Profana esta melodia que de dia se confunde com os ruídos da tua rua, quando as palavras são só um meio para iniciar a fuga, essa loucura escondida a paredes meias com o medo de serem encontradas, o desejo de serem profanadas até à mais pequena nota onde se inventam outras melodias escondidas. Talvez as palavras se diluam, talvez as crendices se apaguem e provoquem o desfecho duma história que faz do templo um lugar para se encontrar o verdadeiro acreditar nas palavras que merecem ser ouvidas e não profanadas num canto qualquer da tua rua.
"Deus não é um conceito muito filosófico, é este mundo visto através dos olhos de uma criança" (OSHO)
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
Templo
Profana esta melodia que de dia se confunde com os ruídos da tua rua, quando as palavras são só um meio para iniciar a fuga, essa loucura escondida a paredes meias com o medo de serem encontradas, o desejo de serem profanadas até à mais pequena nota onde se inventam outras melodias escondidas. Talvez as palavras se diluam, talvez as crendices se apaguem e provoquem o desfecho duma história que faz do templo um lugar para se encontrar o verdadeiro acreditar nas palavras que merecem ser ouvidas e não profanadas num canto qualquer da tua rua.
Pessoa

Sou assim
Talvez uma só pessoa
Ou várias
Sem nunca saber qual delas
É a minha verdadeira pessoa
Não vês que a crença
Em mim
Sempre foi
Por não me saber
Nem aí
Nem aqui
Nem em lugar nenhum
Há uma imagem
Que vive
E me olho no espelho
Este reflexo
Partido em fracções
De um momento
Onde encaixo
Os meus olhos
E não nego
Não nego
O que vejo
Em mim
Como pessoa
Sou eu assim
Uma só pessoa
Ou todas as que viste
Enquanto me limitava
Só a ser
Para ti
Pessoa
terça-feira, 30 de agosto de 2011
Mar
Sem ondulações adversas
Para que o meu ondular presente
Sinta a solicitação das águas
A quererem atingir o cais
Sem nada a levar
E nada a trazer
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Sol
Vi um sol a nascer por dentro dos teus olhos,
quando sorriste e ficaste a olhar o céu…
(A Primavera é o ponto de partida
O lugar onde nascem novos horizontes nos meus)
Fiquei ali a ver-te sorrir
mas não viste que nos meus olhos
há um novo sol até ao próximo Verão
Saciados os olhares que nascem sem credos nem mitos
que nos façam chegar num porto seguro
e deixar que o sol seja um ponto de encontro
(O lugar onde te sinto)
Novas Viagens
Saber onde ir
Quando os nossos passos
Nos levam a lugares distantes
E os nossos olhos
Se preparam para seguir
Novas viagens
Em versos nus
Onde os poemas são alma
E o corpo
Divina inspiração
Para que não sinta
A dor da partida
Tu
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
Mundos

Numa viagem
Sem fim
Levo-te comigo
No meu sonho
Mostro-te a força
Do vento
No sopé
Da montanha
A desafiar as águas
Onde descanso
Na margem de um rio
Que nunca me trai
Deixo-me embalar
Na corrente
E vou acabar
Como quem termina
A última jornada
E não sabe
Que há fundos
Que esperam
E desesperam
A construir
Novos mundos
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Céu
São tornados quentes
A ladear o céu
Ondular doce
No mar que é meu
Distancia tão curta
Que se perde
Em noites de breu
E o meu olhar
A chegar ao teu
O cais é um deserto
Novo horizonte
Que se perdeu
Se não sabe o norte
Desse céu
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Multiplicidade de formas
E em Setembro as fontes”
(Frase Popular dita por minha mãe Deolinda)
*
Se o vento do norte
Vier cedo
Acolhê-lo-ei
Como quem colhe
A brisa que passa sempre
Pela manhã
E me diz que é a hora
O cuco já se mostrou
A cigarra já cantou
As formigas labutam
Sob o sol escaldante
Este roçar ao de leve
Sobre as pedras de xisto
Múltiplas formas
Obtusas, reclusas
Medusas endeusadas
Altivas e desgovernadas
Mostram a derradeira verdade
Nada e criada
No ventre imaculado
Terra agreste
Sapateando a dor
Ventos inclinados
Sobre o dorso
E simplesmente
Feições graníticas
Que serão eternas
No ponto mais alto
Onde a chuva cai
O sol descai
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Dueto de Mulheres (Declamação e vídeo de Elisabete Luis)
Ser mulher é ser lágrimas caídas
E desabrochar
Como as flores mais destemidas
Sou uma flor de jasmim
Ainda por ser....
Olhos de água em rios estendidos
Um vento que passa breve
Sou nascente que corre desvairada
Ao encontro de todos os rios
E de todos os mares
Transformo-me em maré que amanhece
No areal dourado
E se estilhaça junto ao cais
Sou fonte inatingível do encanto
Que adormece entrelaçado
Em cristais enfeitiçados
A vida que floresce
Em ramos empobrecidos
E em raízes esmigalhadas
Sou a vida que acontece
Dolores Marques
*********
Porque Sou Mulher
Sou saudade dorida sorridente
Sou açúcar que tempera liquido quente em noite fria
Sou conjugação em tempo Presente
Sou a mão estendida que segura o vento que corre embalado contra as montanhas
Sou quem limpa as lágrimas da chuva quando triste e alegra sorrindo dizendo -vai correr tudo bem
Sou a manta quente que todos procuram abraços em tristes momentos e desanimados
Sou a arvore digna e altiva que murmura em surdina - tu és capaz...tu és capaz
Sou o pedaço de cal que ninguém olha... ninguém liga mas quando usado pode desenhar lindos caminhos de saída
Sou leoa destemida e valente para defender quem ama dá a sua própria vida
Sou tudo isto talvez porque sou mulher
*****
Elisabete (LISA)
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
Um apontamento sobre o Livro "Ás Escuras Encontro-te" de Giraldoff

Talvez a vida seja uma caminhada
Um passo sobre passos vendados
Um encontro de espaços
Uma espera
Do ponto de vista formal, encontramos no livro diversos registos: a prosa narrativa, a prosa descritiva, a prosa poética e o verso.
Essa multiplicidade, ao contrário do que pode aparentar, não dificulta a leitura do livro, apenas exigindo que a mesma seja atenta e ponderada, e não dissipa, seguramente, o traço de união que encontramos e que torna o livro um todo encantante.
A obra é uma jornada, pelo interior de uma (belíssima) alma, nas suas angústias, nos seus sonhos, nos seus devaneios, nas suas energias,
Mas também no seu confronto com o mundo.
E, assim, é uma caminhada pelos espaços opostos e convergentes que a/o compõem.
Um espaço de encontro, de desencontro e de espera.
Um dos aspectos mais interessantes do livro, surge-nos de forma invulgar.
A obra é um lugar de intersecção entre o “Eu” e o “Outro”.
Todavia, este “Outro” não é uno e surge-nos em faces multifacetadas:
- O “Outro” que é ainda um “Eu” (um “Outro eu”)
- O “Outro” que é intemporal, é místico, é mito (e assim é espera)
- O “Outro” que existe, seja ele o passado, o presente ou o que, por desconhecido, se anuncia vir a Ser.
E o mesmo se poderia dizer do “Eu” que embora uno (aqui sim) é ainda assim desfragmentado.
É nesses movimentos e intersecções que a sublime sensibilidade de Dolores Marques se revela de forma incontornável e irresistível.
Gostei muito de ler.
Filipe Campos Mello
Esfinges
O que preciso saber
As horas não passam
O sono não chega
Chego a ter visões do futuro
Esse destino incerto
Como incertos são os meus passos
Enquanto o passado se esvai
No nevoeiro acabado de chegar
Há uma calma imensa
No povoado das serras
O céu de cor cobre
E o rio a choramingar
A ausência dos raios solares
Cobre-se de luares virgens
A colorir a corrente
Que esmorece
E suavemente adormece
Tenho ainda este olhar baço
A esboçar luas e sóis
Sobre os telhados de xisto
Das casas remexidas
Escombros a remendar
Os pontos negros na noite
As luzes ao longe
São como esfinges
Que não sabem onde ficar
Quando a noite se for
E a madrugada voltar
A ser flor da manhã
A furar as vidraças fechadas
De uma casa vazia
Sem nada que a faça ser
Um único lugar
O ponto de encontro
De um novo amor
Uivo da Noite
Este vento miudinho
A cair na noite
Como todos os sons estranhos
Que ouço neste silêncio oculto
Que se vá enquanto durmo
Para que no final da noite
Eu acorde com novos timbres
A esmiuçar esta melancólica verdade
Onde reside a maior força que conheço
Será ela a fonte
Que matará a minha sede
De o saber ainda inteiro
Nos meus braços
Este uivo
Alegando um saber intrínseco
Ao seu uivar na noite
É como um grito
Que chega sem saber
Como partir
Ao encontro de novas descobertas