sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Fome






Alimentam-se do meu corpo
Os senhores da morte
Trazem com ela
Todos os escombros
Duma só noite

Mas há noites lendárias
Para os filhos da miséria
Têm ruínas na alma
De tanto ajoelhar no chão
Em busca de pão

Seriamente vos digo
Que gosto de pão de mistura
Cozido num forno a lenha
Mas quem disse 
Que a lenha arde sem fogo?

Tenho um forte apego
À terra, ao rio, ao mar e ao céu
Mas dizem que a fome é negra
A mais ousada criatura
A criar filhos na noite

Destituídos dos seus modos
Excomungam os meus sonhos
E que voltarão sempre
Que houver miséria humana
A desonrar a sua castidade


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