quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Tão-somente eu













Porquê?
Porquê eu
E porque não a noite
Se a vejo tão nítida
Tão brilhante
Tão terna e refrescante
E eu neste retiro
Que me engasga as palavras
E me toma de um jeito tão seu

O céu é um círculo aberto
Visto da minha janela
E eu
Tão-somente eu
Trémula na voz
Que não me diz de mim
Em lugar nenhum

Porquê?
Porquê eu
Neste longínquo espaço
Onde me procuro
E não me encontro
Não sinto os braços
Nem as pernas
E não ouço os meus passos

Os olhos
Tranquei-os por dentro
Deste frenesim
Que me toma de um jeito tão meu

Não me sei perto de um farol
E as luzes são tão intensas na rua
E eu tão alucinadamente, eu
Nas vistas da minha janela

O rio ao fundo, dorme
E eu não sonho
Nem nada que me faça sentir pelo menos
Um nada, somente…

Porquê eu
Se me apego às estrelas caídas
E nem elas me seguem
Neste caminhar contra o tempo

Porquê eu?

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