Um Novo Olhar: Forte

terça-feira, 7 de junho de 2011

Forte

(foto D.M.)

Vida na vida
Luz na luz
Nudez plena
No meu corpo
E em todos os poros
Se contradiz

Forte
Este forte
Que não tem farol
E não se vê
A contra-luz

Forte
Tão forte
Este ondular
Um mar presente
No meu cismar

Sem céu
Nem horizonte
Nem alma
Nem um sonho
Que me seduz

Forte
Este forte coabitar
Sem nunca falhar
Nem s'entregar
Ao mesmo forte
No alto mar

4 comentários:

Octavio da Cunha disse...: Poema Forte, como a generalidade dos que escreves.
Muito bom.
E fotografia está simplesmente um espectáculo.

Beijo.; 8 de junho de 2011 às 09:51
Mª Dolores Marques disse...: OLá Octávio
Boa esta surpresa amigo. Há quanto tempo não passavas por aqui e eu por aí....

Irei ler-te, porque também gosto

Beijinhos; 8 de junho de 2011 às 17:43
Filipe Campos Melo disse...: A força da tua sensibilidade singular.

Um prazer ler-te.

Bjo.; 11 de junho de 2011 às 14:04
Mª Dolores Marques disse...: Agradecida meu querido amigo GI
Um beijo para ti; 14 de junho de 2011 às 11:40

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A escrita e eu

A escrita é o ponto de encontro, onde encontro o que preciso para me sentir ainda mais viva
Naturalmente escrevo, como quem acorda também de forma natural
Naturalmente me encontro nestes pontos novos, um tracejado vivo, para que me encontre nos outros e os tenha como pontos de referência para traçar novos caminhos.
Naturalmente do Norte, onde encontro o meu norte, por ser só uma e em várias me encontrar através da escrita, para receber o que preciso, e ir ao encontro do meu verdadeiro eu.
Através das palavras, me desnudo, me entrego, me sujeito a ser tudo o que a vida quiser que eu seja.
Naturalmente recebo as palavras certas para que elas e só elas me conduzam por caminhos novos.
Ónix, Dakini e Epifania, uma trilogia, onde as diversas figuras que por enigmáticas serem me fazem caminhar, ser um Ser em permanente mudança para seguir em frente, e tal como o rio das encostas da Serra do Montemuro, não ter pressa alguma de chegar.
Só pretendo ser uma, nas variantes que me têm e estabelecer formas de contacto, que me conduzam ao centro, onde as palavras ganham formas e as formas ganham novas nuances de cor e movimento.
Sou eu, na escrita, que se movimenta nos submundos que me recebem, e me rejeitam, a cada palavra maldita, a cada sonho inacabado, a cada poema mal escrito, a cada prosa malparida, e eu continuo só, como quando nasci, mas que quer porque quer andar solta nos caminhos

Sou só eu mais eu….

"CERCA-ME um vazio absoluto de fraternidade e de afeição. Mesmo os que me são afeiçoados não me são afeiçoados; estou cercado de amigos que não são meus amigos e de conhecidos que não me conhecem.Sinto frio na alma; não sei com que me agasalhar; para o frio da alma não há manta nem capa. Quem o sente não esquece.Quer isto dizer que não tenho verdadeiros amigos? Não; eu tenho-os; mas não são meus amigos verdadeiros.Ai daqueles que foram tocados do transcendental e a quem tudo dói por frio, inexpressivo e distante..."

(Prosas Intimas de Fernando Pessoa)