terça-feira, 9 de maio de 2017

Árvore da Vida

Não me coloco em posição alguma que me deixe com a sensação de estar um passo à frente ou um passo atrás. Sou simplesmente Eu, com um caminho a percorrer somente com os meus curtos passos.
A cópia de mim incita-me neste longo e árduo trajecto. Guia-me por certo, por lugares de há muito, esquecidos. 
Estranho este modo inverso à minha pele, mas vou sem medo….vou!

É talvez o sonho do outro lado. 

A margem que sempre me colocou à margem do tempo, não é senão um ponto de encontro dos muitos que não conheço, mas que sei da sua existência quando os sonho e me levam, como se eu deixasse de ser cópia de mim, e passasse a ser originalmente o meu verdadeiro Eu, no sentido mãos lato do tempo, o qual, deixa nesse preciso instante de o ser. 

E eu como sempre, escondo os olhos, invento um novo corpo, e abandono-me ao sonho que sempre me falou em sonhos outros, de um fado do outro lado do mundo. 

Do outro lado, a visão ainda que desfocada sabe de um corpo abandonado, mas nunca ao acaso pela ordem do tempo. 
Do outro lado, o corpo resguarda-se numa dimensão inexistente nos olhos, até porque a terceira visão não precisa da ocupação do tempo, sequer dos espaços. Simplesmente é a origem de tudo o que jaz esquecido no corpo:
- as funções
- as disfunções
- as teorias escritas com a pena de um anjo nos livros
- a leitura às avessas do mesmo livro, onde todos escrevemos em tempos, o acordo entre os vários momentos vividos e os ainda por viver, através do pensamento.
- o prazer por nos sabermos a Amar, mesmo sem conhecermos essa poderosa força do Universo.
- o prazer por nos sabermos a aceitar os prazeres do corpo, sem sabermos em que parte do nosso Eu, tem origem esse mesmo prazer.
- os orgasmos todos em vida e na morte, quando nos sabemos a ascender a mundos.
- os costumes de um certo movimento que se avizinha sempre que dormimos.
- as raízes que nos cingem ao mundo terreno, dentro de uma certa categoria de árvores da vida.
…e tudo o que sabemos existir mas cujo medo nos faz esconder-nos até do nosso pensamento, invertido nos espaços e no tempo.
 E por isso a dúvida de quem somos, dentro de uma certa liberdade ainda às vésperas do Tudo, neste imenso TODO!

ÔNIX (pseudónimo de Dolores Marques)


Sem comentários: