terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Tentas-me (Dueto com Octávio da Cunha)

Tento-te ao invés de te tentar convencer
A deitares-te sobre o meu corpo
Há um intemporal mundo onde abarco
Um tempo só nosso
*
Seria eu só uma boca aberta
A beber-te todos os sorrisos
De um mundo feito de abraços
Serias tu a mudança
A despertar este meu cansaço
*
Arrebatas-me com teu jeito de guru
Envolta em silhueta redescoberta
Tentas-me… tentas-me…
A percorrer-te perdido
Teu corpo alvo de cetim cru
Num percurso vagaroso…
Sorrido…
*
Tentas…
*
Sim, tento ser um só caminho a descoberto
Para seguir-te
E logo após deixar-te
E na volta
Voltar atrás no tempo
*
Não quero ser quimera
De um mundo sumido na força dos ventos
E tu Primavera que se saciou em tempos outros
Em amor grado e profundo, nos meus braços
*
É esta a força presente no meu corpo
Que se estende e se abate sobre ti
Sempre que quiseres estar em mim
*
Tentas-me… tentas-me…
Sabes que me reviro e me perco
Quando te reencontro
Num adeus longo, fingido…
Sabes que sou teu, mesmo quando não sou
Estou… mesmo quando não estou
Sou Deus-demónio, fluorescência divina…
*
Tens-me…
Quando me dou à tua boca celeste
Tens-me…
Nas noites de sonhos meus…
Nas valsas fantásticas que dançamos
Tens-me…
*
Tenho-te em noites minhas onde moram os sonhos teus
Sou a força de um a-deus ou de um Deus
Que respira por todos os poros da minha pele
E agora nesta dúvida persistente
Já nem sei se me apresente a ele
Ou se me abandone ao único chão que me sustenta
*
Sou assim uma ilusão que se quebrou
Uma ficção que se inventou no nada
*
Não, não és!
És real no Infinito do Mundo…
E eu sou em ti, profundo!
*
Dueto: Matilde D'ônix e Octávio da Cunha
Participação no concurso de poesia, alusivo ao Dia dos Namorados, aqui:
(Fotos de minha autoria)

1 comentário:

Anónimo disse...

Tentas-me... um poema lindo, as tentações são também uma das razões que nos fazem mover. Era bom que caissemos mais vezes em tentação. Um belo post