Perdi-me em todos os corpos que me quiseram, mas nunca me deixei seduzir pelos poros quentes ou por uma boca aberta, sem primeiro saber se valeria a pena me perder, pelo que de novo iria receber. Por me trair nas esquinas de uma velha cidade, onde o Tejo adormece e os barcos naufragam na luz que lhe é perpendicular, encontrei-me a tempo de galgar as muralhas e de me juntar às novas correntes de Inverno.
Encontrei-te morto de fome, a deixares-te seduzir pelas águas pestilentas, correntes de uma dor cativa. As velhas indumentárias já gastas no cais, e tu cabisbaixo sem saber se devias seguir ou se preferias ficar. É ele agora o teu porto de abrigo, a tua caixa dourada que absorve do sol nascente as vestes que precisa, para quem se prepara para morrer nas costas de um reflexo lunar, que sente que morrer, é simplesmente deixar-se ir rio acima.
Fui uma corrente em tempos, mas já não se lembra de existir, e tu uma dor colhida nos cantos desta mesma cidade, que nos traiu um dia. Mas porque não trespassar o tempo e voltar a ser uma só corrente, na transparência das nossas almas, e deixarmo-nos conduzir rio abaixo? Cantava-te os sons de outrora, os cantares que existiram e os que hão-de existir, se me deixasses ao menos abrir-te as portas desta nova cidade. Derrubei-lhe os muros que a circundavam só para te deixar entrar.
Sabes bem onde me encontras, se me quiseres voltar a sentir nesta cristandade apedrejada
por todos os que nada fizeram para nos seguir.
Encontrei-te morto de fome, a deixares-te seduzir pelas águas pestilentas, correntes de uma dor cativa. As velhas indumentárias já gastas no cais, e tu cabisbaixo sem saber se devias seguir ou se preferias ficar. É ele agora o teu porto de abrigo, a tua caixa dourada que absorve do sol nascente as vestes que precisa, para quem se prepara para morrer nas costas de um reflexo lunar, que sente que morrer, é simplesmente deixar-se ir rio acima.
Fui uma corrente em tempos, mas já não se lembra de existir, e tu uma dor colhida nos cantos desta mesma cidade, que nos traiu um dia. Mas porque não trespassar o tempo e voltar a ser uma só corrente, na transparência das nossas almas, e deixarmo-nos conduzir rio abaixo? Cantava-te os sons de outrora, os cantares que existiram e os que hão-de existir, se me deixasses ao menos abrir-te as portas desta nova cidade. Derrubei-lhe os muros que a circundavam só para te deixar entrar.
Sabes bem onde me encontras, se me quiseres voltar a sentir nesta cristandade apedrejada
por todos os que nada fizeram para nos seguir.
(In "A Voz do Silêncio")
Foto minha - Parque das Nações)
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