domingo, 31 de janeiro de 2010

Há Cansaços Assim


Imaginava-nos num tempo só para nós
Para nos dizermos do mundo que ruiu a nossos pés
De um amor que nunca existiu
De uma dor que nos confundiu numa noite só

Cirandava assim por caminhos escarpados pelos temporais antigos
E acreditava que virias ao meu encontro
Como no tempo em que éramos um só

O amor que se resguarde até ao dia que soubermos avivá-lo no nosso corpo
Um adeus será o bastante, sem lágrimas a escorrer pela face negra do cansaço

Há cansaços assim
Mas que importa se nos faz cair por não sabermos correr lado a lado?

Eu já tinha perguntado à noite quando me viu abandonada
Se a tua memória era simplesmente por me teres guardado no passado
Ou se no presente, ela te tinha presa por não te querer ver a meu lado

São metades feitas de abraços e de palavras varridas pelo tempo
Eu já nem pensar consigo
Já nem a chorar me atrevo
As lágrimas escondem-se num único abrigo
Talvez aquele que eu um dia construi, para me abrigar das enxurradas mornas do verão

Sabes quando só um único sol era o nosso porto antigo?
*
(Foto minha no Palácio do Infantado em Samora Correia)

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