sexta-feira, 2 de junho de 2017

Vergonha

Verdadeiramente não sei quem és. Se o soubesse, não necessitava desta vontade de te conhecer. Mas, sei em verdade que És alguém no meio de uma multidão.
Quando depois do real conhecimento de ti, tudo é como fumaça que passa, num assombro de ondas multicolores pelo caminho da vergonha.
Assumo-a estampada no meu rosto descaído, por não ter conseguido, pelo menos, saber-te nesse movimento fechado.
Assumo-a inteira, a vergonha a esmurrar as paredes, por onde se desnudam fumos negros de todas as inverdades arrancadas a ferros das raízes secas das árvores.
Assumo, assumo-a como um todo , essa vil forma, o muro onde se desenharam as formas que nos fizeram parar no tempo.
Assumo-a agora, a vergonha, como única responsável pelas quedas das árvores, onde criámos raízes, e outras coisas que me pareciam serem fundos inéditos onde tudo medra e cresce em direcção ao ponto mais alto da nossa vontade.
Assumo-me inteiramente um pedaço desse ponto, ainda verde, até que mirre em todo o seu esplendor esta minha vontade de te saber por inteiro.
Continuo na senda do conhecimento de ti, até que cessem os meus passos e se dê por quieto o meu corpo.
dm

Sem comentários: