quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O absurdo caiu sobre a Torre de Babel

ninguém me diz
que mundo é este
que tempestades
estão para chegar
quantos ventos
irão tardar

esta brisa
já não me toca
como dantes
no meu corpo
ainda à espera
da última viagem

estarei pronta
mas já não sei
onde ficaram
os meus olhos
nem mesmo
do seu último
sacramento

sei que se abriram
ao novo céu
que baixou à terra
consumindo tudo
até à última bolha de ar

lembro de muitas
noites acordada
mas não saciada
por esse silêncio
onde enterrei
alguns segredos
bem fundo
era esse lugar

nem sei como
cortar a corrente
ao mergulhar
e nadar nua
sem me sentir sua

é como
um rio parado
sufocado
até consumido
pelos ventos
que tardaram
mas chegaram
finalmente
ao centro
do epicentro

o ponto mais alto
onde me encontro

já ninguém me diz
como recuar
ninguém me fala
de outros mundos
de novos sonhos
agora tudo é
confusão
baralhação
desilusão
a continuação
do nada

o absurdo caiu
sobre a torre de babel

1 comentário:

Arnoldo Pimentel disse...

Muito bom seu poema, parabéns.