sábado, 4 de fevereiro de 2017

O Todo



Era como se tudo fosse uma corda de brincar, e ao saltarmos juntos, ficávamos sem querer presos aos nós que convergiam para o centro. 
Mas não, não éramos nós que saltávamos à corda. Com aqueles nós todos? Era talvez a possibilidade de podermos ser juntos, um nó cego, enquanto outros se divertiam na penumbra, jogando à cabra cega, para nos confundirem no meio de tantos nós por desatar.

Segui caminho sem pedras para atirar à água. Gostava de poder voltar a brincar com as pedrinhas atiradas aos poços fundos de água. Lembro-me de as ver a saltitar quando cortavam as águas ao de leve como se fossem bolas de ping-pong a dançar por entre as nossas mãos.

Agora já nem esse jogo sem jogar. Experimentei o Snooker, mas as bolas pesadas demais, não me davam a sensação do jogo em acção. Sabes como é, partir e não voltar ao mesmo espaço, muito menos cenário confundido com cenas inventadas à pressa, só pelo prazer de jogar.

E agora, como se tudo tivesse sido um mero contratempo, onde o jogo só cabe nas mãos de quem sabe jogar, eu brinco contigo num jogo imaginado de pedrinhas soltas que atiramos um e outro ao ar, enquanto os nossos olhos se perdem no mesmo instante em que cada um de nós já se perdeu um num outro.
Era como se tudo fosse uma corda de brincar, e ao saltarmos juntos, ficávamos sem querer presos aos nós que convergiam para o centro. 

ÔNIX "O Todo"


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