quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

O Ultimo Baú

Gostava de poder ir sem medo, para algum lugar onde os homens se alimentassem de tulipas brancas, e trouxessem nas mãos as marcas do futuro.
Quem se lembra?
Gostava que ainda houvesse tempo para calarem ecos e descobrirem sorrisos por entre olhares cabisbaixos. 
Gostava de ser Tu. 
Gostava que fosses eu.
Que fosse uma só noite de insónias e tudo cairia nos meus olhos, como cai agora a noite de todos os dias.
Temo os degredos, os olhares por cima dos ombros, os segredos nos bastidores, as palavras surdas, a mudez, a altivez a trair momentos, a castigarem os nomes…e por sua vez a água benta que ainda lhes corre no corpo
Temo as lágrimas forçadas, os olhos tortos, o jeito de enguiço.
Enjeito os lugares onde te expões aos perigos do teu Ser. 
O não seres Tu, deixa de o ser com a mesma facilidade com que o És.
Nunca o será quando te deitares na noite e deixares que ela te leve ao fundo...ao fundo de um nada que ainda te faz remexer no vazio 
O último baú onde guardaste toda uma vida...

DM

Sem comentários: