quarta-feira, 18 de abril de 2012

Holocausto


Imagino o mar como um potencial destino dos deuses
Imagino sim, um mar prostrado a seus pés
Imagino como será esta força dominadora
E imagino simplesmente que sou onda sem ter onde rebentar

Respiro ainda, sim!
Aspiro um ar denso, poluído que se entranha
Nas entranhas todas do meu corpo

Sou onda sem ter o que abraçar
Sou maré sem ter onde se entregar
Sou simplesmente um movimento aberto a todos
Os que descem do farol mais antigo

Sim, a torre mestra que suporta um céu maior
Sim esse céu que foi mar e terra
Sim, esse céu que foi sol e lua
Sim, esse céu que foi o holocausto da humanidade
E a fez calar

Respiro ainda
Sim, e aspiro um ar salgado
moribundo
e furibundo por não saber onde se afundar

A extrema-unção dos vagabundos
Que na noite serena me namora nos dias santos
E me desflora nas noites errantes

Caminho só agora
e sou mar
e onda
e sol
e lua
e terra
Sem poiso certo
Suspensa na atmosfera densa

A extrema-unção dos vagabundos
É a chama acesa que incendeia os corpos lá fora
Lá, onde não há chão onde descansar
Lá onde a vida cessa sem cessar
Lá onde os caminhos se cruzam e delambidas bocas se fecham sem se beijar
Lá, há todo um corrimão de línguas afiadas prontas para me furar

Lá, onde os monstros choram e as lágrimas correm para o mar

1 comentário:

irene alves disse...

A sua poesia é tão boa, que é-me
sempre difícil dizer qual gosto
mais, porque todas me agradam.
Depende do tema que trata, por exemplo sobre o holocausto,mtº.bom.
Amiga tomei a liberdade de inserir
no meu http://sinfoniaesol.wordpress.com
o seu Miséria Humana que estava
há pouco na minha página do Facebook.
Como a amiga já anteriormente me
havia autorizado, mas se houver
qualquer problema,diga que eu farei
o que entender.
Um beijinho e o desejo que se
encontre bem.
Irene Alves