quinta-feira, 9 de julho de 2015

Voz do fado


“Com que voz chorarei meu triste fado/que em tão dura paixão me sepultou/Que mor não seja a dor que me deixou/o tempo, de meu bem desenganado”
(Camões na voz de Amália)


Voz do Fado

Não se sabe se foi o destino
que no miradouro
se fez rogado
ou se Camões fez cair o pano
quando  Amália cantava 
ao som  de um piano

Chorava a alma da cidade 
a ensaiar nos muros
 gritos frios e desalmados
afundados em lamentos 
chorados…tornados vivos 
nas correntes do Tejo

Abria-se o corpo da guitarra 
em  refrão zangado
encolerizado às portas da Sé
por quanto  São Jorge 
com o coração magoado
 abraçava as colinas com fé 

Ecos fundos
em tempos áureos 
intemporais os imortais 
canonizados
embarcações fortuitas
no cais de pedra
onde ainda se lê:

- Camões já foi nosso fado

Dolores Marques

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