quinta-feira, 7 de abril de 2011

Infinito


(Escultura: Ricardo Kersting)

*

Consentir num ponto

E terminar em linha recta

Sem pontos

Contestando a força

Num único esboço

Em movimentos constantes

E acalmar as gentes

As gentes que abandonam os lugares

Onde se desenham os traços

De uma figura abstracta

*

Avançar em passos largos

E deixar no caminho

As coordenadas

A atingir um ponto finito

Simetrias

Esquadrias

Correlações

Versando o infinito

E sentir

Simplesmente sentir

A força dos braços

O erguer das pernas

O desbotar da pele

O arregalar dos olhos

O abandono do corpo na lama

O coalhar das gotas de suor

A repartirem-se

Por todos os carreiros estreitos

Onde se dobram os corpos todos

E outras parelhas

A escalar as montanhas

A sonegar os rios

A abandonar os mares

E a consentir num ponto

*

Esse ponto minúsculo

Oculto

Sôfrego

Atento às mudanças

Do único traço

Um único ponto

No infinito

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