sábado, 13 de novembro de 2010

Verdes lembranças




Verdes lembranças
De menina
Dourados os sonhos
Que ficaram presos
Nos salgueiros
E nos amieiros
E que por fim
Se afogaram
Nas correntes
Profundas do rio

Tenho para mim
Que por falta de algum
Meio de me saber
Vou sendo alguma coisa
E outros que com o saber
Vou sendo nada
Nas finas lascas
De uma lousa de xisto

Um doce lambuzar
Até aos cabelos
De amoras pretas
Tão pretas quando a cor
Da pedra onde riscava
Os sonhos todos
E me levantava a pique
Tão a pique quanto o sol
Por detrás da noite

Veio uma luz
A cobrir-me
De todos os azuis celestes
De outrora
De quando ainda era
Uma menina
A pintar na relva
O céu
E a lua
E as estrelas
E eu

Gostava de pelo menos
Ser uma estrela
Aqui em baixo
Com luz interna
Que só eu visse
E me reluzisse por dentro

1 comentário:

Anónimo disse...

Dolores,

um dia alguém disse; recordar é viver

gotei desta bela reflecção pelo interior e exterior do eu

bj
alberto