sexta-feira, 8 de junho de 2012

Sabiam-se na espera...

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O tempo,  é agora mais uma constante na espera da mudança que opera nos terminais de quatro paredes sem teto onde os olhos possam descansar. As noites são uma força intrínseca que gela nas veias enquanto o sono não vem. A mulher furtiva em todas as ruas que conhece, quer aventurar-se por outros caminhos mais de acordo com a sua vontade de  ir mais longe. Ele não sabe como sair deste lugar, oprimido e humilhado pela sua incapacidade de se manter de pé. A cada dia que passa, Mary tem mais certezas de que ele é o homem que sempre esperou, mas que, por via das circunstâncias renega para longe do seu olhar. Os valores que segue dominam-na por completo. Precisa de um homem que cuide dela, como sempre lhe ensinaram. Pela ordem natural das coisas da vida, o homem, é a força dominadora, a que segura o boi pelos cornos e se faz à luta como um guerreiro das montanhas. A mulher frágil e pouco dada a linguagens incapazes de a manter fora da lei, vai sendo domesticada até ao ponto em que cair por terra e a deixarem ser só terra. A mãe natureza cuidará do resto, como cuida das ossadas dos homens que povoaram as cavernas, e ainda cuidará dos homens novos dos tempos modernos. Sabiam-se na espera, mas não se sabiam no sereno que sempre chega de madrugada quando o sol entra pelos buracos das persianas e os faz despertar para mais um dia. Um só dia carregado de surpresas sempre que chega a noite e o silêncio os acolhe. Ele mais uma vez do lado de lá, ela mais uma vez do lado de cá. (...)


(Ao fundo de Mary)

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