sábado, 15 de janeiro de 2011

Fragmento

(foto, D.M. na minha aldeia)
*

Espelhos d’água
No meu rio
A furar o vazio
Cofre forte
Em estado anémico
Sintomático
Sorumbático

Cai o dia
E é a noite a madrugar
Nos meus olhos
E é neblina lá fora
E é tudo cabisbaixo
Em pequenos baixios
Portas escancaradas
E a noite sem céu
Afogou as estrelas
E os dardos
Carimbos nas tuas mãos
Pirilampos na enseada
E na montanha faz breu
Faz breu na montanha

E é noite
E é neblina lá fora
Maresia
Mar revolto
Lugar ao sol
Fragmento de um amor meu
Inerte
Calado
Farto
Sem sorte
Sem Norte
Que o teu tempo me deu

Espelho meu
Meu Assur lilás
Rosto escancarado
Estradas sem nome
E no azul
Hà um amor seu
E é furor
Fulgor
Teor
Imaginado
Configurado
Destratado
E eu sou eu
E tu és tu
Meu senhor
Ancorado
Meu amado
Amado meu

Conselheiro de um mar salgado
E o caos é a ordem
Nas bifurcações
De uma ordem inversa
No forte
Onde impera a mudança
Da ordem natural

E o vigilante farol
Acoplado ao vazio
Onde o nada
É só um ponto minúsculo
Mas pereceu
E eu sou só eu
Em todos os pontos
Onde és meu

2 comentários:

Ricardo Kersting disse...

Será difícil para mim saber-te imune ao meu olhar. Ainda que distante, com um mundo de mar que talvez nem como Ulisses atravesse.
Mas não sei lutar contra evidências
e essa certeza quero te dar.
Talvez em seguida saberei porque as coisas acontecem.
Até ontem e hoje...aconteceu o que era certo, só eu não sabia.

Mª Dolores Marques disse...

Ricardo,
O certo é sempre certo quando os sentidos assim o determinam e o olhar é certeiro através das novas movimentações que damos aos olhos.

Será sempre um novo caminho aquele que traçamos e um novo destino a cair-nos nas mãos.
Estar imune é sem dúvida sair de um circulo vicioso, onde
os sentidos se confumdem e os olhos se fecham, mas os meus abrem-se sempre a novos movimentos, às novas formas
Beijo para ti