quinta-feira, 29 de março de 2012

Sombra

(Foto: Pedro Faria)

Descem à montanha
As cores do Inverno
Sobranceiras melodias
Enchem as levadas
Metálicos os traços
Riscam no ar
A nova silhueta

(Dissolve-se na neve
Que derrete
Enquanto a montanha chora)

Que é da cúpula
Onde adormece?
Que é do resguardo
Onde se esquece?
Que é do remate
Do seu corpo?
Que é de todos
Lá fora?

Já o sol se põe
E ela sem saber
Onde descansar o corpo
Já a noite chega
Rival da sua sombra

Estivais outonos
Que lhe ensinam
A separar as águas
Enquanto na terra
Amadurecem os frutos

Já o dia começa
Estigma do seu saber
A encolher-se
Perante a hecatombe
Dum raio de sol
Partido pela metade

Todo o sonho nasce
A preto e branco
E se faz luz crescente
Nos seus olhos

Sombra inquieta
Adormecida na montanha
Gelo dos seus medos
Inverno dos seus dias
Ressequidos

Tudo é mudança
A acontecer na tela
Onde se esquece

(Sombra
Um eu que termina
Um outro que começa)

1 comentário:

Filipe Campos Melo disse...

Estivais outonos
Que lhe ensinam
A separar as águas
Enquanto na terra
Amadurecem os frutos


Sempre um prazer te ler

Bjo