Se eu fosse poeta, meus olhos
Poderiam sempre chorar,Carregar nas lágrimas o estigma
Dum fado nascido no acaso.
Aceno na esperança que me enxerguem
E, com a mão sempre aberta,
Disputo cada aconchego, com fé,
Agarro cada chama de afecto.
Procuro um novo trilho,
Um novo sinal, uma pista,
Talvez um fado chorado
Onde a voz fosse uma fé.
Tenho dias que morro apenas,
Noutros, parto com outros sem rosto,
Procuro um dia bem-aventurado
Onde o pecado seja mortal.
Mas os outros, como todos os outros,
Não sabem nem saberão nunca,
Que apenas procuro um assento
Onde possa apear a alma.
Dias há que posso até morrer de verdade,
Tragar um sabre cravado de amargura,
Não por inimigo desavindo, antes por
Um braço idiota preso ao passado.
A noite eterna já quase é um desejo.
José Luís Lopes
*
Não sei porque me prendo à dor, mais do que à alegria. Alegria sinto-a e exteriorizo-a. A dor fica em mim, suspensa, para que as lágrimas se vertam e permaneçam num rio corrente, e sem margens para desaguar.Mas as lágrimas que se escondem são aquelas que não vêm o sol no mar
Gostei muito deste poema José Luís.
Dolores Marques
http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=76947
2 comentários:
Olá amiga!
Fiquei emocionado por aqui reler este punhado de palavras parecidas com um punhal...
Hoje o rio corre dentro das margens, calmo, em paz, chegará um dia ao mar com as minhas palavras, com as minhas dores.
Um beijo enorme
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