quarta-feira, 28 de abril de 2010

Alvos São os Traços

(Tela de Carlos Dugos)


Tu já não existias
Estavas muito além de qualquer revolta no meu corpo
Mas mesmo assim
Me permito entrar nesse turbilhão de ideias já mortas
Fazendo-as renascer de novo
Como quem ajuda
Uma fêmea a parir em lençóis de linho

Alvos são os traços
Que me indicam sempre um novo céu
Ainda agora
Vi um grupo de aves que voavam em círculos
Num frenesim danado
Que estanquei por um momento os olhos pardos
Da manhã clara

No centro estava o macho
Musculado mas vidrado numa só ave branca
Era ali o seu apogeu

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