Porquê?
Porquê eu
E porque não a noite
Se a vejo tão nítida
Tão brilhante
Tão terna e refrescante
E eu neste retiro
Que me engasga as palavras
E me toma de um jeito tão seu
O céu é um círculo aberto
Visto da minha janela
E eu
Tão-somente eu
Trémula na voz
Que não me diz de mim
Em lugar nenhum
Porquê?
Porquê eu
Neste longínquo espaço
Onde me procuro
E não me encontro
Não sinto os braços
Nem as pernas
E não ouço os meus passos
Os olhos
Tranquei-os por dentro
Deste frenesim
Que me toma de um jeito tão meu
Não me sei perto de um farol
E as luzes são tão intensas na rua
E eu tão alucinadamente, eu
Nas vistas da minha janela
O rio ao fundo, dorme
E eu não sonho
Nem nada que me faça sentir pelo menos
Um nada, somente…
Porquê eu
Se me apego às estrelas caídas
E nem elas me seguem
Neste caminhar contra o tempo
Porquê eu?
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