quarta-feira, 28 de junho de 2023

Uma era da cor do sol



Eram dourados o céu e a terra

era um olhar cor de bronze

nascido numa era da cor do sol


Dos olhos soltavam-se faíscas

tais pirilampos a cobrir a noite


Na boca nasciam rios

à semelhança de outras eras

propícias à nova estação


No corpo germinavam 

as novas sementes

de onde nasceriam as novas flores


Nas mãos nasciam 

outras brisas ressequidas 


Nas pontas dos dedos

havia ventos ciclónicos

a separar os raios solares


Via-o sempre nos meus sonhos

esguio o corpo...felinos os gestos

olhos fixos no mesmo local

onde me encontrou


Caminhava breve

soluçava em prantos

movia-se como se fosse

uma nuvem de algodão


E foi então que se lembrou

de como as noites baixam

aos meus olhos


Sendo livre o meu sonho 

é-o na forma abstracta

dum pensamento 

a dar novas formas ao corpo 

nascido e criado no mesmo lugar


É agora a hora de mudar as cores

que nascem nas quedas de água cristalina


Os olhos tombam 

as mãos descaem

o corpo amolece

o olhar sucumbe


O pensamento quebrou-se

nos momentos em que nada

lhe pareceu igual à cor do céu


ONIX Poemas 2013

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