terça-feira, 2 de novembro de 2010

Longos são os caminhos - um livro de São Gonçalves



Um livro que marca um tempo, um espaço, uma descoberta em prol de uma viagem que não se submete aos passos incertos, que se dão, na procura de um mundo que se sabe que existe, mas que esteve por algum tempo à mercê de outros caminhos, outros desejos, do corpo, outros anseios da alma.

In “A Viagem” este é o mote para a sua leitura: “ Sei lá como vim aqui parar. Foram os cheiros das palavras derramadas em papel almíscar.

O meu destaque vai para o poema que deu titulo ao livro; São longos os Caminhos”, Em que Saozinha diz: A viagem é longa, o corpo cede muitas vezes , à passagem do tempo/È a luz que nasce em mim a cada amanhecer, que me sustém e me guia”…/Tenho sede e fome de infinito.

São, escreve - in Corpo: “As vezes somos corpo nas esquinas da vida perdidos/A alma em transformação”
É esta indefinição que se sente sempre, onde há um todo que emerge e se funde em nós, e nós nem sempre estamos preparados para empreender essa fantástica viagem, nesse caminho que se vai alargando para que o corpo se submeta ao mundo que nos espera, para o encontro final.

São escreve In “Sentimentos: “Há uma esperança de vida que se esgueira da janela/Um novo sonho que renasce a cada despertar”.
E
In “AS Memórias”: “Viajei na estação do tempo, nos sonhos e nas esperas, perdida nas brumas da memória”
Há um misto de emoções sempre que iniciamos esta viagem ao interior de nós. Há calor, há frio, há o toque, há as ausências de nós, há a permanência, há a intuição, há como que uma desfloração do véu que nos envolve e nos liga a outros planos. Estamos a dobrar cada esquina do tempo com o intuito de que na próxima, nos encontremos em escala maior para um acordar suave e delicado em busca da paz, da luz, dos sonhos por achar.

In “A Alma”, Saozinha diz muito mais: “pequena luz nos confins do conhecimento”
Destaco o poema “Alquimia”: “Sei de mim nestes fins de tarde onde me encontro, no que há de mais verdadeiro”

Aqui a porta abre-se lentamente e mostra a luz reflectora de tantos momentos passados. É agora um novo caminho, não tão longo, não um fardo antigo, mas um desabrochar para a vida em estado de migração contínua num doce manjar dos deuses. A transmutação que se quer presente no corpo, na alma, e a mente a tentar derrubar muros, a tentar alcançar o ouro lado do jardim, que espera pela nova plantação de orquídeas roxas.

In “os Sonhos” – “Dos sonhos amadurecidos, faço a monção”
Por fim, a grandeza onde se depositam todas as palavras, todos os sentimentos, todas as agrestes caminhadas em prol de um novo caminho mais de acordo com o que inicialmente a trouxe aqui, Saozinha vislumbra finalmente um novo trajecto, para empreender uma nova caminhada. Os sonhos estão mesmo ali à mão de semear. Resta saber se a terra já está lavrada e arada para que do seu interior nasçam as mais belas flores perfumadas em direcção ao azul celeste.

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