domingo, 2 de julho de 2023

Débil morte do homem


 Não sei quantas gotas de orvalho  

serão as perfeitas lágrimas caídas 

ainda que sob o disfarce da lua

evidência da sua face negra

com previsão de chuva dentro 

e não fora de mim 


Não sinto a causa disso tudo

nos beirais, nem o nostálgico choro 

se abeira das vidraças ainda fechadas


Sou eu, o silêncio, e uma lágrima antiga

nos telhados

somos nós, eu e o homem

que sem nos vermos

colhemos chuvas intemporais 


Na dúvida espera-nos um livro

na história, repetimos os amores 


Ao longe, ouço o rebuliço das águas

que nunca são demais

quando percebo o quão me saciam

breves, mas densas nuvens a pesarem ainda

sob um céu brando 


Caiu sobre o meu corpo 

todo esse temporal assumido

e nada faria sentido se assim não fosse

essa débil morte do homem

nos espaços fora e dentro


D'Onix

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