quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Gestos

Os dias parecem-me todos iguais, menos os Natais. Ou será o contrário? Os Natais sempre iguais, e os dias desirmanados, aconselham a que se sobreviva a todos os contrários?
É esta longa caminhada que sem saber onde acabar, despropositada, arrasta atrás de si, uma longa espera.
É este rebuliço que rompe todas frentes, e todas as frentes são as mesmas, sem começo e sem fim.
É este continuado posto, a parar as horas, a determinar os dias Natais e os dias normais.
E é tudo carimbado, selado, organizado em prol de todos os que não têm Natais.
Mas, e os dias indeterminados, as horas mortas por detrás de um relógio antigo?
Antigos são também todos os gestos a precisar renovar os traços das palmas das mãos.



Dolores Marques

Sem comentários: