sexta-feira, 22 de abril de 2016

Celeste Almeida falou da autora de "Simbioses Montemuranas"

Aconteceu na Avenida da Liberdade em Lisboa , no  dia 16 de abril  o
Lançamento de mais uma Obra  de Dolores  Marques, a escritora de Moção
“Simbioses Montemuranas” – o livro



 (…) Dolores Marques,  Mulher, mãe, avó, filha…amiga.  Uma amiga de todos os dias, pois apesar de separadas por centenas de quilómetros, une-nos uma cumplicidade que se funde numa comunhão de muitos sentires.  Quis o destino que ela viesse até mim, através de um postigo  que em pouco tempo se tornou numa janela aberta à vida. Às nossas vidas! 
Dolores Marques fez  a sua caminhada no sentido inverso da terra  que a viu  nascer: A aldeia de  Moção!  Outrora, esta  localidade   viveu tempos áureos. Hoje, distante da história, tranca-se em pedras de xisto onde habitam memórias e segredos coroados de reis e rainhas. Uma aldeia que no início  da nacionalidade,  foi vila e sede de concelho, afundou-se nos sonhos enterrados em  ruínas ancestrais. 
Tantas memórias rezam aquelas pedras onde tempestades se refugiam algures no meio de nada.  Mas, Dolores Marques possui uma força interior que  a empurra ao subir montanhas e atravessar vales. É verdade que a vida não é um mar de rosas, mas enquanto peregrinamos neste mundo, devemos fazer o possível para cultivar essas  rosas.  E… Dolores  tem o condão de cultivar rosas nos espinhos que sangram no  calvário da vida. 
 Nenhuma barreira é intransponível , se estivermos dispostos a lutar contra ela.   Dolores Marques lutou.   Lutou   com fé na sua caminhada.  Refugiou-se,   talvez, nos montes sozinha, para se esconder dela própria. Bebeu,   de certo, os soluços que a libertavam dos  molhos que a perturbavam.  Nas colinas varridas pelo vento, viu o sol tornar-se neblina nas cinzas das horas…Mas, também viu os dias com o brilho das esmeraldas nas nascentes das fontes.    Agarrada a esse brilho, Dolores ganhou raízes na sua cidade,  relembrando  a serra, pensando na casa onde cresceu, nas árvores que trepava, nas poeiras que na mente escrevia, nas águas do Paiva onde se banhava…

A saudade leva-a de volta àquele chão, várias vezes por ano.  Precisa relembrar os seus  tempos de infância. Precisa comer fruta arrancada das árvores, ouvir o uivo dos ventos, esconder-se nos milheirais,  olhar o doirado das espigas, deixar-se embalar com o cântico dos melros, amar os animais do campo e as aves do céu, segredar pensamentos a heróis e heroínas esculpidos nos altares de pedra onde o invisível fala…

Dolores é uma  vencedora.   Depressa sepultou o  inconformismo que trazia na bagagem feita de cartão   na correnteza do Tejo. Arregaçou as mangas e lutando com as armas do seu trono  singrou  na vida com determinação e mérito!  
Mulher coragem. Mulher determinada. Sensível, afável, justa, amiga…  Mulher que continua a acordar na sua cidade com o uivo dos ventos que ao longo da vida a irá acompanhar sempre, esteja ele onde estiver: quer seja,  abraçando a  sua  serra e o seu rio Paiva,  quer seja,  perdendo-se  nas águas do rio Tejo…
Dolores sabe que há uma razão que nos chama à vida, que para além do visível é preciso acreditar…E ela acredita nas madrugadas pintadas  de musgo  e na magia das canadas estreitas que ela tem que trilhar.  Acredita  num Ser Invisível   que  a ouve em silêncio…num lugar qualquer… em qualquer ponto…que brilha no Infinito… 
Amanhã será outro dia  e mesmo que as folhas ameacem cair dos montes, Dolores irá  prosseguir , escrevendo numa folha de papel  a continuação da história da sua vida. Ela   a personagem principal,  que sabe,    que o futuro pertence a todos aqueles que crêem na força dos seus sonhos…
Obrigada, Dolores! Obrigada,  pela Mulher, Mãe, Avó , Amiga que és! Que o elástico que te suporta te mantenha sempre em equilíbrio.  É  o meu ardente desejo. 

Por Celeste Almeida

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