terça-feira, 24 de maio de 2011

Quero mas não sei





Quero mas não sei como afirmar-me
No meio das gentes
Daquelas todas que querem tudo
E não sabem como um querer
Se movimenta no seio do mundo


Quero mas não quero nada
Que venha a quebrar as vozes
Dos mais afoitos
Devotos no seio materno
Onde o corpo se faz vida
E a vida se faz corpo com corpo

Quero mas não posso imaginar-me
A escalar montanhas
Sobrevivente dos holocaustos
Onde as gentes se agitam
De olhos fechados
E de braços abertos
Espalham as notícias
Do seu pequeno mundo
E de boca em boca
Tentam animar os céus

Quero mas sem saber
De um verdadeiro querer
Que nasce no olhar
De quem perdeu o nome
Nas bocas de quem

Se escondeu da fome
Nos corpos de quem quer saciar
O mais duro querer
Nos escombros onde se ajeitam
Todos os moribundos da terra
Todos os saltimbancos
Na falésia do seu próprio corpo
Onde cresce o medo
Esse buraco a crescer
Nas pupilas dos seus olhos

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