alma



Se a minha voz

Não se ouvir

Por consequência

D’inspirações

Doutas

Divinais

Que se faça

Silêncio e alma

No meu corpo

E andarilho

Nas vozes todas

Que conheço

Enquanto a vida

Me chama

E a chama clama

Por mais

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Tracejado de um olhar

(Desenho de António Moura... Eu)


As formas mediáticas de um verdadeiro sabedor de artes antigas, são aquelas que por norma se direccionam para um momento de verdade, onde os seus olhos se opõem ao senso comum e passam a ser o próprio senso, veredicto final em justa-posição com o tracejado de um olhar que é só seu. São elas um misto e contradições, que de algum modo, transformam os seus dedos em armas poderosas ao tocar todos os cantos escuros onde descanso os sentidos, ao depositar o meu olhar na sua vertente mais conciliadora de espaços fechados.


Deixar-me conduzir por um sonho, onde dormente, o corpo se despe de alguns trajes do passado, é tentar galgar as colinas que no seu corpo se alteiam, encontrar-me nas margens secas do seu rio, onde me afogo em cada poro e me refaço felina na sua forma mais viril, e à sua semelhança, ser a forja de algumas palavras que o façam voltar atrás, e refazer o meu jeito de aconchegar o meu peito no seu corpo, enquanto a noite chega.

O meu céu

(desenho de Antonio Moura...Eu)


Enquanto as brumas da memória não se diluírem neste esconderijo, eu serei só uma parte de ti e tu outra parte de mim a saber-me perto do teu olhar. Em todos os lugares, o meu refúgio se abate quando a noite é minha conselheira e o dia se prepara para se entregar de mãos cheias no meu silêncio.


Quero fazer do teu corpo, dono de um momento a cismar na minha boca e dos teus olhos um caminho para a seguir viagem por entre todos os pontos escuros onde a força que me deu vida se esconde. Já nada me pode prender aqui, se os mesmos olhares que me descobriram não me orientarem neste trajecto, sem tempo para voltar. Por isso atenta no meu sorriso que se fecha para dar espaço aos teus dedos, e alento ao teu querer ser; um no meu corpo e outro no meu céu ainda por desbravar.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Lugar vazio




(Desenho de António Moura)



Quando chegar, já nada me interessa, a não ser o que fiz, para que no caminho conseguisse deixar pegadas frescas a tentar seduzir um trajecto adverso aos meus próprios passos. Sou eu a movimentar-me assim, de uma forma que transcende este modo de querer ser uma, duas, ou várias formas a caminhar por entre as insígnias caídas. Foi uma forma de me inteirar de um mundo que ruiu, sem que eu pudesse fazer algo que me conduzisse para lá de um sonho enquanto dormia, e a terra ficava parada esperando o grande dia da minha nova vontade de caminhar, ou simplesmente me transformar na sua forma redonda.

Sempre me vi sozinha neste diluído termo, onde encaixo a dor e me estendo ao comprido, para que tão só como nasci, tão só morrer sem deixar rastro num caminho que só serviu para calcar a terra e amolecer as dúvidas que tive enquanto mulher que se quis pessoa, e pessoa que se quis mulher, a amar a vida nas suas mais bizarras formas. São mostras de um mundo meu, por nada ser, quando me vi a caminhar só, e tão só fiquei com este efeito molhado, através de pequenas nuances que brilham nos contornos de uma pequena história que se assemelha a um lugar vazio, onde as árvores crescem e os pirilampos adormecem.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Quero mas não sei





Quero mas não sei como afirmar-me
No meio das gentes
Daquelas todas que querem tudo
E não sabem como um querer
Se movimenta no seio do mundo


Quero mas não quero nada
Que venha a quebrar as vozes
Dos mais afoitos
Devotos no seio materno
Onde o corpo se faz vida
E a vida se faz corpo com corpo

Quero mas não posso imaginar-me
A escalar montanhas
Sobrevivente dos holocaustos
Onde as gentes se agitam
De olhos fechados
E de braços abertos
Espalham as notícias
Do seu pequeno mundo
E de boca em boca
Tentam animar os céus

Quero mas sem saber
De um verdadeiro querer
Que nasce no olhar
De quem perdeu o nome
Nas bocas de quem

Se escondeu da fome
Nos corpos de quem quer saciar
O mais duro querer
Nos escombros onde se ajeitam
Todos os moribundos da terra
Todos os saltimbancos
Na falésia do seu próprio corpo
Onde cresce o medo
Esse buraco a crescer
Nas pupilas dos seus olhos

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Espaço Sideral



Sei que posso
Mas não quero
Sei que quero
Mas não devo
Sei que amo
Mas tenho receio
De todos os pontos no Universo
Onde os meus olhos descansam

Sei de tudo o que me seduz
Quando abro à noite a janela
E m’ encontro
A preencher os espaços em branco
No Espaço Sideral

Sei que vou
Mas não tenho pés para andar
Sei que estou
Mas não tenho formas de estar
Sei que me vejo
Mas não me reconheço

Só sei que há um amor livre
Inscrito nas palmas das minhas mãos
E eu não sei como to doar

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Vejo-te








Quando não te olho para te dizer que te gosto





é porque te vejo, mesmo de longe.





(A querida Et Freire)

Loucura

Terrível esse torpor enfraquecido

Essa reafirmação

De como sair de um estado

E entrar numa invocação

A atingir níveis indesejáveis
De uma loucura
Aparentemente saudável

terça-feira, 17 de maio de 2011

Quero-te assim



Não te falo da tua boca que me beija
Não te falo dos teus olhos que me atraem
Não te falo do teu corpo que me cobre
Não te falo das tuas mãos que me acariciam

Falo-te de um mundo que quero ver, através da sequência das imagens que me trazes...
Sempre que a tua alma, toca a minha alma e os meus olhos se fecham para recriar novas imagens contigo....

Quero-te assim sem mais nada

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Até que...

Aventurar-me por detrás dos teus olhos
Até que te esqueças de os abrir
E sustentes este meu querer
Até que se acabem
Os caminhos
Até que cessem todas as lágrimas
Que há em mim
E façam do meu cio
Uma corrente a deslizar
No maior fundo que há em ti

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Viagem



(desenho de António Moura)


Não me apetece pensar
Em nada
Mas gostaria de pensar em algo
Que me fizesse sair daqui
E ir pensar para algum lugar
Onde o pensamento és Tu

Insana loucura se faz presente
Atroz viagem que me leva
Onde não quero ir
E me traz quando não quero vir

Ir e voltar sempre
Que o meu olhar se agita
E não sabe onde encontrar
Esse imenso torpor
Essa extensa quadrilha
A esquartejar os sonhos
Que me fazem acontecer
Sem mesmo saber
Onde mora a razão
A verdade do meu
Vai e vem a saber-se dono
Do mais duro querer

Naturalmente





Trazia com ele um registo de como ser homem, já que seria preciso só um pouco de matéria-prima mais natural ainda em fase de formação interior. A sua boca mantinha-se fechada para que não saísse o que deveria por si só, ficar armazenado até à próxima estação. È Primavera e os dias agora mais longos são o prenúncio de vida a crescer, para que naturalmente consiga assimilar todas as mudanças bruscas do tempo, quando se encontrar só numa noite de inverno.

Já nada o fará recuar, e se a vida consentir na sua predisposição para ser um verdadeiro homem, dará por completa a sua fonte de renovação interna, tendo como ponto de partida um desejo a crescer. Sairá desse fundo, como se sai de todos os fundos, onde o homem é um querer ser renovado. Soltará a sua mais veemente forma de com ela coabitar num espaço aberto ás mais variadas circunstâncias, onde o seu corpo ainda descansa para com ele se encontrar, mas se a fonte onde bebe das mais puras águas cristalinas, secar, então cessará a sua vontade de ser naturalmente uma força a brotar num corpo de mulher.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Uma nota de leitura do livro "Às Escuras Encontro-te"



Aqui estou eu a dar a minha opinião acerca do Livro Às Escuras Encontro-te”

Está excepcionalmente bem escrito, com muitas metáforas.


PeAdicionar imagemrcebi-o perfeitamente. O capítulo do amor está com uma profundidade na interpretação de toda a vida amorosa. Foi pena que os seus sonhos não fossem uma realidade perfeita. Li com mais agrado a partir do capítulo III, pois as palavras e as frases foram mais diversificadas, mais abrangentes. Os dois primeiros capítulos para mim, foram um pouco repetitivos no tema da sensualidade e do amor.

Reiki, mais do que uma terapia, é uma filosofia de vida. No capítulo dos chakras, as descrições foram muito importantes na medida em que as energias saudáveis encontram-se no nosso corpo. Foi uma boa descrição. O livro muito bem enquadrado na nossa vida amorosa, nos nossos sentimentos, no nosso sentir pela sexualidade, com muita imaginação e criatividade.

Gostei de ler, apesar de não ser um livro com o meu objectivo de leitura. Aceito perfeitamente e é sempre bom variar para obter outros conhecimentos. Portanto, desejo que não pare e siga em frente. Como diz, tem vontade de escrever sobre várias temáticas, como a violação, pedofilia e a homossexualidade, assuntos muito actuais e de grande interesse na vida actual social deste século em que vivemos.

Tem facilidade em escrever em se exprimir é só por mãos à obra e terá uma obra de arte.

É tudo o que tenho para lhe dizer.

Maria Teresa


- uma amiga, a quem estou agradecida pela leitura que fez ao livro

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Acordar

(Foto; DM)


Enquanto os meus olhos

se mantiverem abertos
nunca me poderei entregar
à movimentação das águas
essa turbulência que percorre o meu corpo
enquanto o dia se faz dia nas minhas mãos
e a noite é um mar salgado
tempero das baixas marés

Enquanto o meu corpo se expõe a ti
a minha boca fecha-se
engolindo-te essa madrugada
ainda em flor
esse botão de rosa
a castigar-me a pele
e este natural jeito
de m’ alongar
enquanto a manhã esburaca
todos os recantos escuros
onde rebento um pouco em cada dia
e cresço um nada em cada noite
Só…

dá-me desse sorriso matinal
esse jeito a acordar nos meus olhos
todas as pétalas brancas
que afloram no meu peito
enquanto durmo

Silencios

Como sempre, a noite a engolir-me no seu silêncio

- esta imediata lembrança de como ser eu

sem me saber presente!

Silencios

Como sempre, o silêncio quebra-se, quando já não existe silêncio

O dia é uma força poderosa contra todos os silêncios nocturnos

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Medos



Não me atinge a luz certa
Nos meus olhos
Não sei como franquear
A verdadeira essência
Dos meus medos

Esfinges desprovidas de um corpo
Presas fáceis do destino
Onde a luz se consome
Para nascer de novo
Nas novas fragrâncias

(Incensos do meu norte
Adereços do meu sul)

Não me cinge a mão certa
No meu corpo
Nem sei como fazer
Do entardecer
Uma pequena partícula
A madrugar na noite

Só Alma

(foto: D.M.)






partilhar a noite


sentir que sem ela


o dia é uma noite a menos


(no dizer-me, contrariar-me, abandonar-me)


calada e fria nos meus sonhos


e saber-me


quando a noite se fechar e me levar


fazendo parte do seu silêncio


esse zumbido que me recebe


quando os sons se calam


para dar luz


à sua própria luz
*


essa distância


que se aproxima da nascente


que divide em partes


todos os momentos


e os fecunda em mim
*


eu que me refiz
para dar cor e movimento
ao meu corpo
onde repouso as mãos
quando elas me pedem sossego
e alma
só alma para chegar ao ponto
onde a noite
é o meu querer esquecido
e repartido por todos quantos sabem
onde vou


*

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Ideias





Humanizar simplesmente…actuar em torno das ideias que se afogam num rio de lágrimas, quando já nada resta a não ser um canto escuro do olho para desenformar matizes sólidas que se lançam em torno de uma ideia brilhante.



Gosto de pensar, que não tenho idade sequer para pensar em me querer crente em “humanóides”, espécies que se julgam crentes numa força maior que não conhecem. Há olhares que se encontram a escalar montanhas e nunca chegam a atingir o céu. São um centro interiormente recatado onde se encontram forças bélicas a desmembrar as nuvens e a deixar um rastro de crendice alheia até à sua própria vontade de ser uma ideia.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Sentido

Desejo-te em todas as formas

Visíveis e invisíveis

Meu bem maior...

Auferindo os enlaces

Do meu corpo

E rebuscando na minha alma

O meu único

E verdadeiro sentido

Sentindo

Gente

tenho tentado de tudo para me encontrar em alguém


e então dou comigo a esmiuçar tudo


até me sentir ainda mais gente

Medo

O medo de viver em constante agitação
O medo de ser visto
Entre formas obscuras
A transformarem-se no próprio medo em acção
O medo…
Simplesmente o medo de viver
E amar
E ser amado
E não ter chão