segunda-feira, 30 de maio de 2011

Tracejado de um olhar

(Desenho de António Moura... Eu)


As formas mediáticas de um verdadeiro sabedor de artes antigas, são aquelas que por norma se direccionam para um momento de verdade, onde os seus olhos se opõem ao senso comum e passam a ser o próprio senso, veredicto final em justa-posição com o tracejado de um olhar que é só seu. São elas um misto e contradições, que de algum modo, transformam os seus dedos em armas poderosas ao tocar todos os cantos escuros onde descanso os sentidos, ao depositar o meu olhar na sua vertente mais conciliadora de espaços fechados.


Deixar-me conduzir por um sonho, onde dormente, o corpo se despe de alguns trajes do passado, é tentar galgar as colinas que no seu corpo se alteiam, encontrar-me nas margens secas do seu rio, onde me afogo em cada poro e me refaço felina na sua forma mais viril, e à sua semelhança, ser a forja de algumas palavras que o façam voltar atrás, e refazer o meu jeito de aconchegar o meu peito no seu corpo, enquanto a noite chega.

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