segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Manifesto

haicai humedecido

na relva

que cresce ainda calada


são timbres da noite

pasmada

nos ramos que cortam o ar


na antemanhã nasce

um novo dia

abre caminho à solidão


há corpos ainda benzidos

dos sonhos

que viveram na noite


carimbo na folha caída

em pedras

rasgadas pelo vento


novas invernias nascem

entre os dedos

esqueléticos das mãos


manifesto duma idade

a cortar os

gestos pela metade


olhos ainda esbugalhados

farrapos

de vidas no chão


o dia amolece os gestos

enrijados

que se banham no rio


a água corre sempre

a jeito

parada na velha cidade

1 comentário:

Filipe Campos Melo disse...

Belo e profundo

Como sempre tua poesia é

E como sempre me sabe tão bem ler.te e pensar

Bjo.