quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Tudo é silêncio

 Quero do fruto proibido
A desordem natural
Espero a vida num labirinto
Mas não vejo a entrada
Não vislumbro uma saída

Bebo da fonte
Todas as vontades
Sacio o meu desejo impuro
Mato a minha sede agreste

O extermínio
É a força dominadora
Ouve-se o último tinir do vento
Na revolta do meu corpo
Não sinto a minha alma

O frio é agora um manto seco
Agruras de outros tempos
A sua incompleta figura
Calou-me
Amortalhou-me
Sufocou-me

Segui numa eterna procura
Fui calamidade na noite
Agora tudo é folhagem dispersa
Tudo é silêncio
Tudo é nada

A madrugada chega flamejante
E com ela
Andrajo
Pedinte
Andarilho pelo tempo

Pinta grafitis nas paredes
Agitam-se sombras loucamente
Inicia-se a fuga
Junto ao ventre imaturo

O desejo escorre
Como restos de pingos de chuva nas vidraças
No rio afogou-se o último suspiro da noite
Tela: DM = MD

1 comentário:

Filipe Campos Melo disse...


A ordenada desordem do tempo
E as suas cambiantes

Em redundantes círculos
Em progressiva demolição

"Segui numa eterna procura
Fui calamidade na noite
Agora tudo é folhagem dispersa
Tudo é silêncio
Tudo é nada"

Um poema em vertigem
Onde o silêncio grita
na voragem dos dias

Gostei Muito

Bjo.